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"Abutre" da EDP incita Hyundai a dar mais dividendos
O fundo "abutre" que avançou recentemente com um plano estratégico para a EDP, enquanto acionista, está agora a pressionar a Hyundai, propondo a entrega de largos dividendos.
O Elliot Management, o fundo conhecido por "abutre" da Argentina, está a insistir para que o grupo Hyundai entregue mais de 6 mil milhões de dólares em dividendos. Esta manobra no grupo automóvel é conhecida cerca de uma semana após o fundo ter apresentado um plano estratégico para a EDP, defendendo a venda de mais de 7 milhões dos ativos da elétrica portuguesa.
"Acreditamos firmemente que deve ser feito mais para corrigir a sobre-capitalização da empresa", defende o Elliott na carta dirigida aos acionistas da Mobis, uma subsidiária do grupo Hyundai. "A recompra de ações deve ser acompanhada de um pagamento de dividendo extraordinário de forma a reduzir o balanço de caixa para um nível responsável".
A Hyundai apresentou um balanço de caixa líquido de 7,4 biliões de won (5,8 mil milhões de euros), ficando acima das empresas pares em cerca de 4 a 6 biliões de won. O fundo pretende assim distrubuir mais de metade do dinheiro em excesso, o que se traduz num dividendo equivalente a cerca de 12% da avaliação bolsista da empresa.
O fundo Elliott detém uma participação qualificada, de 2,9%, no capital da EDP. Na Hyundai, faz-se representar no conselho de diretores de duas das subsidiárias do grupo.
Representantes da Hyundai preferiram não comentar as intenções do fundo liderado por Paul Singer. Contudo, Singer já conta uma vitória dentro desta empresa: conseguiu, no ano passado, impugnar um plano de restruturação do grupo automóvel alegando que as alterações propostas não serviam os interesses dos acionistas.
Por cá, o fundo Elliott defende que a EDP Brasil é um "negócio atraente", e acredita que a venda podia gerar 2,3 mil milhões de euros. A venda de 49% da operação de distribuição na Península Ibérica faria sentido para "tirar partido de uma procura significativa por parte de investidores em infraestruturas" de ativos regulados. A alienação desta fatia minoritária podia valer 3,6 mil milhões de euros, segundo o plano. Por fim, o fundo "abutre" considera que a EDP se deve concentrar no mercado das energias renováveis. Por isso, acha que devia vender os ativos térmicos ibéricos. A alienação, segundo as contas do Elliott, deveria render 1,7 mil milhões de euros que podiam ser aplicados em energias verdes.
Em reação ao Elliott, a EDP emitiu um comunicado onde agradece a contribuição da Elliott, acionista com 2,29% do capital da empresa, e promete "analisar cuidadosamente as suas propostas", que foram hoje divulgadas ao mercado.