O presidente da China, Xi Jinping, apelou a líderes de multinacionais para combaterem o protecionismo, procurando aproveitar a crescente reação às tarifas impostas pelos Estados Unidos para promover o país como um parceiro de confiança.

"Alguns países estão a construir um pequeno quintal com vedações grandes, erguendo barreiras tarifárias, politizando assuntos de foro comercial, usando-os como ferramentas e como armas", afirmou, num encontro de alto nível, esta sexta-feira, no Grande Palácio do Povo, em Pequim, com um grupo de aproximadamente 40 líderes de multinacionais estrangeiras, de diferentes setores, como a Blackstone, AstraZeneca, Standard Chartered, FedEx, Saudi Aramco, Toyota, Mercedes-Benz, HSBC ou Hitachi, embora sem nomear os Estados Unidos.

"Espero que partilhem as vossas visões sensíveis e tomem medidas para combater as regras retrógradas e os jogos de soma zero", declarou, citado pelas agências internacionais.

"Precisamos de trabalhar juntos para manter a estabilidade das cadeias globais da indústria e de abastecimento, que são um importante garante do desenvolvimento saudável da economia mundial", reforçou, salientando que as empresas estrangeiras contribuem com um terço das importações e exportações da China, representam um quarto do valor acrescentado da indústria e um sétimo das receitas fiscais, sendo responsáveis por mais de 30 milhões de empregos.

Os comentários de Xi fazem parte de uma campanha para cortejar investidores, numa altura em que a desaceleração do crescimento e a escalada das tensões políticas prejudicam a atração da segunda maior economia do mundo, com o investimento estrangeiro a cair, no ano passado, para mínimos de mais de três décadas. 

"Nos últimos anos, o investimento estrangeiro na China também sofreu com a interferência de fatores geopolíticos (...) Costumo dizer que apagar as luzes dos outros não nos torna mais brilhantes", realçou.

E, neste contexto, acenou às multinacionais com estabilidade. "Estamos a proporcionar um ambiente político transparente, estável e previsível", apontou, enfatizando que "abraçar a China é abraçar oportunidades", prometendo maior abertura: "A China vai continuar a ser terra fértil para o investimento estrangeiro por muito tempo", garantiu, em declarações reproduzidas pelo South China Morning Post.

Segundo a Reuters, face ao encontro que promoveu em 2024, a lista de convidados mais do que duplicou, além de que, ao contrário do ano passado, desta feita, Xi Jinping permitiu que os jornalistas entrassem na sala para acompanharem a sua declaração final.