Notícia
UE está a pagar "preço elevado" por "falta de coragem" para reformas atempadas, diz ex-presidente da ERSE
Para o antigo presidente do regulador da energia e atual presidente da Newes -- New Energy Solutions, a atual crise energética que a Europa atravessa, agravada pelo conflito na Ucrânia, dado o papel preponderante da Rússia na exportação de gás natural, "estava anunciada", porque o mercado "está disfuncional".
06 de Abril de 2022 às 12:37
O antigo presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), Jorge Vasconcelos, defendeu esta quarta-feira que a União Europeia está a pagar um "preço elevado" pela "falta de coragem" e "vontade" para introduzir atempadamente as reformas necessárias no mercado energético.
"Estamos a pagar um preço elevado pela falta de coragem, pela falta de vontade para introduzir a tempo as reformas necessárias", afirmou Jorge Vasconcelos, referindo-se ao funcionamento dos mercados de eletricidade e gás natural na União Europeia (UE), durante a sua participação na conferência "A Energia no novo mapa geopolítico", promovida pela agência Lusa, onde participaram também o presidente executivo (CEO) da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, e o CEO da GreenVolt, João Manso Neto.
Para o antigo presidente do regulador da energia e atual presidente da Newes -- New Energy Solutions, a atual crise energética que a Europa atravessa, agravada pelo conflito na Ucrânia, dado o papel preponderante da Rússia na exportação de gás natural, "estava anunciada", porque o mercado "está disfuncional".
Segundo Jorge Vasconcelos, a UE "aumentou voluntariamente a sua dependência energética da Rússia", o que "foi muito infeliz", "imprudente" e "não era necessário em todos os vetores", sobretudo não no carvão nem no petróleo.
Relativamente ao gás natural, os três participantes defenderam que terá um papel preponderante na transição energética, pelo menos até 2030, mas Jorge Vasconcelos considerou que há "um erro conceptual na forma como tem sido gerido".
"Esta situação [Ucrânia-Rússia] veio revelar com muita crueza défices que existiam no funcionamento dos mercados de energia", disse o presidente da Newes, acrescentando esperar que a atual crise energética "seja o que faltava para que os decisores políticos assumam de uma vez por todas reformas estruturais profundas nos mercados da UE", que garantam "preços razoáveis" e "segurança" de abastecimento.
Para isso, a UE deve "finalmente, falar a uma só voz" e não "comprar gás natural como quem compra vacinas", mas sim repensar os mercados de eletricidade e gás natural que estão disfuncionais e "estabelecer relações políticas de médio e longo prazo", nomeadamente com países do Médio Oriente e África, fazendo um esforço diplomático complementar para poder competir com a China nesses mercados.
Por seu turno, o CEO da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, apontou que as medidas que a Comissão Europeia tem em cima da mesa, são, para já, "o salve-se quem puder, dentro de um quadro de arrepiar do caminho estratégico para o qual a Europa acordou e que vai levar tempo".
Já para João Manso Neto, neste contexto as energias renováveis surgem com um peso maior, mas é preciso "perceber porque não crescem mais". Para o CEO da GreenVolt, há burocracia associada à implementação de renováveis que deve ser reduzida, para que se reduza também o seu tempo de implementação.
"Estamos a pagar um preço elevado pela falta de coragem, pela falta de vontade para introduzir a tempo as reformas necessárias", afirmou Jorge Vasconcelos, referindo-se ao funcionamento dos mercados de eletricidade e gás natural na União Europeia (UE), durante a sua participação na conferência "A Energia no novo mapa geopolítico", promovida pela agência Lusa, onde participaram também o presidente executivo (CEO) da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, e o CEO da GreenVolt, João Manso Neto.
Segundo Jorge Vasconcelos, a UE "aumentou voluntariamente a sua dependência energética da Rússia", o que "foi muito infeliz", "imprudente" e "não era necessário em todos os vetores", sobretudo não no carvão nem no petróleo.
Relativamente ao gás natural, os três participantes defenderam que terá um papel preponderante na transição energética, pelo menos até 2030, mas Jorge Vasconcelos considerou que há "um erro conceptual na forma como tem sido gerido".
"Esta situação [Ucrânia-Rússia] veio revelar com muita crueza défices que existiam no funcionamento dos mercados de energia", disse o presidente da Newes, acrescentando esperar que a atual crise energética "seja o que faltava para que os decisores políticos assumam de uma vez por todas reformas estruturais profundas nos mercados da UE", que garantam "preços razoáveis" e "segurança" de abastecimento.
Para isso, a UE deve "finalmente, falar a uma só voz" e não "comprar gás natural como quem compra vacinas", mas sim repensar os mercados de eletricidade e gás natural que estão disfuncionais e "estabelecer relações políticas de médio e longo prazo", nomeadamente com países do Médio Oriente e África, fazendo um esforço diplomático complementar para poder competir com a China nesses mercados.
Por seu turno, o CEO da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, apontou que as medidas que a Comissão Europeia tem em cima da mesa, são, para já, "o salve-se quem puder, dentro de um quadro de arrepiar do caminho estratégico para o qual a Europa acordou e que vai levar tempo".
Já para João Manso Neto, neste contexto as energias renováveis surgem com um peso maior, mas é preciso "perceber porque não crescem mais". Para o CEO da GreenVolt, há burocracia associada à implementação de renováveis que deve ser reduzida, para que se reduza também o seu tempo de implementação.