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Skizo apresenta protótipo de biopele feita a partir de borras de café da Delta

Startup portuguesa desvendou protótipo de uma espécie de couro produzida a partir de borras de café, fruto de uma parceria com a Delta, durante a Web Summit.

Andreia Coutinho, cofundadora da Skizo.
Andreia Coutinho, cofundadora da Skizo
15 de Novembro de 2023 às 20:41
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A Skizo, uma marca portuguesa que alia a inovação tecnológica ao impacto ambiental, apresentou esta quarta-feira, na Web Summit, um protótipo de biopele, uma espécie de couro, concebido a partir de borras de café da Delta, que pode servir indústrias tão distintas como a têxtil ou a hoteleira.

"É o primeiro protótipo terminado, concluído com sucesso num tempo recorde. Não chegou a seis meses", diz a cofundadora da Skizo, Andreia Coutinho, ao Negócios.

Este protótipo feito a partir de borras de café da Delta surge na sequência do "DisrUPtion" 22/23, programa promovido pelo grupo da família Nabeiro, em que a Skizo foi um dos três vencedores.

Apesar de o protótipo de biopele ter sido concebido em tempo recorde, Andreia Coutinho reconhece ser difícil calcular exatamente quando é que pode estar disponível no mercado: "Ainda não sabemos, isto leva sempre tempo. Considerando que "o mais difícil será sempre a nível de prototipagem e de laboratório, talvez dentro de seis meses seja possível", mas "em 2024 de certeza absoluta".

É que, antes de mais, falta definir em que produto apostar. "A fase seguinte será então decidirmos qual o produto que vamos lançar, se no seguimento ou na linha da Skizo ou completamente diferente". "Estamos abertos a qualquer sugestão", diz a cofundadora da startup que tem trabalhado em parceria com o Grupo Nabeiro que, além de fornecer a matéria-prima, neste caso as borras de café, financia, através da Delta Ventures os testes ao nível da prototipagem e de laboratório.

"Falta então vermos o que fazer com esta biopele. Podemos dar vários acabamentos e diferentes toques. Pode dar para a indústria da moda, seja para calçado, roupa ou outros acessórios, e talvez até para hotelaria, para toalhas ou toldos de café, por exemplo, sublinha a cofundadora da Skizo.

Andreia Coutinho destaca a mais-valia da transformação de borras de café do ponto de vista ambiental, princípio subjacente à própria empresa, já que, além de uma solução para este resíduo, a sua recolha permite evitar as consequências de serem deixadas ao ar livre, dado que "na sua decomposição produz-se metano em níveis muito elevados".

A Skizo - que pretende então transformar os resíduos da Delta num outro recurso, à semelhança do que tem vindo a fazer com plástico e redes de pesca recolhidas do oceano - deu a conhecer a "grande novidade" pela primeira vez ao público esta quarta-feira durante a Web Summit, depois de as amostras terem "chegado mesmo a tempo".

Ao contrário de outras startups, a Skizo, que é presença habitual na Web Summit desde 2018, não marcou presença em busca de financiamento para o novo produto. "Neste contexto da biopele, como estamos com a Delta Ventures, o que queremos não é investimento, mas antes aproveitar o 'boom' mediático, a oportunidade de 'feedback' e de 'networking' que acontece sempre após a Web Summit", explica Andreia Coutinho, uma "habitué" no evento, com base em experiências anteriores que remontam, aliás, à génese da Skizo.

"Na primeira vez, em 2018, viemos só com uma ideia, mas o 'feedback' foi fantástico e tivemos de dar literalmente corda aos sapatos. Em março de 2019 começámos as vendas para todo o mundo apenas com um 'design' para sapatilhas", recorda.

A Skizo só conta atualmente com os dois fundadores a tempo inteiro, operando "sempre com parceiros", que vão desde as fábricas a ateliês locais para a confeção dos produtos, "também para diminuir a pegada ecológica", com um catálogo que inclui calçado, peças de vestuário ou acessórios, a partir de aproximadamente 16 toneladas de plástico retirados do fundo do mar, cuja área limpa, graças à Skizo, equivale à dos distritos do Porto, Setúbal, Leiria e Lisboa, de acordo com Andreia Coutinho.

Loja física nos planos

Atualmente, a Skizo vende os seus produtos exclusivamente online, através do seu "site", mas a empreendedora não esconde o desejo de ter um espaço físico com uma montra: "Ainda só estamos à venda online, embora tenhamos alguns produtos já, por exemplo, na loja do Oceanário, como 'tote bags' ou óculos de sol, mas de futuro queremos estar numa loja física, numa 'concept store' ou algo do género".

A Skizo, com uma faturação na ordem dos 300 mil euros desde o início da atividade, exporta sensivelmente 60% do que produz, a maioria para Europa, mas também para Brasil e Estados Unidos.





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