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Rui Nabeiro foi sempre um pioneiro e inovador no modelo de negócio. O neto, Rui Miguel Nabeiro, seguiu-lhe o exemplo e tem levado o grupo, e particularmente a Delta Cafés, a novos caminhos.
O administrador afirma, em entrevista ao Jornal de Negócios que o grupo quer "continuar a ter um papel ativo na construção de valor para a sociedade, contribuindo para a adoção de comportamentos mais responsáveis (…). Um caminho de sustentabilidade é por isso prioritário para o grupo e para todas as suas marcas". E adianta: "A sustentabilidade está no nosso ADN e trabalhamos continuamente para a conciliação entre o modelo de crescimento económico e o modelo de sustentabilidade de todas as nossas empresas, de forma a assegurar o desenvolvimento sustentado do nosso negócio."
A Delta anunciou em maio de 2019 o lançamento da cápsula Delta Q eQo, elaborada a partir de materiais 100% naturais, renováveis e totalmente isenta de plástico. O consumidor tem reagido positivamente?
A reação dos consumidores tem sido muito positiva. Um dos aspetos em que também investimos foi na disponibilidade deste produto ao preço mais competitivo possível.
No site Delta Q, o preço de venda do eQo é 3,99€, em linha com a gama de especialidades da marca. A Delta Q procurou manter, para este blend, um preço semelhante às restantes cápsulas, apesar do grande investimento de investigação inerente a este desenvolvimento.
Qual a percentagem de cápsulas biodegradáveis que a Delta tem neste momento e em quantos blends?
De momento trata-se apenas de um blend específico: o Delta Q eQo. No entanto, continuaremos a procurar as melhores e mais inovadoras soluções e materiais para que até 2025 estejamos em condições de passar toda a gama para materiais 100% orgânicos, mantendo a qualidade do nosso produto e a eficiência do nosso serviço.
Como é feita a recolha das cápsulas? Há recipientes especiais nos pontos ReciQla?
Até 2023, todos os municípios serão obrigados a ter recolha seletiva de resíduos orgânicos. Isto significa que em alguns municípios já é possível fazer a separação destes resíduos. Gradualmente estes sistemas estender-se-ão a todo o país. De qualquer forma, é possível que venham a ser desenvolvidos esforços por diversas entidades, com os quais a Delta se dispõe, desde já, a colaborar, para estabelecer um sistema de recolha específico deste tipo de cápsulas, facilitando o seu tratamento posterior.
A Delta Q tem um sistema próprio de recolha seletiva de cápsulas e tratamento destes resíduos: ReciQla. Esta recolha pode ser feita nas lojas Delta Q (Saldanha, Avenida da Liberdade ou Mercado do Bolhão no Porto), nos 24 departamentos da Delta em Portugal e através das entregas da loja online mydeltaq.com.
Já houve evolução na investigação para prolongar a validade destas cápsulas (90 dias)?
Para a Delta Q é crucial garantir que, ao longo de todo o prazo de validade, o produto cumpra com as especificações previstas na lei e os rigorosos padrões de qualidade Delta.
Neste momento, devido às características particulares do novo material 100% orgânico, conseguimos que as cápsulas eQo disponíveis no mercado tenham uma validade de seis meses.
Outro projeto lançado pelo grupo Nabeiro foi a NÃM by Delta, com base na ideia do jovem empreendedor belga Natan Jacquemin. Como está esse projeto?
O NÃM – From Waste To Taste, é um projeto de economia circular que consiste em dar uma nova vida à borra do nosso café. O processo baseia-se na recolha controlada da borra de café nos nossos clientes e na sua utilização para a produção sustentável e consciente de cogumelos na cidade de Lisboa, que posteriormente serão vendidos a esses mesmos clientes onde fomos recolher a borra, completando um círculo perfeito. Nasceu assim a primeira Urban Mushroom Farm da cidade de Lisboa, que já está a produzir os primeiros cogumelos.
E como se processa a recolha das borras de café, a produção e a venda dos cogumelos? É só para o Horeca ou também para o consumidor final?
A borra de café é recolhida pela Delta Cafés junto dos seus clientes, tentado maximizar a eficiência operacional já existente. Terão de ser garantidos alguns procedimentos simples de qualidade e higiene, pelo que os recipientes serão fornecidos pela marca.
Os cogumelos são em grande parte vendidos a restaurantes, mas também temos os cogumelos presentes em alguns mercados lisboetas, para qualquer tipo de comprador.
Os dois kits de produção para o consumidor final serão disponibilizados e comercializados na loja online – nammushroom.com/ collections/shop – e ainda numa série de pontos de venda.
A Delta Cafés anunciou também um protocolo com a Associação de Produtores de Café dos Açores. Quando espera poder vir a comercializar café dos Açores?
Quando estabelecemos o protocolo em 2019 estávamos conscientes de que este é um projeto a longo prazo. Por isso, a duração do mesmo é de 15 anos.
Temos vindo ao longo dos últimos dois anos a desenvolver um trabalho profundo com a APAC, em colaboração com os nossos parceiros externos do ICP, no sentido de avaliarmos e melhorarmos todos os aspetos envolvidos na produção, transformação e comercialização de café dos Açores.
Neste momento, está a decorrer a terceira fase estabelecida no protocolo e que abrange diversas áreas. Em síntese, a cooperação está a correr muito bem e estão a ser dados todos os passos necessários para que dentro de três a cinco anos existam condições viáveis para que o café dos Açores entre em força no mercado.
Outro compromisso assumido foi garantir que, até 2025 a totalidade da sua frota automóvel comercial Delta Cafés será composta por veículos elétricos. Qual a percentagem elétrica da frota?
O processo de renovação progressiva da frota comercial da Delta Cafés está a decorrer. Em Lisboa, todas as viaturas comerciais são elétricas, integrando uma frota que conta, atualmente, com cerca de 150 veículos elétricos. Já estamos também com veículos comerciais em Évora e Setúbal.
Que outras medidas sustentáveis tomou a empresa em termos ambientais (redução do consumo de energia e água, etc.)?
Estamos comprometidos na contínua aplicação de práticas empresariais ambientalmente sustentáveis, investindo no desenvolvimento de novas tecnologias e trabalhando para reduzir o impacto ambiental das nossas operações através da otimização dos processos fabris.
Estamos empenhados em melhorar a eficiência das nossas operações, através da instalação de painéis solares fotovoltaicos e da redução de energia proveniente de combustíveis fósseis. Na nossa fábrica, a Novadelta, 100% do nosso consumo energético é verde, ou seja, o consumo energético da fábrica é 100% proveniente de formas limpas e renováveis de energia.
A promoção interna e externa do ecodesign e a circularidade dos materiais é algo em que também estamos empenhados, nomeadamente através da reutilização dos nossos resíduos na unidade fabril Novadelta – (exemplo) a cascarilha do café (pele do café que se liberta no processo de torra) é recolhida por uma empresa de produção de fertilizantes.O administrador do grupo Nabeiro - Delta Cafés salienta que "de forma estruturada, investimos no recrutamento de pessoas qualificadas e na capacitação dos nossos colaboradores. A sua valorização e bem-estar pessoal é uma prioridade para nós e é por isso que a gestão de rosto humano continua a ser um dos fatores distintivos da nossa cultura empresarial. A nossa cultura de proximidade e de valorização de talento é prova disso mesmo, além disso trabalhamos continuamente para a promoção da saúde, segurança e bem-estar".
A empresa é a primeira certificada no sistema de gestão da qualidade, a esta certificação seguiram-se outras na área de segurança alimentar, ambiente, segurança, qualidade e saúde no trabalho, e mais recentemente a certificação para a conciliação da vida profissional, pessoal e familiar.
"Assumimos também o compromisso de contribuir para uma cidadania responsável nomeadamente através do trabalho contínuo da Associação de Solidariedade Social do Grupo Nabeiro - Coração Delta, que atua em três vertentes: Educação, Saúde e Ação Social, nas comunidades onde está inserida e a nível nacional e internacional", adianta.
O grupo destaca também o apoio às comunidades com quem interage: "Priorizamos a preservação das origens assegurando a qualidade de vida da população que depende da cultura do café. Nomeadamente através da International Coffee Partners (ICP) desde 2018, da qual somos membros."