O PSD quer saber quantas inspecções o Banco de Portugal (BdP) realizou entre 1999 e 2006, a que entidades e o que dizem os relatórios elaborados pela instituição liderada por Vítor Constâncio. Esta é apenas uma parte da documentação que os social-democratas vão requer para os trabalhos da comissão de inquérito parlamentar sobre ao exercício da supervisão financeira em Portugal.

Termina hoje o prazo para os diversos grupos parlamentares apresentarem os requerimentos onde definem quem querem ouvir e que documentos precisam de consultar, para levarem a cabo os trabalhos da comissão de inquérito solicitada pelos social-democratas na sequência das polémicas em torno do BCP.

Depois de o PS já ter dito, pela voz do deputado Vítor Baptista, que está "satisfeito" com os esclarecimentos prestados na comissão de Orçamento e Finanças quer pelas entidades de supervisão, quer pelos responsáveis do banco e que por isso não tenciona chamar ninguém ao Parlamento, o PSD assume duas prioridades: ouvir António Marta, antigo administrador do Banco de Portugal responsável pela supervisão, assim como Amadeu Ferreira, actual vice-presidente da CMVM - vogal à data dos factos polémicos.

Além das duas audições consideradas "prioritárias", o PSD vai concretizar o pedido de acesso a um conjunto de documentos que considera essencial para a investigação. Entre o amontoado de papel vão estar, conforme confirmou ao Jornal de Negócios uma fonte da bancada laranja, o pedido de acesso aos relatórios das inspecções que o BdP fez às diversas entidades durante os sete anos polémicos.

Juntar-se-á a exigência de consulta à correspondências trocada pelo BCP e o BdP entre 2002 e 2004 e às actas das reuniões do conselho de administração e das Assembleias gerais do banco privado entre 2002 e 2005.

CDS e BE chamam Constâncio

Só na próxima quinta-feira se saberá quem prestará esclarecimentos na comissão parlamentar de inquérito. Ainda assim, as cartas que hoje vão ser colocadas sobre a mesa dão algumas pistas. Enquanto o CDS/PP quer ouvir Vítor Constâncio, Carlos Tavares - presidente da CMVM - e Teixeira dos Santos, o Bloco de Esquerda alarga o leque dos pedidos.

O partido liderado por Francisco Louçã vai querer chamar ao Parlamento todos os administradores do BCP com funções executivas de 2000 a 2007, o actual presidente do banco, todos os accionistas de referência, os accionistas que estiveram presentes na reunião de Dezembro de 2007 convocada pelo Governador do Banco de Portugal, Goes Ferreira e os responsáveis pela auditoria externa (KPMG).