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Programa Metamorfose quer acelerar crescimento de 50 mil PME
Associação BRP e Instituto Português de Corporate Governance apresentaram uma iniciativa de apoio e mobilização ao tecido empresarial.
A Associação Business Roundtable Portugal e o Instituto Português de Corporate Governance apresentaram esta segunda-feira o programa Metamorfose, uma iniciativa integrada de "corporate governance" que pretende mobilizar o tecido empresarial português e a sociedade, acelerando o crescimento das pequenas e médias empresas (PME) portuguesas. O programa vai permitir apoiar mais de 50 mil PME nacionais a reforçarem o seu "governance", criando condições para o seu desenvolvimento e aumento de escala.
Trata-se, em suma, de um programa "ambicioso e pragmático que irá impactar o tecido empresarial nacional, nomeadamente as PME", explicou na apresentação da iniciativa o presidente da BRP, Vasco de Mello. No fundo, frisou, o que se pretende é "que as pequenas empresas se possam transformar em médias, as médias em grandes e as grandes se transformem em empresas globais".
De acordo com este responsável, as várias empresas e entidades que se juntaram neste projeto "acreditam que Portugal deve ter maior ambição" e também que o "crescimento depende muito do que nós, empresas fazemos (…) e da nossa ambição para fazer o país crescer". Além de "contribuir para ter um Portugal capaz de valorizar e qualificar os portugueses", definiu.
Na prática, o programa Metamorfose não pretende propriamente "traçar diagnósticos mas implementar propostas completas", disse ainda. A iniciativa inclui assim um conjunto de três projetos distintos, mas complementares, que têm como propósito apoiar a profissionalização da gestão das empresas, dando-lhes escala e competitividade.
São estas as três ferramentas que o pretendem fazer: um guia de boas práticas, um "scoring" e uma bolsa de conselheiros. O programa espera atingir mais de 50 mil empresas que, conseguindo maior escala, "poderão contribuir para o desenvolvimento social do país".
"A falta de escala e o problema da baixa produtividade do tecido empresarial português são temas que Portugal debate há largos anos e urge uma mudança neste paradigma", frisou António Rios de Amorim da BRP.
De forma mais detalhada, a primeira ferramenta disponível do Programa Metamorfose consiste num Guia de Boas Práticas de Governance, que "identifica um conjunto de 68 medidas e recomendações práticas que devem ser adotadas de forma evolutiva pelas empresas tendo em vista a evolução do modelo de gestão e o reforço das estruturas de governance". Qualquer empresa vai poder aceder e consultar este guia, desde que interessada.
Outra das ferramentas que estará brevemente disponível, consiste num modelo de 'scoring' que permitirá às PME "medirem o seu grau de maturidade em matéria de governance, conhecerem os seus pontos fortes e fracos, e compararem a sua avaliação com os resultados do setor e com empresas de dimensão ou estágio de maturidade similares".
Por último, a Associação BRP constituiu uma bolsa de conselheiros, formada já por mais de 40 quadros superiores e executivos das suas empresas, que, "em pleno respeito pela lei e boas práticas da concorrência, estarão disponíveis para desafiar e apoiar as equipas de gestão das PME interessadas em participar, e trazer uma visão externa e independente", explica ainda a BRP.
Três instrumentos para dar a conhecer, medir e desafiar
Segundo a Associação, nos últimos meses os vários envolvidos tomaram a iniciativa de ouvir diversos especialistas do meio académico e empresarial para ajudar a compreender as razões da falta de escala das empresas, concluindo que será necessário acelerar a profissionalização gestão das PME e robustecer as estruturas de governance para crescer.
Ana Paula Marques, administradora executiva da EDP e coordenadora desta iniciativa, explicou na apresentação como é que as empresas interessadas podem chegar a este programa: "o objetivo foi ser aberto, qualquer organização poder ter acesso até porque podem querer utilizar parte das ferramentas e outras não". Quer para ter acesso ao guia como fazer parte do "scoring" é de forma livre, adiantou.
Do ponto de vista de ter acesso à bolsa de conselheiros para ajudar na sua empresa, é uma "situação distinta: começa de um modo piloto, terá de haver um contacto da empresa à associação e depois vamos escolher; mas temos 40 conselheiros o que nos permitirá chegar a um numero de empresas significativo" logo numa primeira fase, garantiu –sendo o objetivo chegar cada vez a mais empresas.
Quanto à possibilidade de bancos e auditores virem a utilizar o scoring para avaliar e premiar as empresas, também será numa fase posterior: "no desenvolvimento do scoring a equipa de trabalho auscultou inúmeras entidades e nesta primeira fase a prioridade foi conseguir um scoring muito robusto. Não vai ser utilizado ainda para um regime de certificação mas temos imensa confiança na robustez porque foi desenvolvido auscultando vários parceiros e entidades, sendo certo que continuarão a ser desenvolvidos mais contactos para poder auferir a possibilidade de passar a uma certificação", explicou ainda Ana Paula Marques.
Sobre o alcance da iniciativa, ou o alvo de chegar a 50 mil empresas, cerca de 5% das PME em Portugal, os envolvidos acreditam que, sendo este o "primeiro passo para um novo ecossistema", não será feito de um dia para o outro e obriga a muita comunicação, uma alteração cultural e envolvimento progressivo de mais entidades; "mas pode ter um impacto brutal nas condições de crescimento no nosso país", concluiu Vasco de Mello.