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Produção de energia fóssil cai até junho mais de um terço na UE e o dobro em Portugal

A tendência de descida foi principalmente 'puxada' pelo carvão, cuja produção registou uma diminuição de 23% na UE no primeiro semestre do ano, enquanto a do gás diminuiu 13% em termos anuais.

Neste cenário, os governos pontapeiam as metas climáticas e apoiam o investimento em combustíveis fósseis, para combater a inflação e o risco de agitação social enquanto repensam o caminho para um futuro baixo em carbono.

Apercebendo-se da subida dos preços das matérias-primas e do risco de um desastre económico devido ao calendário irrealista para a transição energética, os decisores políticos dão mais importância a sustentar a economia a curto prazo do que a salvar o ambiente a longo prazo.

Durante cinco anos, os Governos aliviam a burocracia no que toca ao investimento na produção de petróleo e durante dez anos flexibilizam os processos para a produção de gás natural, para incentivar os produtores a assegurarem abastecimentos adequados e preços razoáveis, colmatando assim a lacuna entre a energia disponível no presente e a energia limpa prevista para o futuro.
Pedro Brutt Pacheco
30 de Agosto de 2023 às 13:54
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A produção energética com base em combustíveis fósseis caiu, no primeiro semestre deste ano, 17% na União Europeia (UE), atingindo o valor mais baixo desde 2000, com Portugal a registar uma redução superior a 30%, foi divulgado esta quarta-feira.

Os dados são do grupo de reflexão focado em energia limpa Ember e revelam que "a produção de energia fóssil na UE registou uma descida acentuada no primeiro semestre de 2023, caindo 17%, -86 TWh [terawatt-hora], em comparação com o mesmo período de 2022".

Assim, a produção de energia com base em combustíveis fósseis de janeiro a junho na UE foi "a mais baixa desde, pelo menos, 2000, com 410 TWh", segundo esta organização, que destaca que a queda anual foi generalizada em toda a Europa e equivalente a "mais de 30%" em cinco Estados-membros, entre os quais Portugal, Áustria, Bulgária, Estónia e Finlândia. Em 11 países, a redução foi de pelo menos 20%.

A tendência de descida foi principalmente 'puxada' pelo carvão, cuja produção registou uma diminuição de 23% na UE no primeiro semestre do ano, enquanto a do gás diminuiu 13% em termos anuais.

"Em maio, o carvão estabeleceu um recorde ao gerar menos de 10% da produção de eletricidade da UE pela primeira vez", assinala a Ember.

De acordo com este grupo de reflexão, "a queda dos combustíveis fósseis deveu-se principalmente a uma queda significativa da procura de eletricidade devido aos preços persistentemente elevados do gás e da eletricidade, à redução da produção industrial e às medidas de emergência durante o inverno", adotadas ao nível comunitário.

"Para ter em conta a recuperação da procura e, ao mesmo tempo, garantir que a transição energética continue no bom caminho, a UE deve acelerar a implantação de energias limpas, com especial destaque para a eliminação dos obstáculos à integração das energias renováveis", sugere esta entidade.

Também neste período e em termos anuais, a produção de energia renovável continuou a crescer, com a solar e a eólica a subirem, respetivamente, 13% e 5%.

Em Portugal, a energia eólica e solar foi a principal responsável por mais de metade da produção total em abril e maio, indicam os mesmos dados.

Ao mesmo tempo, a produção de energia hidroelétrica recuperou dos seus mínimos históricos em 2022, ao subir para níveis médios (+11%), enquanto a de nuclear registou uma quebra de 4% e deverá melhorar ao longo do ano, embora as suas perspetivas a longo prazo sejam incertas, segundo a Ember.

No primeiro semestre deste ano, 17 Estados-membros da UE produziram percentagens recorde de energia a partir de fontes renováveis, com a Dinamarca e Portugal a ultrapassarem os 75%.

No contexto dos elevados preços da energia e das medidas de emergência, a procura de eletricidade caiu substancialmente, entre janeiro e junho, para um mínimo histórico de 1.261 TWh, abaixo mesmo do mínimo pandémico de 2020 de 1.271 TWh e o mais baixo desde, pelo menos, em 2008.

Esta queda foi responsável pela maior parte da diminuição da produção fóssil na UE.
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