Manuel Ferreira de Oliveira, presidente da Galp Energia, previu ontem que o preço do petróleo poderá voltar ainda este ano à casa dos 70 a 75 dólares o barril, isto apesar de recentemente ter ultrapassado os 100 dólares e de actualmente estar avaliado em cerca de 90 dólares.

"Se tivesse que fazer uma projecção diria que em 2008 vamos ver o preço do barril cair para 70/75 dólares" avançou o CEO da Galp em entrevista à RTP ontem à noite.

Pelos cálculos do responsável, a totalidade dos projectos de exploração no mundo deverão permitir que a oferta ultrapasse a procura, algo que resultará "numa quebra nas tensões entre compradores e vendedores". Ferreira de Oliveira calcula que ao longo de 2008 a oferta deverá crescer em torno dos 3 milhões de barris por dia, ao passo que a procura deverá aumentar em um milhão de barris por dia.

Ferreira de Oliveira ao longo da entrevista também sublinhou a importância do preço do petróleo para a economia portuguesa, apontando que "com um consumo de 100 milhões de barris por ano", os consumidores portugueses perdem 100 milhões de dólares por cada dólar que o preço do barril sobe e "mil milhões de dólares caso o preço suba 10 dólares".

O CEO da Galp também apontou que a empresa portuguesa, apesar de ainda não ter fortes indícios, tem a "convicção" que irá encontrar petróleo em Portugal, tendo avançado que irá investir cerca de 80 milhões de euros na exploração ao largo de Peniche, num consórcio onde a Galp detém 30%.

Sobre a conjuntura internacional, Ferreira de Oliveira salientou a instabilidade que se vive na Nigéria – "que não permite antecipar qual vai ser a produção diária" – e as várias questões relacionadas com o Irão, Iraque e Venezuela, que, diz "causam preocupação no mercado".

O resultado das eleições nos Estados Unidos da América, será outro factor a ter em conta para a evolução do preço do petróleo, defende o CEO da GALP, já que "é à volta desta economia que se acaba por definir o preço do petróleo". "A política que os EUA têm tido para o Médio Oriente e, no seu relacionamento com outros países produtores, condiciona muito a evolução do preço do petróleo" afirmou ainda.