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Pescanova reúne administração para apresentar contas e concretizar valor da dívida
O Conselho de Administração da espanhola Pescanova reúne-se na quinta-feira para dar a conhecer as contas referentes a 2012 e concretizar o valor actualizado da dívida da empresa, exactamente um dia antes do prazo limite dado pelo regulador.
A Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) deu um prazo à empresa até esta sexta-feira para que apresente as contas finais referentes a 2012, cuja apresentação foi adiada depois de a empresa anunciar a renegociação da sua dívida.
Este será o segundo Conselho de Administração da empresa para analisar as contas finais e, em detalhe, o passivo actualizado da Pescanova, para que possa depois começar a renegociar a dívida com os credores.
A dívida real da empresa pode superar os 2.500 milhões de euros, ou cinco vezes o seu património, que rondaria os 500 milhões de euros, com possíveis irregularidades através de outras empresas, segundo a imprensa espanhola.
No mês passado o jornal “El Economista”, citando fontes próximas da empresa, escreveu que o presidente da Pescanova, Manuel Fernández Sousa, terá "ocultado dados" até aos restantes elementos do Conselho de Administração.
"Os activos da empresa não permitem cobrir o passivo. Existe uma diferença entre 500 e 800 milhões", referem as fontes consultadas.
O jornal explica que, nos últimos anos, a Pescanova terá usado "uma rede de sociedades opacas, que em muitos casos nem sequer eram auditadas, mas que ocultavam parte da dívida".
A Pescanova já admitiu ao regulador que poderá existir uma discrepância "significativa" entre a sua contabilidade e a dívida reclamada pela banca.
Cerca de 1,6 mil milhões de euros que constituem a dívida pertencem à holding do grupo de pescas galego, estando actualmente a ser constituída uma comissão directora para negociar com a Pescanova que deverá incluir o Bankia, CaixaBank, Banco Popular, Sabadell, RBS e o Deutsche Bank.
Para conseguir liquidez, a Pescanova realizou em Março de 2010 uma emissão de obrigações convertíveis em acções, no valor de 110 milhões de euros, com vencimento a cinco anos e, em Abril de 2011, concluiu entre os investidores qualificados e institucionais uma outra emissão também de obrigações convertíveis no montante de 180 milhões de euros, que vence a 17 de Abril de 2017.
Actualmente, a Pescanova aguarda pela venda do negócio de aquacultura, o qual tem registado "avultados prejuízos" devido à grande oferta de salmão que levou à queda do seu preço, disseram fontes que pediram o anonimato.