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Montenegro admite apresentar moção de confiança
Luís Montenegro, a propósito da empresa familiar Spinumviva, diz que não praticou nenhum crime, mas diz que não fica no Governo "qualquer custo".
Luís Montenegro desafiou este sábado, numa comunicação ao país, a oposição a clarificar a sua posição em relação ao Governo e deixou no ar a possibilidade de apresentar uma moção de confiança.
"A crise política deve ser evitada, mas pode ser inevitável", avisou. E deixou o desafio à oposição: "Insto daqui os partidos políticos representados na Assembleia da República a declarar sem tibiezas se consideram, depois de tudo o que já foi dito e conhecido, que o Governo dispõe de condições para continuar a executar o programa do Governo, como resultou há uma semana da votação da moção de censura."
Para o primeiro-ministro, "sem essa resposta, a clarificação política exigirá a confirmação dessas condições no Parlamento. O que, por iniciativa do Governo, só pode acontecer com a apresentação de uma moção de confiança."
No caso da Spinumviva, que esteve no epicentro desta crise, Luís Montenegro afirmou que se "alimentam as especulações para que o assunto nunca se encerre". É "um ciclo vicioso que muitos desejam manter", acrescentou nesta declaração sem direito a perguntas dos jornalistas.
O chefe do Governo mostrou-se "disponível para um escrutínio saudável e democrático", mas avisou que não ficará "a qualquer custo. A situação política tem de ser clarificada sem manobras táticas e palacianas." Para o primeiro-ministro, "o país precisa da responsabilidade do Governo e da responsabilidade da oposição."
Empresa passa para os filhos
A atividade da Spinumviva nada tem a ver com a política, "é trabalho puro", sublinhou o primeiro-ministro. Revelou ainda que a empresa será apenas detida, a partir de agora, pelos seus filhos.
"Relativamente à empresa familiar, ela será doravante totalmente detida e gerida pelos meus filhos. Mudará a sua sede e seguirá o seu caminho exclusivamente na esfera da vida deles", anunciou.
Antes, Luís Montenegro explicou o histórico da empresa e dos esclarecimentos que já tinha antes dado, mas lamentou que "como já se esperava, para alguns os esclarecimentos não foram suficientes. Nunca serão suficientes", lembrando que está "tudo nas declarações de interesse" e que "está em exclusividade" no cargo de primeiro-ministro.
Logo no início da declaração, depois de um Conselho de Ministros extraordinário, explicou que criou a empresa "com os filhos", garantindo que "não pratiquei nenhum crime, nem tive nenhuma falha ética." E assegurou que quando regressou à política ativa, abandonou "a advocacia e saí da sociedade de advogados que fundei pelo valor da quota com que lá entrei", deixando para "trás a clientela, a estrutura e o meu investimento de muitos anos."
Quanto à Spinumviva, indicou que a mulher e os filhos foram sócios desde o primeiro dia. E depois questionou: "Seria justo e até adequado fechar tudo, abandonar tudo, só porque circunstancialmente fui eleito presidente do PSD e agora exerço as funções de primeiro-ministro?" E acrescentou: "Deveriam os meus filhos ficar inibidos de dar seguimento ao que criaram comigo só porque eu me encontro nesta situação?"
Notícia atualizada às 20:40 com mais declarações