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Reino Unido e França vão apresentar a Trump plano para cessar-fogo na Ucrânia
À saída da cimeira internacional sobre a segurança europeia organizada pelo Reino Unido na capital europeia, a presidente da Comissão Europeia disse pretender apresentar "um plano abrangente sobre como rearmar a Europa no dia 6 de março", durante o Conselho Europeu especial em Bruxelas.
O primeiro-ministro britânico defendeu este domingo que os aliados devem continuar o apoio militar à Ucrânia e manter as sanções contra a Rússia enquanto trabalham numa "coligação" de países dispostos a integrar uma força de manutenção de paz. Numa conferência de imprensa no final de uma cimeira internacional em Londres, Keir Starmer afirmou que a comunidade internacional encontra-se "numa encruzilhada da história".
"Este não é um momento para mais conversa. É tempo de agir, de assumir a liderança e de nos unirmos em torno de um novo plano para uma paz justa e duradoura", vincou. Starmer confirmou que o Reino Unido, França, Ucrânia, juntamente com outros países que não especificou, estão a desenvolver um plano para um cessar-fogo que depois será apresentado aos Estados Unidos.
"O objetivo da reunião de hoje [domingo] era unir os nossos parceiros em torno deste esforço para fortalecer a Ucrânia e apoiar uma paz justa e duradoura para o bem de todos nós. O nosso ponto de partida deve ser colocar a Ucrânia na posição mais forte possível, para que possa negociar a partir de uma posição de força, e estamos a reforçar o nosso apoio", salientou.
Primeiro-ministro do Reino Unido
Starmer enumerou quatro conclusões, nomeadamente a manutenção do fluxo de ajuda militar e o aumento da pressão económica sobre a Rússia, além da posição de que a Ucrânia deve estar envolvida em quaisquer negociações para a paz. "Em terceiro lugar, na eventualidade de um acordo de paz, continuaremos a reforçar as capacidades defensivas da própria Ucrânia para dissuadir qualquer invasão futura", continuou.
Por fim, adiantou que vão continuar as discussões para desenvolver uma "coligação de [países] voluntários" [coalition of the willing] para defender um acordo de paz na Ucrânia. "Nem todas as nações se sentirão capazes de contribuir, mas isso não pode significar que fiquemos de braços cruzados. Os que estiverem dispostos a contribuir intensificarão o planeamento agora, e o Reino Unido está preparado para apoiar esta iniciativa com botas no terreno (soldados) e aviões no ar", enfatizou.
Starmer recusou-se a revelar quais são os outros países que vão fazer parte desta "coligação", mas adiantou que "vários indicaram que querem fazer parte". "A Europa deve fazer o trabalho pesado, mas, para apoiar a paz no nosso continente e para ser bem-sucedido, este esforço deve ter um forte apoio dos EUA. Estamos a trabalhar com os EUA neste ponto", disse.
O Reino Unido vai facilitar a compra de mais de 5.000 mísseis de defesa aérea pela Ucrânia. Keir Starmer revelou o acordo para Kiev usar 1,6 mil milhões de libras (1,9 mil milhões de euros) de apoio às exportações britânicas. Este financiamento junta-se a um acordo de empréstimo anunciado no sábado, de 2,26 mil milhões de libras [cerca de 2,7 mil milhões de euros], para apoiar as capacidades de defesa da Ucrânia suportado por receitas de ativos russos congelados.
Von der Leyen promete plano para 6 de março
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reconheceu este domingo em Londres a necessidade de dar aos Estados-membros "espaço fiscal" para investir na defesa e prometeu um plano para "rearmar" a Europa.
À saída da cimeira internacional sobre a segurança europeia organizada pelo Reino Unido na capital europeia, a presidente da Comissão Europeia disse pretender apresentar "um plano abrangente sobre como rearmar a Europa no dia 6 de março", durante o Conselho Europeu especial em Bruxelas.
Questionada sobre que tipo de contribuição financeira os 27 Estados membros devem dar para o setor da defesa, Von der Leyen respondeu: "uma coisa é certa: temos de ter um reforço".
"Temos de fazer um grande esforço. E, para isso, precisamos de um grande plano claro da União Europeia para os Estados-Membros", defendeu, referindo a necessidade de investir em escudos aéreos avançados. "Precisamos de uma abordagem europeia comum, mas os Estados-Membros precisam de mais espaço fiscal para aumentar as despesas com a defesa", reconheceu.
Presidente da Comissão Europeia
Sobre o apoio à Ucrânia, Ursula von der Leyen disse que "as garantias de segurança são da maior importância para a Ucrânia, mas é preciso garantias de segurança abrangentes". "Isto inclui a necessidade de colocar a Ucrânia numa posição de força que lhe permita fortificar-se e proteger-se, desde a sobrevivência económica até à resistência militar. Basicamente, precisamos de transformar a Ucrânia num porco-espinho de aço indigesto para potenciais invasores", descreveu.
Von der Leyen explicou que isso implica não só dar assistência a nível militar, mas também, por exemplo, ajudar na rede energética, possibilitando que "com o tempo, este seja um país forte e resistente".
Organizada pelo Reino Unido, a cimeira sobre a segurança europeia reuniu líderes da Ucrânia, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha, Noruega, Canadá, Finlândia, Suécia, Dinamarca, República Checa, Polónia, Roménia. O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, também participou, bem como o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa.
Costa diz que UE vai trabalhar com outros parceiros e aliados em plano de paz
O português considerou a cimeira internacional de Londres sobre a defesa europeia "útil e importante" e afirmou que a União Europeia (UE) quer continuar a trabalhar com outros parceiros e aliados. "Esta consulta foi muito útil e importante", disse aos jornalistas à saída do evento, agradecendo ao primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, pela organização.
Costa disse que vai agora trabalhar com todos os líderes dos Estados-Membros da UE para preparar o Conselho Europeu especial na próxima quinta-feira em Bruxelas. "A União Europeia está pronta para trabalhar com todos os nossos parceiros europeus e outros aliados no plano de paz para a Ucrânia que garanta uma paz justa e duradoura para o povo ucraniano", vincou.
No entanto, Costa também alertou que é necessário "aprender com o passado" e evitar "repetir a experiência de Minsk", uma referência aos acordos de paz fracassados de 2014 e 2015 sobre os territórios ucranianos, e também a retirada dos países ocidentais do Afeganistão, deixando os Talibã assumirem o poder. "Para isso, necessitamos de fortes garantias de segurança. A paz é um processo que anda de mãos dadas com a manutenção da paz", salientou.
Presidente do Conselho Europeu