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Patrões do Minho acusam António Costa de “propagandear pacotilhas”

“Tem sido lançado, semana após semana, por membros do Governo, em especial pelo primeiro-ministro, um conjunto de temas e propostas avulso, claramente irrefletidas, mal estruturadas e nada fundamentadas”, considera a Associação Empresarial do Minho (AEMinho).

Ricardo Costa, presidente da AEMinho.
27 de Junho de 2022 às 12:44
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Num ano em que as melhores projeções do crescimento económico não passam os 5,8%, tendo os funcionários púbicos visto já os os seus salários aumentados em 0,9%, "o Sr. primeiro-ministro veio a público declarar que os salários tinham de ser aumentados em 20%, sem explicar como esperava que isso iria impactar na produtividade das empresas, sem fundamentar, nem se quer explicar como iriam as empresas suportar esse aumento de custos", critica a Associação Empresarial do Minho (AEMinho), em comunicado.

 

Já na semana passada, "vimos o Sr. Primeiro-Ministro a alvitrar sobre a adaptação das empresas a supostas novas exigências geracionais em relação à carga laboral", sinalizou a mesma organização patronal.

 

"Com todo o respeito que nos merece, sentimos uma vez mais que era mais um ‘bitaite’. Uma vez mais, não se percebeu na proposta qualquer evidência ou fundamento e, tendo em conta a conjuntura macroeconómica do país e do Mundo, consideramos também ser mais uma proposta inoportuna no tempo e na forma", considera a AEMinho.

 

Eis porque a associação liderada por Ricardo Costa diz que tem "assistido com perplexidade à pressão que o Governo tem feito sobre a comunidade empresarial do nosso país. Tem sido lançado, semana após semana, por membros do governo, em especial pelo Sr. primeiro-ministro, um conjunto de temas e propostas avulso, claramente irrefletidas, mal estruturadas e nada fundamentadas", acusa.

 

"Consideramos insensato, imprudente e, também por isso, desajustado da função e responsabilidade de um chefe de um Governo propagandear este tipo de pacotilhas como tem vindo a ser feito semanalmente", enfatiza a AEMinho.

 

Episódios que esta associação empresarial afirma que "só podem ser entendidos como manobras comunicacionais e de marketing para desviar a atenção dos portugueses dos temas que verdadeiramente afetam o país e com enorme impacto na vida das pessoas, como o eminente colapso do Sistema Nacional de Saúde, a inflação galopante, a subida das taxas de juro, o problema recorrente do nosso sistema de ensino, a flagrante incapacidade de organização e gestão das autoridades policiais para responder ao aumento de turistas nos nossos aeroportos ou mesmo fazer esquecer os milhões de euros do erário injetados na TAP sem que haja daí um retorno efetivo para a qualidade de vida das pessoas", enumera.

 

Relativamente aos 20% de aumento dos salários que António Costa sinalizou para os próximos quatro anos, a AEMInho afirma que, "uma vez mais, de uma forma ponderada, a AEMinho respondeu com uma proposta de dividir o custo desse aumento com o Estado".

 

Ou seja, "o Estado devia comprometer-se a reduzir em 10% os impostos sobre o trabalho (realçamos que são impostos sobre o rendimento dos trabalhadores e não sobre os lucros das empresas) e as empresas comprometer-se-iam a promover esse aumento de 10% no salário médio", explica, adiantando que, "até à data não sabemos qual é a posição do Governo. Na verdade, não ouvimos nem mais uma palavra sobre este tema", realça.

 

Para a AEMinho, "é claro que dentro das responsabilidades, preocupações e reflexões de um chefe de Governo estejam a evolução do tecido empresarial ou a distribuição da riqueza. Gostaríamos, no entanto, que se o Governo entender estas matérias como prioritárias, as discuta primeiro, ouça os empresários e os trabalhadores, faça o ‘benchmarking’ que tem que fazer e depois apresente de forma ponderada propostas e tome decisões em conformidade", propõe.

 

"Os empresários e os trabalhadores não são lados opostos, são a mesma parte, estão no mesmo barco e caminham juntos para serem no seu todo o fator de desenvolvimento e prosperidade mais eficiente que uma economia pode ter", enfatiza.

 

Daí que a AEMinho apele para que "não sejam os interesses políticos a estimular divisões do trabalho ultrapassadas. A verdade é que todos estamos no mesmo processo produtivo, em funções e posições diferentes, mas com um único interesse comum, o sucesso das nossas empresas, para bem quer dos empresários, quer de trabalhadores", afirma.

 

Mostrando-se "disponíveis para, em qualquer momento, em qualquer circunstância, sermos parte de um processo de debate que seja sério e com objetivos exequíveis", ressalvam: "Não nos associaremos a quaisquer manobras de diversão ou de marketing".

 

"Esperamos que um Governo, em especial o seu líder, seja uma fonte de estabilização, um indutor de confiança e um garante de ponderação e credibilidade nas propostas que apresenta ao país", conclui a associação presidida por Ricardo Costa.

 

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