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Parque Expo vai avançar com despedimento colectivo previsto desde Fevereiro
A comissão liquidatária da Parque Expo confirmou esta quinta-feira que vai avançar com um novo processo de despedimento colectivo na empresa, tal como estava previsto no processo de liquidação aprovado em Fevereiro.
"Nos termos do referido plano de liquidação, atendendo à diminuição da actividade da empresa e o momento do encerramento da liquidação prevista para 30 de Setembro de 2016, foi deliberada a redução gradual e faseada dos recursos humanos", indicou a comissão liquidatária à agência Lusa.
Numa nota escrita enviada à Lusa lê-se que o plano de liquidação foi aprovado por unanimidade.
"Imediatamente após a realização da assembleia geral de aprovação do plano de liquidação foi comunicada e esclarecida aos trabalhadores a fundamentação da decisão de redução dos recursos humanos", indicou a comissão liquidatária, frisando que o "processo de despedimento colectivo respeita integralmente o determinado previamente pela assembleia geral de accionistas e legislação laboral em vigor".
Contudo, a comissão liquidatária escusou-se a indicar quantos trabalhadores vão ser abrangidos neste despedimento colectivo. Apesar de não haver números, o relatório e contas de 2013 revela que a empresa era composta por "98 colaboradores (97 colaboradores e um administrador)". Sendo certo que entretanto o Oceanário foi vendido.
Num documento divulgado em Março deste ano, a comissão liquidatária fez saber que na assembleia geral de Fevereiro foi ainda decidido que a venda do Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações, em Lisboa - que foi entretanto entregue a título definitivo à Universidade de Lisboa - iria servir para regularizar parte da dívida da Parque Expo ao Estado.
Foram também indicadas quatro áreas fundamentais para prosseguir o plano: alienação de património imobiliário e de participações financeiras, gestão de intervenções de requalificação urbana e ambiental, conclusão dos projectos em curso e a redução do número de recursos humanos.
Quanto ao Oceanário de Lisboa, este foi concessionado, a 15 de Julho deste ano, por um período de 30 anos, à Sociedade Francisco Manuel dos Santos, através da Fundação Oceano Azul. Segundo o anterior Governo, esta sociedade apresentou uma proposta de "mérito inquestionável" que permitirá um encaixe financeiro para o Estado de 114 milhões de euros.
Segundo o mesmo documento, depois de pagas as dívidas da sociedade, os activos de uso portuário da Marina do Parque das Nações ficarão para o Estado, sob jurisdição do Porto de Lisboa.
O documento lembrou que a transferência da Gare para a gestora da infraestrutura ferroviária Refer já foi efectivada e decidiu dar continuidade aos projectos no âmbito dos programas Polis de requalificação urbana e ambiental.
A redução do número de funcionários, lê-se ainda, deve ser "faseada, consoante as necessidades identificadas", como as actividades do programa Polis e a execução da liquidação dos activos e negócios pendentes.
Além do plano de liquidação, os accionistas da sociedade Parque Expo aprovaram também o plano de liquidação da empresa e a aplicação de resultados, prevendo-se um resultado líquido de -2,1 milhões de euros entre Janeiro e Setembro de 2014.
O balanço à data da dissolução (30 de Setembro de 2014) indicou um activo no valor de 131,4 milhões de euros, com destaque para o Oceanário de Lisboa, Pavilhão de Portugal, para os créditos a receber da Câmara Municipal de Lisboa e os lotes de terreno à venda.
O passivo atingiu o montante de 232,3 milhões de euros, sendo o capital próprio negativo de 100,9 milhões de euros.
Em Outubro de 2014, os accionistas decidiram que o processo de dissolução da empresa -- criada em 1993 para conceber a Expo'98 e a reconversão urbanística do agora denominado Parque das Nações - deve ocorrer, no máximo, em dois anos.
Nessa altura, os accionistas designaram a comissão liquidatária, que lhes deveria submeter "uma proposta de plano de liquidação no prazo de um mês", com John Michael Crachá do Souto Antunes como presidente e João Manuel Pereira Afonso como vogal.
A extinção da Parque Expo foi anunciada em 2011 pela então ministra do Ambiente, Assunção Cristas.