Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Parque Expo requalifica antiga Siderurgia e Quimiparque

Uma área de 700 hectares (ha) da antiga Siderurgia Nacional e da Quimiparque, nos concelhos do Seixal e Barreiro, vão ser alvo de uma intervenção de requalificação urbana e ambiental.

28 de Março de 2007 às 13:08
  • ...

Uma área de 700 hectares (ha) da antiga Siderurgia Nacional e da Quimiparque, nos concelhos do Seixal e Barreiro, vão ser alvo de uma intervenção de requalificação urbana e ambiental.

Três meses é o prazo definido para que a Parque Expo realize os estudos de enquadramento estratégico das zonas, segundo o Ambiente Online. Este é um importante passo para a resolução de dois dos mais importantes passivos ambientais de Portugal.

Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH), BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno, xileno), metais pesados, amónia, fenóis e cianetos foram os contaminantes encontrados no âmbito de um trabalho de investigação realizado na área da Siderurgia Nacional entre 1994-1996 pelo Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI).

«A contaminação do solo é devida essencialmente às elevadas concentrações de PAH, principalmente a nível superficial. Pontualmente, da ordem das dezenas de milhar de mg/kg e em termos médios, da ordem dos 1100 mg/kg (peso seco)», segundo os dados da equipa de investigadores do INETI, contactada pelo AmbienteOnline.

Os trabalhos de investigação na zona da coqueria da Siderurgia Nacional arrancaram em 1991, no âmbito do projecto comunitário intitulado Experimental evaluation of remediation techniques for contaminated coke oven sites.

Na primeira fase foi realizada a caracterização da contaminação de solos e na segunda a caracterização da contaminação das águas subterrâneas. O objectivo geral era avaliar possíveis técnicas de remediação de solos contaminados de coquerias. A Siderurgia Nacional constituiu assim um dos locais de estudo do projecto. Para tal foram realizados trabalhos de campo com recolha de amostras de solo e água subterrânea, para a delimitação da contaminação em área e profundidade.

Na sequência deste projecto seguiu-se um segundo projecto comunitário, de 1997 a 1999, relativo à monitorização ecotoxicológica e a técnicas de remediação (Ecotoxicological Monitoring of Sites & Assessment of Remediation Techniques), que contou com a parceria do INETI. Nesta fase, que visava estabelecer e validar um procedimento para avaliar e monitorizar a eficácia das técnicas de tratamento, integrando a química analítica e a ecotoxicologia, apontou-se como solução de tratamento a bioremediação.

No seio do projecto, esta técnica foi testada à escala piloto. «Utilizou-se o landfarming numa estufa com condições adequadas de humidade, temperatura e oxigénio. Conseguimos assim uma redução da concentração em PAH de 46% após dois meses e de 63,6 % após três meses, uma diminuição da toxicidade e um aumento das populações heterotróficas e degradadoras de PAH», segundo a equipa de investigadores. Contudo, apesar dos resultados, o projecto não chegou a avançar para um processo de descontaminação global.

Agora, a Parque Expo, em colaboração com a CISED Território, uma empresa especializada em ordenamento do território e mobilidade, vai estudar os terrenos da Siderurgia Nacional e da Quimiparque com o objectivo de proceder à sua reconversão, revitalização e requalificação ambiental e urbana. A área em causa é confinante com zonas urbanas consolidadas e necessitadas de acções de reabilitação estruturantes, pelo que, afirma fonte da Parque Expo, exige « uma intervenção urgente, quer pelo estado de degradação, quer pela dimensão e impacto que têm no desenvolvimento e competitividade das urbes onde se inserem».

Para a recuperação das duas áreas, deverá ser afectada uma fatia dos fundos comunitários mediante a apresentação de uma candidatura ao Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).

De acordo com o Instituto de Resíduos (Inr), o passivo ambiental de resíduos perigosos em Portugal é de 300 mil toneladas e está depositado em Sines, Alcanena, Barreiro e Seixal desde a década de 1950.

Na zona da antiga siderurgia, está depositado aquele que é tido como o segundo maior passivo, calculado em cerca de 70 mil toneladas. Já no parque industrial do Barreiro da Quimigal estão, segundo números do Inr de 2003, mais de 52 mil toneladas de resíduos perigosos, lamas provenientes de metalurgias do zinco. Mas é na zona de Sines que está depositado o maior passivo ambiental: 160 mil toneladas de lamas oleosas, das quais apenas uma parte começou a ser enviada no final do ano passado para co-incineração na cimenteira da Secil, em Setúbal.

Outras Notícias
Publicidade
C•Studio