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Os alertas da Moody’s sobre as PME portuguesas
A Moody’s perspectiva que as PME portuguesas terão um dos piores comportamentos da Europa. Realça a baixa taxa de sobrevivência das empresas nacionais e o elevado malparado das PME.
A Moody’s não antecipa que as pequenas e médias empresas tenham grandes melhorias em 2016. Num relatório em que analisa as empresas de seis países, a agência refere que "as pequenas e médias empresas [portuguesas] continuarão a mostrar o pior desempenho". Além de Portugal, são analisados ainda os mercados espanhol, italiano, britânico e francês. E o objectivo é medir a solidez das PME cujos créditos concedidos pela banca foram vendidos a investidores sob a forma de dívida titularizada.
A agência destaca pela negativa a baixa taxa de sobrevivência das micro-empresas portuguesas. Apenas 25% das que foram registadas em 2008 sobreviveram até 2012, exemplifica a Moody’s. "Isto é especialmente negativo para um país como Portugal, com as PME a representarem 67% do valor acrescentado da economia, comparado com 58% na UE".
Apesar da elevada mortalidade das empresas, a Moody’s observa também que tem havido um crescimento no registo de novas empresas. À partida, isso até poderia ser um dado positivo, mas a agência defende que "o maior registo de empresas em Portugal não se traduziu num melhor desempenho".
"Há uma deterioração do desempenho das empresas não-financeiras em Portugal, ainda sem sinais de recuperação", refere a Moody’s. E explica com os dados do malparado das empresas, que em Portugal se multiplicou por oito desde o início da crise até final de 2015, situando-se em 16%. "E o desempenho das PME foi ainda mais fraco", defende a agência. Explica estes números com os efeitos da crise nas receitas das empresas.
Os analistas da agência constatam que a crise deixou marcas maiores nas PME que nas grandes empresas. Apesar de antes da crise, o malparado das PME andar em torno de 2%, a Moody’s refere que agora é bem mais alto que o das grandes empresas. E mostra sinais de preocupação com as microempresas, segmento em que o crédito em incumprimento é de 24,9%, cinco vezes mais que nas grandes empresas.
Uma das possíveis explicações para os problemas vividos pelas PME é a reduzida diversificação geográfica das vendas. Isto porque, observa a Moody’s, o grosso das exportações é feito não pelas PME mas pelas grandes empresas e num peso maior que em outros países da Europa.
"As dez maiores empresas exportadoras dominam 20% do total das exportações nacionais, comparado com 16% em Espanha. O número de empresas exportadoras permanece em torno de 5% desde 2006", refere a Moody’s.