Notícia
Juros da dívida sobem à espera da Moody’s
Pela terceira sessão, as taxas de juro de Portugal estão em alta. Isto no dia em que a Moody's poderá pronunciar-se sobre a dívida nacional e em que os analistas antevêem que o IGCP poderá anunciar um duplo leilão de obrigações.
Os juros da dívida soberana portuguesa estão novamente em alta esta sexta-feira, 6 de Maio. A terceira sessão consecutiva, com a "yield" das obrigações a dez anos a acumular uma subida de 21,4 pontos base. Isto num dia em que a Moody’s poderá pronunciar-se sobre o "rating" de Portugal. Os analistas não acreditam numa revisão, mas apontam que um leilão de dívida poderá ser anunciado pelo Tesouro.
Esta é assim mais uma sessão negativa para os juros da dívida portuguesa. A "yield" das obrigações a dois anos está a negociar inalterada nos 0,649%, ao passo que a taxa a cinco anos avança 3,2 pontos para 2,026%. Já a dívida a dez anos regista uma subida dos juros de 3,1 pontos para negociar nos 3,302%.
Mas a tendência não é exclusiva de Portugal. As "yields" a dez anos de Espanha e Itália sobem, respectivamente, 3,0 pontos para 1,615% e 2,9 pontos para 1,524%. Já os juros da Alemanha estão em queda – a taxa a dez anos recua 0,1 pontos para 0,161% - , levando o prémio de risco de Portugal a subir para 314 pontos.
Certo é que o foco esta sexta-feira estará na possível revisão da Moody’s à notação financeira para Portugal. Actualmente em "Ba1" - o último nível de "lixo" -, os analistas acreditam que esta é a avaliação correcta para Portugal. E por isso não são esperadas novidades.
Contudo, "a Moody's poderá atribuir uma perspectiva 'negativa'", diz David Schnautz, estratego do Commerzbank. "É o pior que temo. E talvez nem isso", acrescenta Ciaran O’Hagan. E porquê? "O Governo tem retrocedido em algumas reformas", aponta o director de estratégia de dívida do Société Générale, caracterizando a estratégia de errada. "É preciso deixá-las dar frutos", defende.
Novidade poderá ser o regresso ao mercado que David Schnautz acredita que poderá ser revelado esta sexta-feira. "Estamos convencidos que o IGCP anunciará esta tarde que irá realizar um leilão de obrigações na próxima quarta-feira", 11 de Maio, escreve o especialista numa nota de análise divulgada esta manhã. Em causa poderá estar a colocação de duas linhas de títulos diferentes, acredita, num montante até 1,25 mil milhões de euros.
A acontecer, esta será apenas o terceiro leilão do ano, após as duas duplas colocações de dívida em Março. Além disso, o instituto liderado por Cristina Casalinho já realizou também emissões sindicadas, somando um total de 9,7 mil milhões de euros em dívida de médio e longo prazo emitida em 2016.