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Obituário: O tecedor da salvação dos têxteis portugueses

Foi o primeiro presidente da Associação Têxtil e Vestuário (ATP) e o 30.º da Associação Empresarial de Portugal (AEP). Tinha sido agraciado pelo Presidente da República, há escassas sete semanas, com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito Empresarial. Morreu aos 60 anos.

Paulo Nunes de Almeida era casado e pai de dois filhos. Paulo Duarte
06 de Julho de 2019 às 17:00
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Presidente da AEP e do Conselho Fiscal do FC Porto,
Paulo Nunes de Almeida morreu aos 60 anos.

A 14 de maio passado, no jantar comemorativo dos 170 anos da Associação Empresarial de Portugal (AEP), que contou com a presença do Presidente da República, Paulo Nunes de Almeida fez questão de se colocar à porta da Casa Ferreirinha para se despedir, um a um, dos cerca de 200 convidados. Fisicamente bastante debilitado, o gesto do anfitrião foi visto como uma espécie de despedida. Faleceu esta quinta-feira no IPO do Porto. Tinha 60 anos, era casado e pai de dois filhos.

"Os empresários portugueses perdem um homem bom que representava com empenho a iniciativa empresarial", afirmou o Presidente da República, numa mensagem publicada na página da internet do Palácio de Belém.

Sublinhando que Paulo Nunes de Almeida "liderou pelo exemplo", destacando a sua "capacidade de ouvir e unir", a sua "energia e resiliência", lembrou que, por isso mesmo, foi por si agraciado, no tal jantar de aniversário da AEP, com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito Empresarial - Classe do Mérito Industrial.

Já a administração da AEP, instituição de que era desde 2014 o 30.º presidente, tendo sido reeleito em junho de 2017 para um segundo mandato, que iria terminar em 2020, reagiu com natural consternação e elogios a Paulo Nunes de Almeida - "uma figura de referência, cujo trabalho muito contribuiu para a afirmação da imagem das empresas portuguesas", lê-se numa nota divulgada pela associação.

"Um ser humano e um profissional que deixa uma marca no mundo empresarial português", destacou, ainda, recordando uma afirmação de Nunes de Almeida na sua última tomada de posse: "A AEP nunca foi um peso. Antes pelo contrário, foi a vitamina que me fortaleceu e a adrenalina que me estimulou".

Líder associativo e Dragão de Ouro

Natural do Porto, onde nasceu em 24 de março de 1959, Paulo Nunes de Almeida licenciou-se em Economia pela Universidade do Porto, tendo profissionalmente debutado no Banco Português do Atlântico, em 1982, onde esteve cerca de dois anos. Tornou-se então empresário, inicialmente na área de serviços financeiros, tendo-se destacado no setor têxtil.

Apesar de a sua empresa TRL - Têxteis em Rede ter sucumbido à globalização, Nunes de Almeida é apontado como o rosto associativo do trabalho que foi realizado de resistência dos têxteis nacionais à liberalização descontrolada, que esteve na base da viragem que se processou e que tornou esta indústria novamente um sucesso.

Nunes de Almeida foi, aliás, o primeiro presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (APT), que resultou da fusão entre a APIM (Associação Portuguesa das Indústrias de Malha e de Confeção) e a APT (Associação Portuguesa dos Têxteis e Vestuário), realizada em julho de 2003.

Entre outros cargos, Nunes de Almeida era membro do conselho geral da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, tendo também sido vice presidente (1986-1996) da Associação Nacional dos Jovens Empresários (ANJE), onde foi um dos promotores do Portugal Fashion.

Apaixonado pela cidade do Porto, desde 2008 que presidia ao Conselho Fiscal da Futebol Clube do Porto - Futebol, SAD, e ao do FC Porto, do qual era sócio há cerca de 50 anos, tendo em 2012 sido distinguido com um Dragão de Ouro, na categoria de Dirigente do Ano. "Vinho, gastronomia e convívio" era ouro sobre azul na sua vida.

Os empresários portugueses perdem um homem bom que representava com empenho a iniciativa empresarial.  marcelo rebelo de sousa
Presidente da República

Perdemos um dos nossos melhores. Enquanto tivermos memória, ele será sempre lembrado como uma referência maior do associativismo empresarial. Fez tudo a bem de Portugal. antónio saraiva
Presidente da CIP

O país perde um cidadão empenhado, toda a vida, na modernização da economia e na vitalidade do tecido empresarial, e eu perco um amigo.  pedro siza vieira
Ministro Adjunto e da Economia

Foi um exemplo do que é servir sem pedir nada em troca. Focado no crescimento do país e sempre ao lado das empresas inspirou quem também faz parte do movimento associativo. joão rui ferreira
Presidente da APCOR

A cidade, a região e o país devem estar imensamente gratos a Paulo Nunes de Almeida.  nuno botelho
Presidente da Associação Comercial do Porto (ACP)

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