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Carlos Costa: "Não há problemas, porque não há clientes"

Em dois cafés do Porto, a facturação não está a complicar as transacções do dia-a-dia. E se num dos estabelecimentos o futuro é positivo, no outro o encerramento é o mais provável.

30 de Abril de 2013 às 00:15
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Carlos Costa (na foto) é o que se pode chamar um dono de café precavido. Dois anos antes de ser obrigatório, implementou o novo software de facturação no "Le Petit Café", numa zona residencial, em Ramalde, no Porto. "Resolvi avançar logo com isso", explicou, depois de um acordo com a PT, responsável por todo o sistema. Aos 46 anos, o dono do café não tem grandes queixas.

"Não tive problemas rigorosamente nenhuns", explica ao Negócios enquanto vai enchendo copos e tirando cafés. É que o trabalho não pára e é preciso não deixar fugir os clientes para o Pingo Doce que abriu recentemente em frente ao "Le Petit Café". Além disso, é hora de almoço e o "Le Petit Café" está cheio mas isso não impede Carlos Costa de falar ao Negócios.

"O serviço tem sido sempre impecável e, caso haja algum problema, entram logo em contacto". E há muita gente a pedir facturas por um café? "Nem por isso", admite Carlos Costa. Os clientes, aliás, de acordo com Carlos Costa não se queixam de atrasos nem perturbações com o sistema de facturação. "sai tudo automaticamente, não falha nada", diz o dono do café.

A pequena zona comercial tem papelaria. mini mercados, ginásio e farmácia. Mas os mais faladores são os donos dos cafés. Nos outros estabelecimentos há mesmo quem fuja das perguntas.

Os pequenos comerciantes parecem já estar habituados às exigências da Autoridade Tributária e não dão muita importância ao novo sistema de software que permite uma ligação imediata da factura ao contribuinte que a pediu e que pode depois consultá-la online. Não vá o tradicional cafézinho escapar aos impostos.

Mas nem todos estão tão optimistas. Os donos de restaurantes e cafés têm sido dos mais atingidos pelos constantes aumentos de impostos, sobretudo do IVA, que encarece os produtos e afasta os clientes. Pelo meio, há quem queira deixar o negócio.

"Não há clientes"

A prova da crise está precisamente do outro lado da rua, onde fica a "Cafetaria 1º de Setembro". É um cenário completamente diferente. Durante a visita do Negócios não eram muitos os clientes a frequentar o café, um pouco mais pequeno que a concorrência do outro lado.

Mas por aqui também não há queixas do sistema de facturação. Belmiro Freitas, depois de explicar detalhadamente que só é dono do espaço "e não do café, que é da minha mulher", queixa-se que "não há problemas porque não há clientes". E ironiza: "Está tudo a correr muito bem. Muito bem".

Belmiro Freitas diz que, aliás, nada mudou, apesar do apertar do controlo por parte do Estado. "Ninguém pede factura. Continua a existir um comportamento tipicamente português", lamenta.

O responsável está bastante pessimista quanto ao futuro da "Cafetaria 1º de Setembro e está mesmo a pensar vender o estabelecimento mas ainda sem grandes planos. "Tenho isto à venda. Quero ver se alguém compra", explicou.

Não é, portanto, de espantar que o sistema de facturação obrigatório pareça ser a última das preocupações de Belmiro Freitas para o futuro.

Do outro lado da rua, a esplanada do "Le Petit Café continua a encher-se, em dia de sol. Uma refeição custa um pouco menos do que no Pingo Doce e, em dia de sol, são muitos os moradores (e trabalhadores) que aproveitam para almoçar ou tomar café no estabelecimento de Carlos Costa. A papelaria ao lado e o cabeleireiro parecem fechados à hora de almoço. As caixas registadoras são novas, mas tudo o resto está igual.

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