Notícia
Montepio alvo de buscas pela Polícia Judiciária
O banco Montepio, assim como a Associação Mutualista Montepio Geral e o BNI Europa, foi alvo de buscas pela Polícia Judiciária. Em causa estão operações bancárias de clientes entre 2011 e 2014.
"O Banco Montepio informa que se realizaram esta quinta-feira, dia 16 de janeiro, buscas nas instalações. Mais se informa que, conforme o teor do comunicado publicado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), se trata de diligências a propósito de operações de clientes, que reportam a factos ocorridos entre os anos 2011 e 2014", confirma o banco num comunicado, acescentando que "cumpre escrupulosamente os seus deveres de colaboração com as autoridades".
O comunicado é enviado depois de a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter anunciado, esta quinta-feira, que várias instituições bancárias, uma sede social de uma associação - que o Negócios sabe ser a Associação Mutualista Montepio Geral - domicílios e sedes de empresas estão a ser alvo de buscas devido a um inquérito do Ministério Público. As buscas estão a ser dirigidas pelo MP e pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária.
Ao que foi possível apurar, a Caixa Geral de Depósitos, BCP e Novo Banco não foram alvo destas buscas. Já a TVI avança que o BNI Europa é um dos visados. Contactado pelo Negócios, o banco confirma as buscas da PJ nas instalações e diz "não ser visado no processo em causa", mas que "está a colaborar, como é seu dever, com as autoridades".
À Lusa, fonte oficial da Polícia Judiciária adiantou que, relativamente ao banco detido pelo BNI Angola, investiga-se a intervenção de clientes coincidentes com o Banco Montepio e que participaram na constituição do capital social do banco que tem acionistas angolanos.
A investigação, explicou, debruça-se sobre o aumento de capital da Caixa Económica do Montepio (agora Banco Montepio) em 2013, a constituição do capital social do BNI Europa e a origem do dinheiro usado por um grupo de clientes para a aquisição de unidades de participação do fundo.
A TVI refere ainda que as buscas estão relacionadas com o financiamento concedido pelo Montepio a Paulo Guilherme, o filho do contrutor civil José Guilherme que deu 14 milhões de euros a Ricardo Salgado. Já o Correio da Manhã acrescenta que Eurico de Brito, ligado a José Guilherme, e o angolano Pedro Paulo Louro Palhares também são visados nesta operação.
O comunicado da PGR indica que as "diligências incidem sobre um conjunto de clientes de instituições financeiras e de entidades suas detentoras, com o propósito de recolha de prova relativamente a operações bancárias realizadas por clientes entre 2011 e 2014, bem como documentação relacionada com estas operações. Nestas diligências, o Ministério Público é coadjuvado pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária e por peritos e consultores da Administração Tributária e do Banco de Portugal".
Em causa estão, refere a mesma entidade, "factos suscetíveis de enquadrar a prática de crimes de burla qualificada, branqueamento e fraude fiscal qualificada".
Nestas diligências, o Ministério Público é coadjuvado pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária e por peritos e consultores da Administração Tributária e do Banco de Portugal. As referidas diligências estão a ser presididas por 4 juízes do TIC de Lisboa e Amadora, acompanhadas por 4 Procuradores da República do DIAP de Lisboa, 90 elementos da Polícia Judiciária, 4 elementos da Autoridade Tributária e 6 elementos do Banco de Portugal.
(Notícia corrigida. Onde se lia Eurico Reis, deve ler-se Eurico de Brito.)