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Juras de amor e críticas suaves na assembleia tranquila

Grandes investidores ignoraram pedidos de explicação dos mais pequenos, cuja maior queixa foi a falta de um papel

29 de Fevereiro de 2012 às 00:01
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"Qual a oportunidade destas propostas e desta assembleia geral? Por que não [se esperou] pela assembleia anual", questionou o accionista Carlos Ferraz, logo na abertura da assembleia geral do BCP. A pergunta era para os accionistas que propuseram as mudanças de gestão no banco, como a Sonangol e a Teixeira Duarte. Ficou sem resposta.

O presidente da mesa da AG, que conduziu os trabalhos e se assumiu quase sempre como porta-voz dos accionistas, deu uma resposta vaga. O pequeno investidor não se deu por satisfeito, mas não obteve mais respostas. Quando Daniel Proença de Carvalho, representante da InterOceânico – um dos subscritores das propostas votadas na reunião –, falou foi para dizer que os esclarecimentos de Menezes Cordeiro tinham sido satisfatórios.

Mas também houve pequenos accionistas satisfeitos com a proposta de alteração do modelo de governo e da liderança do banco. "Felicito a Sonangol. Haver mudanças é bom para o banco", sublinhou o comendador Sá, que marca sempre presença nas AG da instituição. E apesar de não figurar na lista de subscritores das alterações ontem aprovadas, foi este investidor o mais entusiasta das decisões votadas.

"Nós [Portugal e Angola] crescemos juntos. Angola tem petróleo sempre a jorrar e precisa dos empresários portugueses. Espero que os accionistas consigam pôr este banco para cima. Espero que os accionistas de gabarito consigam juntar mais accionistas, para que não haja tantas acções no mercado. Quanto ao sr. Amado, será amado por todos os accionistas se puser este banco para cima", prometeu.

Poucos minutos depois do início dos trabalhos, as principais críticas e elogios às propostas em apreço estavam feitos. A partir daqui, e graças à falta de resposta dos grandes investidores, os pequenos accionistas queixaram-se, sobretudo, do facto de a lista com o nome e percurso profissional dos candidatos aos órgãos sociais não estar entre a documentação distribuída. Após menos de meia hora de reivindicações, lá surgiram os papéis que faltavam na pasta de documentos.

Sem este episódio, a reunião teria durado apenas hora e meia. Ainda assim, acabou por ser "rápida e eficaz", como começara por pedir Menezes Cordeiro, que conduziu os trabalhos sempre com a preocupação de sublinhar a unidade entre accionistas. Com 99,21% de votos favoráveis à mudança de modelo, "não podem dizer que este banco não sabe o que quer", gracejou no final da primeira votação. Sobre o facto de só ter estado presente 46,39% do capital, nem uma palavra.

Além de ter sido porta-voz dos grandes accionistas ao dar as explicações pedidas pelos pequenos investidores, o presidente da mesa da AG fez também as despesas de despedida do anterior presidente do BCP. "O dr. Santos Ferreira desempenhou o seu cargo com dedicação, coragem e profissionalismo. Recebeu o banco numa situação difícil. Mas conduziu este banco a um porto mais seguro".

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Saber mais AG do BCP Nuno Amado
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