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"Julgamento do século" revela segredos da elite da Coreia do Sul

O julgamento do vice-presidente da Samsung Electronics, Jay Y. Lee, começou a 9 de Março. O Ministério Público tenta provar que o bilionário conspirou para canalizar milhões de dólares para uma confidente da presidente Park Geun-hye a fim de ajudar a assegurar o controlo da maior fabricante de smartphones do mundo.

10 de Março de 2017 às 20:04
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Lee é a figura empresarial de mais alto perfil a ser indiciada numa enorme investigação de corrupção que também provocou a destituição de Park e gerou indignação pela "corrupção crónica" nos vínculos entre o Governo e conglomerados dirigidos por famílias. O promotor público Park Young-soo revelou que a acção legal em torno de Lee é o "julgamento do século" da Coreia do Sul, por causa do seu perfil global e da quantidade de dinheiro envolvida.

 

As audiências no Tribunal Distrital Central de Seul vão durar até três meses, com Lee a enfrentar acusações de suborno e desvio de fundos. O maior ponto de discórdia será se as doações feitas pela Samsung a entidades dirigidas pela amiga de Park, Choi Soon-sil, tinham a intenção de obter o apoio do Governo para uma fusão polémica que foi realizada em 2015 e tornou mais fácil para Lee controlar o conglomerado Samsung Group. O executivo de 48 anos negou ter cometido qualquer delito.

 

"Provar que houve uma troca de dinheiro por favores será um desafio", disse Hong Jung-seok, um advogado que trabalhou para o Ministério Público até ao fim de Fevereiro. "O julgamento chamará a atenção do mundo inteiro, não apenas pela fama do réu no exterior, mas também pela dimensão do alegado suborno."

 

Três instâncias

 

Se for condenado, a sentença de Lee pode ser de cinco anos de prisão à prisão perpétua. No sistema judiciário de três instâncias da Coreia do Sul, Lee pode recorrer a um tribunal de recurso e depois ao Supremo Tribunal se perder, e cada tribunal demora até dois meses para deliberar. O pai de Lee escapou da cadeia, apesar de ter duas condenações penais, graças a indultos do Governo.

 

A difícil situação de Lee gera dúvidas em relação à sucessão na Samsung, que está em transição desde que o pai sofreu um enfarte paralisante em 2014. A ausência prolongada do líder de facto poderia adiar decisões importantes na Samsung Electronics, que apresentará a nova versão de seu smartphone principal, o Galaxy S8, em Março. Contudo, a Samsung afirmou que tem uma equipa de administração forte no comando dos negócios e as acções da companhia subiram 11,5% este ano, mais do triplo do ganho no índice de referência KOSPI.

 

Lee foi acusado no mês passado, em conjunto com outros quatro executivos da Samsung, mas foi o único detido. O promotor acusa-o de conspirar para transferir 29,8 mil milhões de wons (24 milhões de euros) às organizações de Choi em troca de favores. Entre os alegados favores está a obtenção de apoio do Serviço Nacional de Pensões do Governo a uma fusão entre a Cheil Industries e a Samsung C&T, realizada em 2015. A transacção – que consolidou o controlo de Lee – foi aprovada por pouco apesar da oposição do investidor activista Paul Elliott Singer.

 

Lee também foi acusado de ocultar activos no exterior, de perjúrio e de ocultar lucros obtidos com actividades criminosas. A Samsung afirmou na segunda-feira que não concorda com as conclusões de Park. "A Samsung não pagou subornos nem realizou pedidos inapropriados em busca de favores. Os processos judiciais futuros revelarão a verdade", afirmou a empresa em um comunicado.

 

"É um vexame internacional", disse por e-mail Eric Schiffer, presidente da Reputation Management Consultants, com sede em Irvine. "Mas isso não vai destruir a reputação da Samsung. Também não afectará muito as vendas, porque a Samsung é maior do que Lee."

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