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Jornais destacam clima de guerra entre Cavaco Silva e José Sócrates

A declarações ontem do Presidente da República não esclarecem em definitivo o caso das escutas, mas os jornais são hoje unânimes sobre a guerra que se abriu entre Presidência da República e Governo. Veja aqui o que refere a imprensa hoje sobre o caso.

30 de Setembro de 2009 às 09:08
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A declarações ontem do Presidente da República não esclarecem em definitivo o caso das escutas, mas os jornais são hoje unânimes sobre a guerra que se abriu entre Presidência da República e Governo.

Praticamente todos os jornais chamam hoje para manchete a declaração do Presidente da República, com excepção do 24 Horas e do Correio da Manhã, que colocou em destaque principal o caso dos submarinos.

Os jornais Jornal de Notícias e Diário de Notícias falam ambos em guerra entre Cavaco Silva e PS. O jornal “i” vai no mesmo sentido, lembrando que a declaração de guerra de Cavaco Silva se dá antes de nomear José Sócrates para formar Governo.

O “Público” prefere chamar-lhe conflito. O “Jornal de Negócios” diz que “Cavaco Silva acusa PS de manipular presidência”. E no mesmo sentido vai o “Correio da Manhã”, que traz na primeira a denuncia da manobra socialista por Cavaco Silva.

O “Diário Económico” preferiu chamar para manchete a preocupação de Cavaco com a segurança dos e-mails em Belém.

"Ambiguo", "infantil" e "não clarificou suspeitas"

JN e DN são os mais críticos da intervenção de Cavaco Silva de ontem à noite. No editorial, não assinado do DN, diz-se que Cavaco Silva foi ambíguo no que era importante e até fez demagogia. Em editorial, o DN considera que o Presidente saiu fragilizado da sua declaração de ontem, não tendo falado das eventuais escutas.

“Quando se esperava, por declarações recentes, que o PR estivesse preocupado com questões importantes de Estado, ligadas a eventuais escutas ou, pelo menos, de coordenação do SIRP e do trabalho do secretário-geral de Segurança Interna, Cavaco Silva mostrou precisar de um antivírus no seu computador”.

Já num artigo de opinião assinado, Ferreira Fernandes, no mesmo jornal, considera que “o mais piedoso que há para dizer é que ele quis mesmo empurrar-nos para as suas suspeitas – manipular-nos, pois”.

De manipulação dos portugueses fala também o director do JN, José Leite Pereira, no editorial. “O discurso frágil e até ele mesmo manipulador, pois fala num assessor que não é o seu próprio assessor”. E apelida o discurso de confuso, ambíguo, inoportuno, desequilibrado. “As acusações são directas, mas o que queríamos ver explicado está em meias palavras”.

É infantil, conclui Leite Pereira, que considera que Cavaco Silva deu um passo decisivo para encerrar a sua carreira política. O discurso “não é claro no essencial” e, apesar de visar resolver um problema, “arranjou outro bem pior”. E fica a dúvida sobre como se vão entender Cavaco Silva e o líder do partido acusado de manipular e de passar os limites pelo Presidente.

Também para o director do “i”, as palavras do Presidente “não foram claras”, podendo no entanto tirar-se a conclusão que “Cavaco não pode ver Sócrates nem pintado”. Para Martim Avillez de Figueiredo, Cavaco não deve fazer declarações que encham o país de dúvidas. Para o director do jornal “i”, este discurso pode significar que Cavaco Silva vai sugerir soluções parlamentares que, “na sua opinião, traduzam o sentido de voto dos portugueses”. Os dois partidos mais votados foram PS e PSD.

No jornal que denunciou as preocupações da Casa Civil de haver escutas, o “Público”, José Manuel Fernandes, no editorial, sai em defesa do jornal que dirige. “Mesmo sem assumir os termos exactos em que as interrogações chegaram à imprensa, o presidente nunca as desautorizou – e isso deixou por explicar ontem”. Ontem ficou claro que Cavaco Silva receava que o partido do Governo não estivesse a fazer jogo limpo”. As vulnerabilidades faladas por Cavaco Silva devem ser esclarecidas. E por isso José Manuel Fernandes acredita que o Presidente não geriu bem este caso. “Não fundamentou de forma consistente as suas suspeitas, nem clarificou que suspeitas tinha ou tem, ficou muito aquém do clima que, porque o desejou ou porque não o evitou, deixou criar”.

No tom de unanimidade que o discurso não veio melhorar as relações com o Governo, Pedro Santos Guerreiro, director do Jornal de Negócios, Cavaco Silva pretendeu com o discurso feito ontem “pôr o PS em sentido num período em que o Governo não está ainda constituído e que terá uma maioria relativa frágil e dependente de acordos. É nesse contexto que a figura do Presidente da República é mais determinante. E Cavaco mostrou que não será boneco de feira. E conclui para falar também em guerra entre Presidência e Governo. “Guerra sangrenta”.


























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