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Isabel dos Santos: tem cara de menina mas faz negócios crescidos

Isabel dos Santos? "É muito fria, muito discreta, muito inteligente e tem uma profunda noção estratégica das coisas". Os superlativos são debitados, do lado de lá do telefone, por um empresário português com interesses em Angola. "E além disso é uma grande negociadora. Entrou no BPI em boa altura, comparando com a Sonangol, que já perdeu 800 milhões de euros com a posição que tem no BCP" remata, por entre risos perceptíveis.

19 de Dezembro de 2008 às 00:01
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Isabel dos Santos? "É muito fria, muito discreta, muito inteligente e tem uma profunda noção estratégica das coisas". Os superlativos são debitados, do lado de lá do telefone, por um empresário português com interesses em Angola. "E além disso é uma grande negociadora. Entrou no BPI em boa altura, comparando com a Sonangol, que já perdeu 800 milhões de euros com a posição que tem no BCP" remata, por entre risos perceptíveis.

A frieza de Isabel dos Santos foi herdada, porventura, pela via materna. A primogénita de José Eduardo dos Santos é filha de Tatiana Kukanova, uma russa com quem o actual Presidente da República de Angola casou quando foi bolseiro em Baku, ex-URSS, actual capital do Azerbeijão.

Isabel viveu muitos anos em Londres com a mãe, onde se licenciou em Engenharia Electrotécnica, e a primeira ocupação profissional que se conhece foi a de consultora da Sonangol. A África Monitor, uma publicação portuguesa de circulação restrita, traçou-lhe assim o perfil. "Boa formação académica de base. À vontade no mundo dos negócios e sem atracção pelo mundanismo. Por exemplo, costuma instalar-se numa suite de um dos melhores hotéis de Lisboa, rodeada de mordomias que expressamente solicita, mas evita ou declina aparecimentos em público". Este comportamento de Isabel dos Santos é confirmado por quem vive em Luanda. "Simples, simpática e sem ostentação" são, desta vez, os adjectivos usados. Vive na zona da Mayanga com o marido, o congolês Sindiko Dokolo e "é vista nos restaurantes, sem segurança aparente. Ao contrário dos irmãos (Tchizé e José Filomeno), não gosta de aparecer na televisão", avalia este interlocutor. A política também não cativa. "Senão podia ser deputada, como aconteceu com a irmã e a madrasta [Ana Paula dos Santos]", acrescenta. Agora, quando vem a Portugal, diz-se que fica instalada num apartamento que comprou junto ao El Corte Inglês, em Lisboa.

Isabel dos Santos tem 35 anos e cara de menina. Mas os negócios onde está envolvida são muitos e para gente crescida. Começou por gerir o Miami Beach, um clube de praia na ilha de Luanda, mas rapidamente passou para os sectores dos diamantes e das telecomunicações. Na banca, antes do BPI, já possuía uma participação de 20% no Banco Espírito Santo Angola e de 25% no BIC Português, onde tem como sócio Américo Amorim. Enquanto ela colecciona interesses empresariais, o marido, Sindiko Dokolo, faz as vezes de mecenas. "É muito civilizado e investe loucuras na promoção de artistas africanos", afirma uma fonte que conhece o casal. As participações financeiras de Isabel dos Santos estão concentradas na 'holding' GENI, mas o primeiro passo para consolidar o seu estatuto de empresária aconteceu em 1997. Nesse ano criou a empresa Urbana, a qual ganhou o contrato para a limpeza e saneamento da cidade de Luanda. Posteriormente, entrou no negócio dos diamantes pelas mão de Noé Baltazar, então presidente da Endiama e uma das figuras que faz parte do círculo de confiança de José Eduardo dos Santos. É assim que, segundo a África Monitor, tem participações na Sodian e na Ascorp, duas empresas que se dedicam à comercialização de diamantes e onde também são sócios a Endiama e Noé Baltazar.

Isabel dos Santos é ainda referenciada como accionista da Angola Mining Corporation, que detém a concessão diamantífera do Camuté. E controla 25% da Unitel, a maior operadora móvel angolana, onde a PT possui uma participação igual. O "Público", na sua edição de 20 de Julho de 2007, refere também que a empresária e o seu marido são sócios, com 35%, da Green Cyber, uma empresa fundada por Pedro Sampaio Nunes, que quer construir uma biorefinaria em Sines. A compra de 9,69% do BPI? "Foi um passo feliz e difícil porque há sensibilidades políticas que não gostam de Portugal", conclui o interlocutor inicial.

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