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Incumprimento está a aumentar e empresas pouco éticas são as primeiras a sofrer

Estudo da Intrum, empresa de cobrança de dívida, diz que se está a observar uma "mudança nas normas sociais", com os consumidores em Portugal a sentirem-se menos culpados em falhar pagamentos. Sobretudo se as empresas foram "pouco éticas".

Mariline Alves/Correio da Manhã
17 de Março de 2024 às 18:00
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O incumprimento dos pagamento em Portugal está a aumentar e as empresas consideradas pelos consumidores "pouco éticas" são as primeiras a sair visadas desta tendência. A conclusão é de um estudo da Intrum, empresa de cobrança de dívida, que indica que se tem vindo a observar uma "mudança nas normas sociais". 

"Atualmente verifica-se uma crescente aceitação em ignorar o pagamento de contas e ao mesmo tempo, os consumidores afirmam estar atentos às empresas que tentam explorar as suas dificuldades através de táticas como 'greedflation' [nome dado à tendência de aumento dos preços acima do seu custo para gerar mais lucros]", explica a empresa.


Três em dez inquiridos, ou seja 29%, diz que, face há alguns anos, se sentiria hoje menos culpado de ignorar o pagamento de uma conta, segundo os dados da Intrum. Já mais de dois terços dos consumidores portugueses (69%) diz que consideraria deixar de comprar a uma empresa que demonstrasse práticas de "greedflation".


"É provável que um consumidor que não possa pagar todas as suas contas deixe de pagar às empresas com quem não tem empatia. Entre os consumidores que se sentem menos culpados por não pagarem as suas contas, a preocupação com a 'greedflation' é ainda mais acentuada", aponta Luís Salvaterra, direto-geral da Intrum em Portugal.

 

E se as empresas consideradas "pouco éticas" podem ser penalizadas, as que se posicionam ao lado dos consumidores "deverão beneficiar desta postura". A flexibilidade do pagamento é um dos pontos que é tido em conta, segundo a Intrum, que diz que cerca de metade dos consumidores prefere comprar a empresas com condições de pagamentos flexíveis. 

Já 72% diz mesmo que é "socialmente responsável" que as empresas apresentem este tipo de modalidade em períodos de abrandamento económico.

As economias, a nível europeu mas não só, têm sido pressionadas pela elevada inflação e os impactos de elevadas taxas de juro por parte dos bancos centrais para combater o aumento dos preços. De acordo com os mais recentes dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), todos os países do grupo sofreram em 2023 um abrandamento do crescimento do produto interno bruto (PIB) para 1,6% - valor que compara com um crescimento de 2,9% no ano anterior.

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