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Gerir as fortunas das famílias mais ricas do mundo está longe de ser fácil

Trabalhar diretamente para algumas das pessoas mais ricas do mundo traz luxos como viagens em grandes iates, mas também pode exigir lidar com dramas familiares e personalidades inusitadas.

16 de Junho de 2019 às 11:00
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Os "family offices" estão à procura de talentos. No entanto, atrair talentos do setor financeiro para cargos de topo em firmas de gestão e investimento de famílias ricas é um trabalho complicado, principalmente porque nem todos estão preparados para a mudança de cultura.

Trabalhar diretamente para algumas das pessoas mais ricas do mundo traz luxos como viagens em grandes iates, mas também pode exigir lidar com dramas familiares e personalidades inusitadas.

Paul Westall e Tayyab Mohamed, diretores da Agreus Group, uma empresa de recrutamento focada em preencher cargos em "family offices"* unifamiliares, dizem que primeiro se certificam de que os candidatos entendem o que vão fazer antes de os contratarem.

 

Em entrevista à Bloomberg Markets, descrevem como é trabalhar num "family office" e explicam aquilo que as famílias esperam dos seus gestores de investimento.

 

Bloomberg Markets (BM): Quais são alguns desafios que enfrentam ao recrutar pessoas para trabalharem em "family offices"?

 

Paul Westall (PW): Não é difícil encontrar pessoas qualificadas e talentosas em Nova Iorque ou em Londres, mas a mentalidade e a cultura de um "family office" são muito diferentes. As equipas são muito menores. Encontrar alguém confiável e discreto e alguém em quem a família possa confiar é a preocupação principal, porque as suas fortunas, meios de subsistência e gerações inteiras de riqueza estão em jogo.

 

BM: Que tipo de pessoa se encaixa bem nesse contexto?

 

Tayyab Mohamed (TM): Alguém que trabalhou numa grande empresa e geriu uma equipa inteira mas que nunca fez qualquer trabalho manual pode não encaixar na mentalidade de um "family office". Por exemplo, há um grande "family office" do sul da Ásia com o qual trabalhamos em Londres que tinha um diretor de investimento (CIO) que disse que nem sequer tinha uma recepção com alguém para receber os clientes. Ele comentava, por entre risadas, sobre como às vezes deixava os visitantes entrarem e preparava uma bebida para eles – e ele era um CIO.

 

PW: Nesta profissão é preciso gerir diferentes membros da família e relacionamentos diferentes e trabalhar com pessoas competitivas e apressadas. Geralmente, quem trabalha num "family office" são pessoas afáveis, simpáticas, com alta inteligência emocional.


BM: Quais são alguns outros choques culturais que as pessoas podem esperar quando trabalham num "family office"?

 

TM: A disponibilidade e a atitude para se estar à disposição da família podem constituir um choque cultural. Quando se trabalha para o "family office" está-se à disposição da família para atender às suas necessidades em momentos difíceis. Por exemplo, pode ter férias marcadas e ter de cancelá-las.

 

BM: Como é que a diversidade no espaço de um "family office" compara com a do restante mundo financeiro?

 

PW: Em termos de género, é comparável ao mundo dos bancos de investimento e administração. É em grande parte dominado por homens – cerca de 71% são do sexo masculino. Vemos contudo uma tendência: alguns dos "family offices" de maior sucesso são comandados por mulheres.

 

TM: Em termos raciais, as famílias tendem a contratar pessoas que são boas para aquelas funções, mas não têm uma política de recursos humanos – nem interna – para garantir a diversidade. Acho que geralmente tendem a contratar pessoas como elas devido à questão do conforto, embora não ache que estejam a fazer um esforço consciente para isso.

 

* "family offices": entidades de gestão de finanças privadas; ou seja, empresas de gestão financeira de famílias com elevadas fortunas.

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