As comissões pagas pelas principais petrolíferas que operam em Portugal aos revendedores e concessionários estão "congeladas" desde 2005 impedindo assim a maioria dos postos de diferenciar os preços, apesar de, com a subida do custo do petróleo, as petrolíferas terem vindo a assistir a ganhos nas suas margens de negócio, segundo a edição de hoje do "Jornal de Notícias"

A denúncia desta situação é feita pelo presidente da Associação Nacional dos Revendedores de Combustíveis (ANAREC), Augusto Cymbron, que revela que "as comissões subiram 0,005 cêntimos de euros em meados de 2003, tendo tido a mesma alteração em Janeiro de 2005".

Desde então ficaram "congeladas" e, independentemente da marca petrolífera, o valor é "igual ao milímetro", fixando-se em 3,4 cêntimos por litro para revendedores (que detêm o posto) e em 2,5 cêntimos para concessionários (que apenas o exploram), acrescenta Cymbron.

"Não digo que é concertação porque não me compete dizê-lo", afirma o responsável ao "Jornal de Notícias", sublinhando que a ANAREC pediu reuniões com as operadoras para "lhes fazer eco destas preocupações".

Com margens que não variam, é "impossível diferenciar os preços", afirma Cymbron, lamentando que o estudo da Autoridade da Concorrência (AdC) sobre alegadas práticas de concertação nos contratos com os revendedores esteja em curso "há mais de dois anos".

As petrolíferas desvalorizam as acusações da ANAREC. "É uma matéria de política comercial da empresa", afirmou o porta-voz da Galp, recusando mais explicações. Fonte oficial da Repsol admite que alguns contratos com revendedores, sobretudo os mais antigos, têm prazos até cinco anos, o que explica "alguma rigidez". A maioria, contudo, "tem comissões variáveis", em função de metas comerciais. Também a BP "não se pronuncia sobre a relação com a rede de revenda", diz fonte oficial.