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EUA investigam negócios de empresa de armamento britânica com a Arábia Saudita

O Departamento de Justiça dos EUA iniciou uma investigação sobre o cumprimento, pela BAE Systems, a maior fabricante de armamento da Europa, da legislação sobre anti-corrupção no quadro dos seus negócios com a Arábia Saudita, anunciou hoje a companhia bri

26 de Junho de 2007 às 12:07
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O Departamento de Justiça dos EUA iniciou uma investigação sobre o cumprimento, pela BAE Systems, a maior fabricante de armamento da Europa, da legislação sobre anti-corrupção no quadro dos seus negócios com a Arábia Saudita, anunciou hoje a companhia britânica.

As acções da BAE Systems recuavam agora 10,18%, para 397,25 libras (590 euros), a quebra mais elevada dos últimos quatro anos e meio, depois da fabricante britânica de armamento ter anunciado que foi notificada pelo Departamento de Justiça dos EUA de uma investigação formal sobre as suas operações na Arábia Saudita, noticiou a agência Bloomberg.

A BAE Systems, que obtém 60% das suas vendas no mercado norte-americano e é a maior fornecedora do Pentágono, efectuou alegadamente – segundo noticiaram o "The Guardian" e a "BBC" no início deste mês – pagamentos de perto de mil milhões de libras (1,48 mil milhões de euros) ao príncipe Bandar bin Sultan da Arábia Saudita. Na altura a BAE desmentiu qualquer irregularidade e Bandar Bin Sultan apelidou as notícias de "falsas".

Já a 7 de Junho, o primeiro-ministro britânico Tony Blair admitiu que interveio para impedir uma investigação no Reino Unido sobre o contrato de armamento "Al-Yamamah" da BEA, no valor de 43 mil milhões de libras (63,8 mil milhões de euros) com a Arábia Saudita porque, justificou na altura, iria causar uma "destruição completa" nas relações entre os dois países.

A intervenção de Tony Blair e a decisão do procurador Geral britânico Peter Goldsmith, noticia a Bloomberg, interrompeu assim uma investigação por alegada corrupção da BAE Systems, iniciada em Dezembro de 2006 pelo departamento anti-fraude do Reino Unido.

Já a 16 de Janeiro último, Tony Blair, que esta semana será substituído por Gordon Brown no cargo de primeiro-ministro, avisava que a investigação doméstica poderia ter consequências "devastadoras" para a segurança nacional do Reino Unido. "Se tivéssemos continuado com esta investigação, teríamos prejudicado de forma significativa as nossas relações com a Arábia Saudita", afirmou Blair, acrescentando: "essa relação é de importância vital, incluindo lutar contra o terrorismo neste país".

Em Março, foi a vez da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) ter criticado a decisão de deixar cair a investigação britânica: "há investigações mas não acusações", afirmou na altura Mark Pieth, porta-voz da instituição.

Nos últimos 20 anos, a BAE forneceu aviões, sistemas de defesa e treino à Arábia Saudita e 4.600 dos seus empregados trabalham naquele reino do Médio Oriente. Actualmente o Reino Unido e a Arábia Saudita estão em conversações sobre um novo contrato militar que deverá incluir 72 aparelhos Eurofighter Typhoons.

Ainda assim, é opinião de Malcolm Rifkind, membro do Partido Conservador do parlamento britânico, que exerceu as funções de secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros entre 1995 e 1997, que a investigação norte-americana sobre a BAE não irá provavelmente alterar a posição do governo de Tony Blair. "A controvérsia continua", afirmou hoje no canal de televisão britânico BBC, "mas terá consequências de longo prazo?" duvido. Houve uma investigação nos Reino Unido mas a segurança nacional tomou a primazia. Tal poderá acontecer também nos EUA", advogou.

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