"Como qualquer empresa global, a Eletrobrás avalia as suas pretensões de se expandir no mercado mundial", declarou hoje em Coimbra, à agência Lusa, o director de inovação tecnológica e eficiência energética na Electrobrás, Ubirajara Meira.

A Eletrobrás "está a fazer uma análise" do processo de privatização da participação do Estado português na EDP, o que "poderá chegar" à compra, total ou parcial, dos 20% do capital do Estado a alienar, acrescentou.

"A Eletrobrás está a fazer uma análise e mostra interesse por essa grande empresa portuguesa que é a EDP", sublinhou o mesmo responsável. Em representação de José da Costa Neto, presidente da Eletrobrás, Ubirajara Meira participa num seminário internacional Portugal-Brasil subordinado ao tema "Políticas e experiências em eficiência energética", que decorre hoje e sexta-feira no auditório Adolfo Roque, na sede regional da Ordem dos Engenheiros.

Apesar de Ubirajara Meira confirmar que a empresa brasileira tem interesse na entrada no capital da EDP, ressalva que, para já, "será muito prematuro falar em termos percentuais".

Sobre negociações nesse sentido entre a Eletrobrás e o Governo de Pedro Passos Coelho, disse que "não tem tido conhecimento pormenorizado sobre este assunto, dado ser responsável na direcção da empresa por uma "área específica", relacionada com a inovação tecnológica e a eficiência energética.

Também Nivalde de Castro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, salientou a importância de a Eletrobrás poder vir a entrar no capital da EDP, "uma empresa que é muito conceituada no Brasil".

"Seria um casamento muito perfeito", declarou à Lusa Nivalde de Castro, recordando que quando a empresa encetou o processo de internacionalização, em 2008, o então presidente brasileiro, Lula da Silva, "argumentou que a Eletrobrás teria que ser a Petrobrás dos sector eléctrico".

O docente universitário do Rio de Janeiro frisou que o grupo de investigação a que pertence "analisou e avaliou positivamente" a eventual entrada da Eletrobrás na composição accionista da EDP, "sempre que essa possibilidade surgiu".

"Seria muito interessante" a Eletrobrás iniciar a sua internacionalização "através de uma participação na EDP, porque a eléctrica portuguesa tem participações em vários outros países e já é uma empresa internacionalizada", afirmou. Nivalde de Castro realçou, por outro lado, o facto de a EDP "ter participação no mercado brasileiro" da energia.

O seminário luso-brasileiro é uma organização conjunta da Universidade de Coimbra, através da Iniciativa Energia para a Sustentabilidade (EfS) e do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC), e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, através do Grupo de Estudos do Sector Eléctrico. A comissão científica integra Nivalde de Castro e os portugueses António Gomes Martins, Carlos Henggeler Antunes e Patrícia Pereira da Silva.