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Dona do Minipreço reduz prejuízos em 2020 e aumenta vendas em Portugal
O grupo espanhol Dia, que detém o Minipreço, fechou o ano 2020 com prejuízos de 363,8 milhões de euros, uma melhoria face às perdas de 790,5 milhões registadas no ano anterior.
Menos prejuízos e mais vendas. No ano da pandemia, que afetou fortemente o setor do retalho alimentar, o grupo espanhol Dia, que em Portugal detém o Minipreço, registou um resultado líquido negativo de 363,8 milhões de euros, que foi "prejudicado pelo efeito monetário adverso das divisas (84,7 milhões durante o exercício), principalmente pela depreciação do real brasileiro", detalha o grupo em comunicado enviado esta quinta-feira.
Em 2019, o grupo tinha comunicado perdas de 790,5 milhões de euros. Foi também nesse ano que o Dia iniciou um processo de transformação do negócio, com a entrada de um novo acionista.
O grupo, que detém operações em Portugal, Espanha, Brasil e Argentina, encerrou o exercício de 2020 com um aumento ligeiro das vendas, de 0,2%, isto apesar de "uma redução de 6,9% no número de lojas, a desvalorização do real brasileiro e do peso argentino e a redução dos níveis de turismo em algumas zonas de Espanha e Portugal como consequência das restrições impostas pela Covid-19", destaca.
Em 2020, o EBITDA atingiu os 301,9 milhões de euros, uma subida face aos 65,6 milhões do ano anterior, "graças à melhoria do lucro bruto, à disciplina de custos mantida no tempo e à descida dos custos de reestruturação".
A dívida financeira líquida cifrou-se em 1.276 milhões de euros, menos 46 milhões face a dezembro de 2019, "graças à melhoria do fluxo de caixa procedente das operações, controlo dos gastos por investimento (capex) e à estabilidade do capital circulante".
Já as amortizações desceram em 91,9 milhões "pelo encerramento estratégico de lojas e armazéns".
Em Portugal, o grupo registou vendas líquidas de 630 milhões de euros em 2020, mais 6,1% face ao exercício anterior. As vendas foram "impulsionadas principalmente pelas medidas locais de transformação e remodelação centradas em melhorar a oferta de produtos frescos, que compensou a queda do turismo nas principais cidades durante a época alta de férias". O grupo investiu 10,4 milhões de euros no país, mais 13% do que em 2019.
No final do ano, o grupo detinha 565 lojas em Portugal, 298 das quais são lojas próprias e 267 são franquias. A nível global, o Dia fechou o ano com 6.626 lojas. O grupo refere que no quarto trimestre de 2020 foi alcançado "um ponto de inflexão" no parque de lojas, "com o início da conversão de lojas próprias a franquias em Espanha e Portugal, após culminar um processo de racionalização durante dois anos da rede de franquia, no qual 712 lojas passaram de franquias a propriedade do Grupo".
Em Portugal estas mudanças traduziram-se na passagem de 19 lojas franquiadas a lojas próprias, enquanto outras 19 lojas próprias passaram a franquia. Registou-se ainda o encerramento de 12 franquias em Portugal e a abertura de uma loja neste modelo.
Estas mudanças estão "em consonância com o plano estratégico apresentado nos resultados financeiros do primeiro trimestre" do ano passado e incluem, para as franquias, o "suporte operativo e de pagamento, um novo sistema de incentivo de vendas ou melhoria no método de pagamento de mercadorias, bem como, uma estrutura de custos simplificada". As alterações já chegam a 180 franquiados em Portugal.
Em Espanha, o grupo encerrou em 2020 123 lojas Clarel, a insígnia especializada em produtos de higiene e beleza. Já em 2021, o Dia anunciou irá encerrar todas as lojas Clarel em Portugal até março.
No ano passado o grupo manteve a expansão dos serviços de venda online, que chegaram a Portugal no verão, e de entrega express, "para satisfazer as novas tendências de compra que foram aceleradas pelas restrições da pandemia". Em Portugal, "o serviço de venda online chega à maior parte das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e o serviço de entrega express encontra-se disponível em 95 lojas através de alianças estratégicas".
O grupo refere ainda a "contínua otimização do sortido e introdução de ligeiras reformas em mais de 380 lojas" no país, o equivalente a 77% do parque total.
Citado na mesma nota, o CEO do grupo, Stephan DuCharme, sublinha o "enorme esforço coletivo" levado a cabo pela empresa em 2020. "Graças ao acordo de refinanciamento e recapitalização impulsionado pelo nosso acionista de referência, o nosso negócio sustenta-se numa estrutura de capital estável a longo prazo, o que permitiu à equipa de direção focar-se exclusivamente na gestão dos clientes e do negócio", destaca o responsável.