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Do desafio da capitalização ao de reter talento: empresas precisam de escala

Associação Bussiness Roundtable Portugal organizou esta segunda-feira uma conferência denominada "querer e crescer". Secretário-geral da BRP diz que "há 163 empresas de média dimensão com capacidade para serem as próximas grandes empresas".

Vítor Chi
20 de Março de 2023 às 21:05
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"Há 163 empresas de média dimensão que acreditamos terem capacidade para serem as próximas grandes empresas", afirmou Pedro Ginjeira, secretário-geral da Associação Bussiness Roundtable Portugal (BRP), durante uma conferência que decorreu na Nova SBE, em Carcavelos.

O desafio em qualificar e reter talento, a necessidade de reduzir a burocracia e de as empresas terem capacidade de se capitalizar, foram alguns dos pontos apontados pelos presentes na conferência da associação, que foi lançada em 2021 com o objetivo de promover o crescimento do país. 

"O crescimento da economia depende muito também das grandes empresas. Já vimos que pagam melhores salários, investem mais em inovação e são mais produtivas. Portanto, a escala é absolutamente relevante", afirmou António Rios Amorim, Presidente e CEO do Grupo Amorim.

"Portugal só tem 29% da sua economia dependente das grandes empresas. Espanha tem 39%, uma França tem 55%. O peso das grandes economias que estão à frente da nossa é bastante superior. Portugal qualifica mal", acrescentou, em declarações aos jornalistas à margem do evento. "Temos de ajudar as empresas a dar o salto. As grandes empresas podem ajudar e contribuir. Muitos dos problemas que temos vindo a diagnosticar em Portugal serão significativamente reduzidos", asseverou, apelando a que se mobilizem recursos para empresas em trajetória de crescimento e não "às débeis e que têm pouco futuro". Apelou ainda a mais ambição e menos ideologia: "As empresas chegam a um determinado nível e parece que não são bem vistas".

O empresário apontou ainda que "a única solução para capitalizar as empresas é rentabilizá-las". Um tema que foi considerado pela vice-presidente do Banco de Portugal, Clara Raposo, como recorrente.

"Nesta última década houve uma melhora na autonomia financeira, mas quando relacionamos isso com o crescimento das pequenas e médias empresas, a conversa foca-se na concessão de crédito e isso é importante. Temos um sistema financeiro e bancário sólido e com liquidez para responder às necessidades destas empresas, mas o ponto essencial, a meu ver, tem a ver com um modelo de financiamento que não passa tanto pelo crédito, mas mais pelo capital próprio", afirmou.

"Um problema que temos é que quando as empresas conseguem ter o potencial para dar o salto, não se fixam em Portugal e acabam por ter uma outra forma de crescimento, vão para Silicon Valley ou para outras praças financeiras que não Portugal. Esta fragmentação que encontramos no financiamento de equity na Europa é um problema", acrescentou, apontando que tem de se perceber como criar na Europa um modelo de Capital Markets Union. "É essencial fortalecer o capital na Europa e para o crescimento das PME também. Promover que estas empresas recorram a capital própria e não só a dívida", continuou.

Realçou ainda que "a tributação e sobrecarga fiscal pode ser uma limitação a ter-se uma empresa em Portugal", ressalvando, contudo, que esta é uma limitação que tem a ver também com a forma como está construída a União Europeia.

"A qualificação dos trabalhadores é melhor do que a dos empregadores portugueses"

António Murta, co-fundador e CEO da Pathen, afirmou que o primeiro passo para combater o desafio de reter talento, é "os empresários assumirem que têm um problema". "A qualificação dos trabalhadores é melhor do que a dos empregadores portugueses e isso é descaradamente manifesto. Os empresários precisam de assumir que têm um problema, se não vamos continuar a fazer restaurantes toda a vida", disse.

O segundo, de acordo com o empresário, passa por uma educação continuada. "Estudar toda a vida na era do ChatGPT não é opção, é obrigação", continuou.

A redução de impostos configura também na lista de soluções que permitem combater este problema, mas não só. Paulo Rosado, CEO da Outsystems, defende que é necessário criar "empregos giros". "As startups são atrativas nisso, precisamos de ter mais", frisou. Já no que diz respeito às grandes empresas, a "rotação interna" é uma mais-valia. "Essa movimentação faz com que as pessoas fiquem mais qualificadas para enfrentar a mudança futura, mas as empresas precisam de escala para fazer isso", concluiu.

A BRP defende que as pequenas empresas devem tornar-se médias, as médias grandes e as grandes em globais. Para suportar este ponto de vista, a associação apresentou um estudo da Nova IMS, em que revela que mais 150 grandes empresas resultariam num aumento de 4% do Valor Acrescentado Bruto a preços de mercado (VAB). 
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