Notícia
Do desafio da capitalização ao de reter talento: empresas precisam de escala
Associação Bussiness Roundtable Portugal organizou esta segunda-feira uma conferência denominada "querer e crescer". Secretário-geral da BRP diz que "há 163 empresas de média dimensão com capacidade para serem as próximas grandes empresas".
"Há 163 empresas de média dimensão que acreditamos terem capacidade para serem as próximas grandes empresas", afirmou Pedro Ginjeira, secretário-geral da Associação Bussiness Roundtable Portugal (BRP), durante uma conferência que decorreu na Nova SBE, em Carcavelos.
O desafio em qualificar e reter talento, a necessidade de reduzir a burocracia e de as empresas terem capacidade de se capitalizar, foram alguns dos pontos apontados pelos presentes na conferência da associação, que foi lançada em 2021 com o objetivo de promover o crescimento do país.
"O crescimento da economia depende muito também das grandes empresas. Já vimos que pagam melhores salários, investem mais em inovação e são mais produtivas. Portanto, a escala é absolutamente relevante", afirmou António Rios Amorim, Presidente e CEO do Grupo Amorim.
"Portugal só tem 29% da sua economia dependente das grandes empresas. Espanha tem 39%, uma França tem 55%. O peso das grandes economias que estão à frente da nossa é bastante superior. Portugal qualifica mal", acrescentou, em declarações aos jornalistas à margem do evento. "Temos de ajudar as empresas a dar o salto. As grandes empresas podem ajudar e contribuir. Muitos dos problemas que temos vindo a diagnosticar em Portugal serão significativamente reduzidos", asseverou, apelando a que se mobilizem recursos para empresas em trajetória de crescimento e não "às débeis e que têm pouco futuro". Apelou ainda a mais ambição e menos ideologia: "As empresas chegam a um determinado nível e parece que não são bem vistas".
O empresário apontou ainda que "a única solução para capitalizar as empresas é rentabilizá-las". Um tema que foi considerado pela vice-presidente do Banco de Portugal, Clara Raposo, como recorrente.
"Nesta última década houve uma melhora na autonomia financeira, mas quando relacionamos isso com o crescimento das pequenas e médias empresas, a conversa foca-se na concessão de crédito e isso é importante. Temos um sistema financeiro e bancário sólido e com liquidez para responder às necessidades destas empresas, mas o ponto essencial, a meu ver, tem a ver com um modelo de financiamento que não passa tanto pelo crédito, mas mais pelo capital próprio", afirmou.
"Um problema que temos é que quando as empresas conseguem ter o potencial para dar o salto, não se fixam em Portugal e acabam por ter uma outra forma de crescimento, vão para Silicon Valley ou para outras praças financeiras que não Portugal. Esta fragmentação que encontramos no financiamento de equity na Europa é um problema", acrescentou, apontando que tem de se perceber como criar na Europa um modelo de Capital Markets Union. "É essencial fortalecer o capital na Europa e para o crescimento das PME também. Promover que estas empresas recorram a capital própria e não só a dívida", continuou.
Realçou ainda que "a tributação e sobrecarga fiscal pode ser uma limitação a ter-se uma empresa em Portugal", ressalvando, contudo, que esta é uma limitação que tem a ver também com a forma como está construída a União Europeia.
"A qualificação dos trabalhadores é melhor do que a dos empregadores portugueses"
António Murta, co-fundador e CEO da Pathen, afirmou que o primeiro passo para combater o desafio de reter talento, é "os empresários assumirem que têm um problema". "A qualificação dos trabalhadores é melhor do que a dos empregadores portugueses e isso é descaradamente manifesto. Os empresários precisam de assumir que têm um problema, se não vamos continuar a fazer restaurantes toda a vida", disse.
O segundo, de acordo com o empresário, passa por uma educação continuada. "Estudar toda a vida na era do ChatGPT não é opção, é obrigação", continuou.
A redução de impostos configura também na lista de soluções que permitem combater este problema, mas não só. Paulo Rosado, CEO da Outsystems, defende que é necessário criar "empregos giros". "As startups são atrativas nisso, precisamos de ter mais", frisou. Já no que diz respeito às grandes empresas, a "rotação interna" é uma mais-valia. "Essa movimentação faz com que as pessoas fiquem mais qualificadas para enfrentar a mudança futura, mas as empresas precisam de escala para fazer isso", concluiu.
A BRP defende que as pequenas empresas devem tornar-se médias, as médias grandes e as grandes em globais. Para suportar este ponto de vista, a associação apresentou um estudo da Nova IMS, em que revela que mais 150 grandes empresas resultariam num aumento de 4% do Valor Acrescentado Bruto a preços de mercado (VAB).
O desafio em qualificar e reter talento, a necessidade de reduzir a burocracia e de as empresas terem capacidade de se capitalizar, foram alguns dos pontos apontados pelos presentes na conferência da associação, que foi lançada em 2021 com o objetivo de promover o crescimento do país.
"Portugal só tem 29% da sua economia dependente das grandes empresas. Espanha tem 39%, uma França tem 55%. O peso das grandes economias que estão à frente da nossa é bastante superior. Portugal qualifica mal", acrescentou, em declarações aos jornalistas à margem do evento. "Temos de ajudar as empresas a dar o salto. As grandes empresas podem ajudar e contribuir. Muitos dos problemas que temos vindo a diagnosticar em Portugal serão significativamente reduzidos", asseverou, apelando a que se mobilizem recursos para empresas em trajetória de crescimento e não "às débeis e que têm pouco futuro". Apelou ainda a mais ambição e menos ideologia: "As empresas chegam a um determinado nível e parece que não são bem vistas".
O empresário apontou ainda que "a única solução para capitalizar as empresas é rentabilizá-las". Um tema que foi considerado pela vice-presidente do Banco de Portugal, Clara Raposo, como recorrente.
"Nesta última década houve uma melhora na autonomia financeira, mas quando relacionamos isso com o crescimento das pequenas e médias empresas, a conversa foca-se na concessão de crédito e isso é importante. Temos um sistema financeiro e bancário sólido e com liquidez para responder às necessidades destas empresas, mas o ponto essencial, a meu ver, tem a ver com um modelo de financiamento que não passa tanto pelo crédito, mas mais pelo capital próprio", afirmou.
"Um problema que temos é que quando as empresas conseguem ter o potencial para dar o salto, não se fixam em Portugal e acabam por ter uma outra forma de crescimento, vão para Silicon Valley ou para outras praças financeiras que não Portugal. Esta fragmentação que encontramos no financiamento de equity na Europa é um problema", acrescentou, apontando que tem de se perceber como criar na Europa um modelo de Capital Markets Union. "É essencial fortalecer o capital na Europa e para o crescimento das PME também. Promover que estas empresas recorram a capital própria e não só a dívida", continuou.
Realçou ainda que "a tributação e sobrecarga fiscal pode ser uma limitação a ter-se uma empresa em Portugal", ressalvando, contudo, que esta é uma limitação que tem a ver também com a forma como está construída a União Europeia.
"A qualificação dos trabalhadores é melhor do que a dos empregadores portugueses"
António Murta, co-fundador e CEO da Pathen, afirmou que o primeiro passo para combater o desafio de reter talento, é "os empresários assumirem que têm um problema". "A qualificação dos trabalhadores é melhor do que a dos empregadores portugueses e isso é descaradamente manifesto. Os empresários precisam de assumir que têm um problema, se não vamos continuar a fazer restaurantes toda a vida", disse.
O segundo, de acordo com o empresário, passa por uma educação continuada. "Estudar toda a vida na era do ChatGPT não é opção, é obrigação", continuou.
A redução de impostos configura também na lista de soluções que permitem combater este problema, mas não só. Paulo Rosado, CEO da Outsystems, defende que é necessário criar "empregos giros". "As startups são atrativas nisso, precisamos de ter mais", frisou. Já no que diz respeito às grandes empresas, a "rotação interna" é uma mais-valia. "Essa movimentação faz com que as pessoas fiquem mais qualificadas para enfrentar a mudança futura, mas as empresas precisam de escala para fazer isso", concluiu.
A BRP defende que as pequenas empresas devem tornar-se médias, as médias grandes e as grandes em globais. Para suportar este ponto de vista, a associação apresentou um estudo da Nova IMS, em que revela que mais 150 grandes empresas resultariam num aumento de 4% do Valor Acrescentado Bruto a preços de mercado (VAB).