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CTT têm "mais certezas" sobre o pagamento de dividendos depois de corte "prudencial" em 2020
No ano passado, os CTT cancelaram, pela primeira vez, o pagamento de dividendos devido à incerteza causada pela pandemia. Para este ano, a administração de João Bento propõe a distribuição de 12,75 milhões de euros aos acionistas com "mais certezas" quanto ao pagamento.
"Não creio que o caráter excecional de alteração da proposta do conselho de administração, que foi validada unanimemente pela assembleia geral, se possa repetir. Fizemo-lo, em parte, por razões prudenciais.Tomámos essa decisão, e bem, numa altura em que a incerteza era enorme", sublinha João Bento.
"Chegámos a ter um resultado líquido negativo no primeiro semestre do ano passado. Enfrentámos um ano cheio de riscos. Hoje temos a certeza absoluta de que somos capazes de reagir a essas crises. Os resultados do quarto trimestre, que são extraordinariamente positivos, mostram o que são uns CTT com muito menos correio. E mostram uma capacidade de resiliência e resistência à crise que acredito que ficará para sempre", defende João Bento.
Para o responsável, a incerteza quanto ao futuro, no que diz respeito à pandemia, "parece-nos hoje bastante mais atenuada, e a nossa certeza quanto à capacidade de resistir está também muito mais forte". A quebra na unidade de correio foi compensada pelas encomendas, pela dívida pública e pelo Banco CTT, que deu lucro pela primeira vez.
"Nós hoje somos uma empresa completamente diferente, somos o promotor do comércio eletrónico em Portugal, ganhámos quota nesse domínio, temos feito coisas impensáveis no apoio à presença digital das empresas. Estamos a criar um legado que se vai multiplicar", ressalva.
Apesar do menor grau de incerteza, os CTT reconhecem, no relatório da apresentação de resultados, que o novo confinamento, que teve início na segunda quinzena de janeiro, poderá ter "um impacto negativo a nível económico e social, que irá afetar a sociedade em geral e os negócios do Grupo, o que poderá impactar as atuais estimativas elaboradas".
As estimativas apontam, para já, para "um crescimento de um dígito elevado no que se refere aos rendimentos operacionais, EBITDA a crescer dois dígitos, EBIT superior a 50 milhões" e um investimento de cerca de 35 milhões, dos quais 15 milhões referentes a investimento em crescimento.
Estes 15 milhões de euros serão alocados aos "dois grandes eixos de aposta" dos CTT em 2021, revela ao Negócios o CFO do grupo, Guy Pacheco. "O principal será o investimento em automação da nossa área expresso, nomeadamente em máquinas de tratamento de encomendas". A outra parte do investimento será alocada aos sistemas de informação "em tudo o que é digitalização da relação com os clientes, não só na área de correio expresso mas também na expansão dos canais digitais do Banco CTT".