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Costa e Scholz debatem exportação de hidrogénio verde para a Alemanha a partir de Sines

A curto prazo, Portugal será um grande exportador de hidrogénio. "Estamos a desenvolver novas soluções em Sines", garantiu o primeiro-ministro português. O chanceler alemão diz que o país pode dar "contributo valioso".

Reuters
29 de Maio de 2022 às 20:31
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O chanceler alemão, Olaf Scholz, revelou este domingo na cerimónia de abertura da maior feira industrial do mundo Hannover Messe, que um dos principais temas que estará em cima da mesa e em debate estes dias entre ele e o primeiro-ministro português, António Costa, será a aceleração de produção de hidrogénio verde e a sua contribuição para descarbonizar a indústria alemã.

"A indústria pode ser uma atividade económica amiga do clima", disse o chanceler, que referiu a recente criação do Clube Internacional do Clima, no âmbito do G7, garantindo que Portugal pode dar um contributo valioso no que diz respeito ao hidrogénio e às energias renováveis, uma aposta forte da Alemanha neste momento, forçada a resolver, e rápido, o seu problema de dependência dos combustíveis fósseis russos.

Na qualidade de primeiro-ministro do país convidado para estar em destaque na feira, com 109 empresas presentes, Costa garante que Portugal está de facto na linha da frente do hidrogénio verde, com todo um pipeline de projetos em desenvolvimento. "A curto prazo, Portugal será um grande exportador de hidrogénio. Estamos a desenvolver novas soluções em Sines", garantiu o primeiro-ministro português.

Guerra e energia foram as duas palavras que marcaram a abertura da Hannover Messe e os discursos dos governantes dos dois países. Depois de dois anos impedida de se realizar, por causa da pandemia global de Covid -19, esta é uma "feira em tempo de guerra", disse o presidente da Câmara de Hannover, a fazer lembrar a primeira edição, em 1947, em pleno pós-Segunda Guerra Mundial, quando os visitantes eram atraídos para a feira com "sandes e peixe".

"Feiras como esta vivem do encontro pessoal, de estarmos juntos ao vivo e a cores", disse o chefe do Governo alemão.

Nesse tempo havia que industrializar do zero a economia alemã pós-guerra, agora é preciso descarbonizá-la, diz Scholz. Sobre Portugal, diz que nos últimos anos tem escrito uma história de sucesso, com investigação de ponta, que já atraiu a presença de mais de 600 empresas alemãs em Portugal, não só grandes empresas, mas também PME.  

Costa aproveitou a "deixa" para "vender" o potencial do tecido empresarial nacional, que todos os anos marca presença na feira de Hannover, tendo agora oportunidade de fortalecer ainda mais os laços e dar a conhecer a "excelência da nossa indústria". "Há um novo país para conhecer", garantiu Costa, que exporta 30% em metalomecânica, onde a indústria e a inovação andam de mãos dadas e os bens e serviços são "made and created in Portugal", como diz o CEO da Bosch.

E desafiou os empresário alemães da indústria dos moldes a trocarem os seus atuais parceiros asiáticos (que valem 35% das importações) por empresas portuguesas, o que permite encurtar cadeias de valor e estabelecer novas parcerias com as mais de 750 empresas de moldes presentes na feira.

"Portugal está presente na dupla transição energética e digital e é o país mais bem preparado para cumprir as metas da EU. Estamos a apostar em cadeias de valor mais curtas e sustentáveis. Portugal fará sentido na indústria do futuro", rematou Costa.

Por seu lado, o chanceler alemão frisou que o "ataque da Rússia marca o início de uma nova era depois de décadas de paz na Europa", com impactos no abastecimento de energia, problemas nas cadeias de abastecimento.

"Mas nada torna a transformação industrial menos urgente. E a nossa independência energética é um imperativo nacional. Daí estarmos a apostar em terminais de GNL, a dar incentivos à investigação e a quem aposta na transição climática, a encurtar tempos de construção para metade. Já começámos a acelerar no solar e no eólico. É uma grande oportunidade para a indústria alemã e as vossas empresas podem testar as suas soluções inovadoras. A Alemanha pode ser o primeiro país industrializado neutro. Juntos, vamos conseguir descarbonizar a indústria", finalizou o governante alemão dirigindo-se a Costa.

*A jornalista viajou a convite da AICEP Portugal
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