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Comissário Carlos Moedas marcha e apela aos gritos pela ciência

O comissário europeu Carlos Moedas desafiou este sábado os cientistas a "não terem medo de gritar pela ciência" e a manifestarem-se, porque "sem ciência não há paz, não há democracia e não há futuro".

Carlos Moedas desafiou os cientistas a "não terem medo de gritar pela ciência". Pedro Elias
22 de Abril de 2017 às 18:37
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O comissário europeu da Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, foi este sábado, 22 de Abril, um dos participantes na "Marcha pela Ciência", uma iniciativa que decorreu em Lisboa e em muitas outras cidades do mundo para apoiar e celebrar o papel da ciência na sociedade.

 

A marcha juntou em Lisboa centenas de pessoas, na maior parte jovens, que percorreram algumas ruas da cidade até ao Largo do Carmo, onde Carlos Moedas, entre outros participantes, enalteceu a ciência que se faz na Europa e disse que em dois anos e meio como comissário nunca viu cientistas a manifestarem-se à sua porta em Bruxelas.

 

Mas no mesmo período viu "a melhor ciência do mundo feita na Europa", em que se obteve a primeira vacina contra o ébola, um feito quase ignorado, e viu um europeu a descobrir novos planetas, algo que a imprensa atribuiu à NASA (agência espacial norte-americana), lamentou.

 

O responsável assistiu a demonstrações de tolerância através da ciência, que junta, por exemplo, israelitas e palestinianos, mas também ao desacreditar da ciência por parte dos que defendem a "era da pós-verdade", como disse aos presentes no Largo do Carmo, concluindo: "Não se esqueçam de que fazemos a melhor ciência, que somos os melhores."

 

A marcha, de acordo com Gil Costa, cientista e um dos organizadores, serviu para mostrar solidariedade para com países "onde os decisores políticos são uma ameaça para a comunidade científica" e decorreu em mais de 50 cidades, sendo "a maior manifestação de sempre de apoio à ciência".

 

Em Lisboa o apoio fez-se com uma profusão de cartazes improvisados, muitos em português, com frases como "queres evidência toma lá ciência" ou "não há liberdade sem ciência, mas também em inglês, como "I don´t beleave in signs" ou "make facts not fakes".

 

Além do comissário europeu, os manifestantes puderam ouvir a professora e investigadora Maria Mota, diretora do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, afirmar que a ciência é a principal ferramenta ao serviço da humanidade.

 

Olga Pombo, professora e investigadora da Universidade de Lisboa, foi muito aplaudida quando disse que a ciência deve ser financiada publicamente e que os cientistas e a sociedade em geral não devem querer laboratórios "comandados por generais e homens de negócios".

 

Alexandre Quintanilha, professor e deputado, lembrou os avanços ao longo dos séculos promovidos pela inovação social, tecnológica e humana, do direito de voto das mulheres ao aumento para o dobro da esperança de vida em apenas um século.

 

Frisando que todos os partidos no parlamento apoiam a ciência, o deputado também instou os presentes a manifestarem-se, a levarem as suas ideias à Assembleia da República e a continuarem a lutar pelo conhecimento, "forma de diluir as mensagens tóxicas que pessoas como Donald Trump", Presidente dos Estados Unidos, transmitem todos os dias.

 

Porque as histórias de sucesso "não fazem notícia", são essas histórias que têm se ser contadas e defendidas, disse, depois de recordar o antigo ministro do sector já falecido Mariano Gago.

 

A Marcha pela Ciência decorre hoje durante toda a tarde com outras iniciativas em vários pontos do Chiado (onde fica o Largo do Carmo) e Bairro Alto, como actividades interactivas, conversas com cientistas e debates.

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