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Comissário Moedas mostrou créditos a empreendedores

Mais do que os instrumentos para apoiar projectos inovadores das PME, Carlos Moedas acredita que o “selo de ser europeu e de ter o apoio da Comissão Europeia” pode fazer a diferença na conquista de apoio suplementar em mercados mais alargados.

03 de Abril de 2017 às 10:00
Após ouvir dizer que "o ecossistema de start-ups em Portugal se desenvolveu de forma espantosa nos últimos cinco, seis anos", as centenas de jovens empreendedores reunidos no recente Caixa Empreender Award poderão até ter ficado surpreendidos com a nota forte da intervenção do português que é comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação.

Sem cheques em branco, Carlos Moedas advertiu que no espaço europeu, os jovens empreendedores "vão ter de lidar com os políticos e essa será a chave dos que terão ou não êxito".



Ficou o aviso daquilo que o comissário considera tratar-se já "de uma realidade e de uma realidade positiva". Como explicitou, depois da intervenção ao Negócios em Rede, "se vamos construir empresas que vão estar em sectores regulados, seja da energia, da água, da alimentação, a internet, há que seguir essas regras e elas devem existir".

Na outra face da moeda, "os políticos também vão ter de lidar com os empresários de uma maneira diferente. E aquela ideia de que vão construir leis e regular sozinhos não pode mais existir."

Desenvolvendo a sua perspectiva, o comissário vê, entre os empresários, "uma geração muito diferente da anterior, porque quer correr riscos e criar empresas", mas também "uma geração diferente de políticos".



Incentivos fazem a diferença
Carlos Moedas assinala que entre europeus e norte-americanos, "a diferença não está no investimento público, mas no investimento privado, que nos Estados Unidos é superior àquele que se verifica na Europa".

Assim, "a questão não é a mentalidade ou a cultura, mas o incentivo que temos à nossa volta. E é nisto que é preciso trabalhar nos vários países da Europa, criar esses incentivos à volta do empreendedorismo".

O chamado "fundo de fundos" é para o comissário uma forte aposta, que deu recentemente mais um passo com a adesão de "17 parceiros, todos privados". Aos 400 milhões de euros de dotação inicial da Comissão Europeia, os promotores terão de conseguir reunir mais 75% do capital. E assim "chegar aos 1,6 mil milhões de euros de capital de risco" para apoiar projectos de start-ups.

A Comissão Europeia fechou no final de Janeiro o processo de candidaturas dos fundos privados interessados na parceria, após o convite feito pelo próprio Carlos Moedas, em Novembro, na Web Summit, em Lisboa, para a adesão e criação deste Pan-European Venture Capital Funds-of-Funds.

"Este é um marco na criação de um fundo pan-europeu de fundos de capital de risco, que irá aumentar significativamente os níveis de investimento em novas gerações de empresas europeias altamente inovadoras e ajudá-las a alcançar as suas ambições globais", escreveu Moedas na página da Comissão Europeia.

No Caixa Empreender Award, o comissário considerou estarmos num momento crucial para que o "fundo de fundos" entre em vigor. Caso contrário, "vamos perder imensa inovação".



Na Europa, a dimensão média de um fundo de capital de risco é de 60 milhões de euros, sensivelmente metade do que acontece nos Estados Unidos. Trata-se de uma distância que Carlos Moedas quer encurtar com o "fundo de fundos", um mecanismo com a participação de privados, e que possa "ser mais paciente e chegar a empresas onde o dinheiro público muitas vezes não chega. Se isto tiver sucesso, penso que podemos ficar mais perto dos Estados Unidos."

Além desta medida que está em marcha, Carlos Moedas lembrou também a existência de instrumentos paralelos que permitem à União Europeia fomentar a inovação e o empreendedorismo.

Como salientou o comissário, a Europa tem inúmeros instrumentos, desde logo o "SME Instrument" (Small and Medium-sized Enterprises Instrument), cujo contributo para a ciência e inovação, "pode ir de 50 mil euros, para desenvolver uma ideia, a dois ou três milhões de euros para criar um negócio".

O SME Instrument tem três mil milhões para aplicar até 2020 e desde há dois anos, segundo o balanço dos organismos comunitários, já investiu 513 milhões de euros, tendo seleccionado mais de 1.200 pequenas e médias empresas.

Carlos Moedas realçou ainda a criação do Conselho Europeu de Inovação (European Innovation Council), delineado por 15 empreendedores europeus, entre os quais Paddy Cosgrave, mentor da Web Summit, e o português Carlos Nuno Oliveira, presidente da InvestBraga e Startup Braga e ex-secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação.





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