Notícia
China anuncia medidas de apoio para construtoras que enfrentam crise de liquidez
As medidas divulgadas por Pequim "garantem" a conclusão dos imóveis e direcionam os bancos a conceder "empréstimos especiais" para atingir esse fim.
14 de Novembro de 2022 às 09:57
A China anunciou esta segunda-feira medidas para impulsionar o setor imobiliário, considerado crucial para a economia chinesa, mas abalado por uma crise de liquidez, depois de as autoridades terem restringido o acesso ao crédito.
As autoridades estabeleceram 16 medidas para estimular o setor, incluindo diretrizes do banco central e do regulador bancário e de seguros, que visam garantir maior acesso ao crédito para ajudar os construtores mais endividados a concluir projetos inacabados.
Devido à falta de liquidez, alguns grupos suspenderam os trabalhos de construção de milhares de condomínios em todo o país. Em protesto, um número crescente de proprietários que adquiriu os imóveis em regime pré-venda recusou pagar as prestações mensais, ameaçando agravar a crise.
As medidas divulgadas por Pequim "garantem" a conclusão dos imóveis e direcionam os bancos a conceder "empréstimos especiais" para atingir esse fim, segundo uma diretiva citada pela imprensa chinesa.
Essa decisão reflete uma "viragem" na postura das autoridades, desde que em 2020 decidiram restringir o acesso das construtoras ao crédito, de acordo com o economista Ting Lu, do banco japonês Nomura. "Estas medidas mostram que Pequim está pronta para reverter a maioria das suas decisões", afirmou Lu, num relatório.
A notícia fez com que a Bolsa de Valores de Hong Kong subisse esta segunda-feira mais de 3% na abertura, com destaque para os fortes ganhos das imobiliárias.
O país asiático registou um 'boom' no setor imobiliário, desde a liberalização do mercado, em 1998, num país onde a aquisição de propriedade é um pré-requisito para casar e o principal veículo de investimento das classes abastadas do país.
Mas os reguladores passaram a exigir, em 2020, um teto de 70% na relação entre passivos e ativos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no setor.
Desde então, o acesso ao crédito pelas construtoras encolheu consideravelmente, enquanto a procura por imóveis afundou na China, face a uma desaceleração económica e à incerteza criada pelas medidas de prevenção contra a covid-19.
Várias construtoras chinesas entraram em incumprimento. O caso mais emblemático envolve a Evergrande Group, cuja dívida, que supera o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, vai ser reestruturada.
Diferentes analistas estimam existir na China propriedades vazias suficientes para abrigar mais de 90 milhões de pessoas -- cerca de nove vezes a população portuguesa.
Em muitos casos, as casas são mantidas vazias pelos proprietários, por serem assim mais fáceis de vender a um próximo especulador.
A crise no imobiliário tem assim fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o setor concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas -- cerca de 70%, segundo diferentes estimativas.
Também na sexta-feira passada, a China anunciou o relaxamento de várias medidas de prevenção epidémica que penalizaram fortemente a economia, incluindo a redução do período de quarentena para chegadas internacionais.
O país asiático é a última grande economia a manter uma política de tolerância zero ao novo coronavírus.
Esta estratégia, designada 'zero covid', inclui o isolamento de bairros, distritos ou cidades inteiras e o isolamento de todos os casos positivos e respetivos contactos diretos em instalações designadas. Esta política tem implicações significativas para as cadeias de fornecimento globais e o consumo doméstico.
As autoridades estabeleceram 16 medidas para estimular o setor, incluindo diretrizes do banco central e do regulador bancário e de seguros, que visam garantir maior acesso ao crédito para ajudar os construtores mais endividados a concluir projetos inacabados.
As medidas divulgadas por Pequim "garantem" a conclusão dos imóveis e direcionam os bancos a conceder "empréstimos especiais" para atingir esse fim, segundo uma diretiva citada pela imprensa chinesa.
Essa decisão reflete uma "viragem" na postura das autoridades, desde que em 2020 decidiram restringir o acesso das construtoras ao crédito, de acordo com o economista Ting Lu, do banco japonês Nomura. "Estas medidas mostram que Pequim está pronta para reverter a maioria das suas decisões", afirmou Lu, num relatório.
A notícia fez com que a Bolsa de Valores de Hong Kong subisse esta segunda-feira mais de 3% na abertura, com destaque para os fortes ganhos das imobiliárias.
O país asiático registou um 'boom' no setor imobiliário, desde a liberalização do mercado, em 1998, num país onde a aquisição de propriedade é um pré-requisito para casar e o principal veículo de investimento das classes abastadas do país.
Mas os reguladores passaram a exigir, em 2020, um teto de 70% na relação entre passivos e ativos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no setor.
Desde então, o acesso ao crédito pelas construtoras encolheu consideravelmente, enquanto a procura por imóveis afundou na China, face a uma desaceleração económica e à incerteza criada pelas medidas de prevenção contra a covid-19.
Várias construtoras chinesas entraram em incumprimento. O caso mais emblemático envolve a Evergrande Group, cuja dívida, que supera o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, vai ser reestruturada.
Diferentes analistas estimam existir na China propriedades vazias suficientes para abrigar mais de 90 milhões de pessoas -- cerca de nove vezes a população portuguesa.
Em muitos casos, as casas são mantidas vazias pelos proprietários, por serem assim mais fáceis de vender a um próximo especulador.
A crise no imobiliário tem assim fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o setor concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas -- cerca de 70%, segundo diferentes estimativas.
Também na sexta-feira passada, a China anunciou o relaxamento de várias medidas de prevenção epidémica que penalizaram fortemente a economia, incluindo a redução do período de quarentena para chegadas internacionais.
O país asiático é a última grande economia a manter uma política de tolerância zero ao novo coronavírus.
Esta estratégia, designada 'zero covid', inclui o isolamento de bairros, distritos ou cidades inteiras e o isolamento de todos os casos positivos e respetivos contactos diretos em instalações designadas. Esta política tem implicações significativas para as cadeias de fornecimento globais e o consumo doméstico.