O governo polaco decidiu, no início desta semana, impor restrições de consumo de electricidade aos grandes clientes energéticos (cerca de 8.000 utilizadores, essencialmente industriais) a operar no território, algo que não ocorria desde a década de 80, de acordo com a Bloomberg.

A imposição, que deverá ser levantada já esta madrugada quando a maior central eléctrica do país (Belchatow) retomar a conexão à rede, foi causada pelo efeito de três factores: Agosto, altura da habitual época de manutenção para as centrais energéticas, está a ser especialmente quente este ano, com a capital polaca a atingir os 36,6º Celsius esta semana. Além disso, as importações polacas de energia de países vizinhos também sofreram com uma pausa não prevista de um reactor nuclear na República Checa.

Biedronka e Hebe excluídas

Em resposta ao Negócios sobre potenciais efeitos para a operação de retalho que a Jerónimo Martins tem naquele país – 2.655 lojas Biedonka e 122 parafarmácias Hebe no final do último semestre – fonte oficial garantiu que as medidas não alteraram a operação.

"As restrições já decididas pela autoridade competente da Polónia só se aplicam a localizações em que o consumo diário de energia seja superior a 300 Kw, o que exclui as nossas lojas Biedronka e Hebe", explicou por email, fonte oficial do grupo.

Houve contudo, na área logística da JM na Polónia, adopção de alguns procedimentos, admitiu a mesma fonte: "Para cumprir o limite de consumo estipulado, activámos geradores (movidos a gasóleo) nos centros de distribuição e, nos escritórios centrais, reforçámos algumas medidas de poupança de energia, designadamente condicionamento da utilização de ar condicionado, elevadores e iluminação.

O grupo, presente na Biedronka desde 1995, tem hoje "15 centros de distribuição na Polónia, com uma área superior a 360.000 metros quadrados", segundo a informação actualmente disponível no "site" oficial. A JM realizou, no primeiro semestre deste ano, 67,7% das vendas consolidadas nesse período na Polónia.

"Para já, não registámos perturbação da actividade normal", resume fonte oficial do grupo de distribuição português, que reforça a indicação que as limitações energéticas tem carácter provisório e devem ser abolidas em breves: "com base na informação de que dispomos neste momento sobre a evolução esperada desta situação no país, contamos que as restrições sejam levantadas nos próximos dias".

Ikea chegou a encerrar loja

Quem chegou mesmo a encerrar uma das nove lojas que detém em território polaco foi a sueca Ikea, mais precisamente a unidade em Katowice. A loja de mobiliário e decoração esteve encerrada na segunda-feira, 10 de Agosto, e reabriu um dia depois, mas já sem almondêgas.

O grupo suco decidiu retirar o típico prato e outros alimentos quentes do menu , explicou a Bloomberg no início da semana, para poupar a energia utilizada na sua confecção. "Em outras lojas polacas", afirmou à agência norte-americana Katarzyna Balashov, porta-voz da Ikea naquele país, "limitámos a utilização de iluminação e ar condicionado", monitorizando as flutuações de temperatura na região", acrescentou.