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Belmiro de Azevedo: "Só sou exigente para os mandriões"

O "chairman" da Sonae aconselhou as empresas e os trabalhadores portugueses a apostar na "formação permanente", a não perderem os "comboios da inovação" e avisou que "trabalhar não mata, estar quieto é que provoca obesidade".

14 - Belmiro de Azevedo, Sonae Indústria. 0,45%
Paulo Duarte
10 de Março de 2014 às 19:11
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Aos 76 anos, Belmiro de Azevedo recusa juntar-se "ao grupo de anciões" e admite o "vício" de trabalhar. "Às vezes dizem que sou exigente, mas só sou exigente para os mandriões. Se todos fizerem o que devem fazer não temos problemas", disse esta segunda-feira, 10 de Março, o empresário nortenho durante a conferência de lançamento do Prémio Caixa Empreender, no Porto.

 

Após receber o Prémio Inspiração, atribuído numa iniciativa conjunta do Negócios e da Caixa Geral de Depósitos "em reconhecimento de uma longa carreira de empreendedorismo, de reconhecido mérito e sucesso sustentado", o histórico líder da Sonae referiu que, quem quiser trabalhar na empresa, "tem que continuar a estudar, tem que ter disponibilidade e não arranjar desculpas para não estar no trabalho".

 

"Tem que haver uma postura de longo prazo, 'long living'. A empresa já fez 50 anos há uns anos, eu também já fiz 50 anos a trabalhar e continuo a levantar-me todos os dias às 5h30 da manhã e chego a casa às 20h. Há quem diga que devia ir para casa mais cedo, mas ao final da tarde dedico-me mais a ler coisas e menos a massacrar alguém. Só bati duas vezes na minha vida e foram no liceu. E também levei", gracejou Belmiro de Azevedo.

 

O empresário nortenho acrescentou que actualmente é "igual a qualquer um dos funcionários" da empresa e às "críticas" de quem aponta "exagero" à cultura da empresa detentora, entre outros, dos hipermercados Continente, respondeu que "trabalhar não mata, estar quieto é que provoca obesidade".

 

Na sessão de abertura da primeira conferência Prémio Caixa Empreender, que irá passar nas próximas semanas por várias cidades portuguesas, o presidente do banco público, José de Matos, elogiou Belmiro de Azevedo por ter "inspirado gerações de empresários portugueses". Também Paulo Fernandes, presidente da Cofina (proprietária do Negócios) apontou que o premiado "corporiza o espírito do empreendedor, inspirou e formou gerações de outros gestores e empreendedores" e "foi mentor de muitos deles".

 

"Não pode faltar dinheiro na economia"

 

Perante uma plateia que ao final da tarde preencheu o auditório do Instituto Superior de Engenharia do Porto, Belmiro de Azevedo recordou os tempos passados em que "para se melhorar a produtividade criavam-se empresas internas para fazer contabilidade e coisas desse género", para avisar os empresários e gestores portugueses que "toda a produtividade que se ganha com a criação dos serviços em casa acaba por ser um ninho de desperdícios".

 

Quanto aos pontos-chave para o sucesso empresarial, o engenheiro apontou a "mobilidade, formação permanente e agressividade em termos de inovação porque hoje em dia quem não apanhar um dos comboios da inovação fica fora de combate". Ainda que, reconheceu, "nem sempre é fácil manter uma pedalada forte, sobretudo na área industrial" num presente em que o financiamento às empresas ainda não é um problema completamente resolvido.

 

Exemplificando que "uma prensa moderna [para a área industrial] custa mais do que um Boeing, é um investimento pesado, difícil de substituir e que tem um payback muito longo", Belmiro de Azevedo deixou ainda uma "pequena reclamação aos banqueiros". "Concordo que o Estado português nas condições actuais tem de ter alguma prioridade nos investimentos porque o Estado central não pode falir (...). Mas onde não pode faltar dinheiro é na economia, sobretudo nos sectores primário e secundário. Aí está a origem da riqueza", concluiu o "chairman" da Sonae.

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