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Bancos da Zona Euro flexibilizam crédito à habitação pela primeira vez em dois anos

Segundo o BCE, a concorrência e a tolerância ao risco por parte dos bancos foram os principais fatores que contribuíram para esta flexibilização dos critérios para a concessão de crédito hipotecário.

Inflação subjacente na Zona Euro, que tem estado na mira do BCE, teve uma variação média anual de 4,9%. Valor compara com 3,5% em 2022.
Wolfgang Rattay/Reuters
09 de Abril de 2024 às 12:03
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Os bancos comerciais da Zona Euro comunicaram pela primeira vez desde o quarto trimestre de 2021 uma flexibilização moderada dos critérios para a concessão de empréstimos às famílias para aquisição de habitação, afirmou esta terça-feira o Banco Central Europeu (BCE).

De acordo com o inquérito do BCE sobre empréstimos bancários divulgado esta terça-feira, realizado entre 29 de fevereiro e 15 de março junto de 157 bancos, esta flexibilização surge depois de os bancos terem comunicado um ligeiro endurecimento das condições dos critérios para a concessão de crédito no trimestre anterior e em contraste com a maior restritividade que os bancos previam.

A concorrência e a tolerância ao risco por parte dos bancos foram os principais fatores que contribuíram para esta flexibilização dos critérios para a concessão de crédito hipotecário.

O BCE salienta ainda que a flexibilização dos critérios para a concessão de crédito hipotecário por parte dos bancos foi em grande parte impulsionada pelos bancos franceses, mas também se concretizou em países mais pequenos.

No que respeita às outras três grandes economias, os bancos alemães registaram um aumento líquido da restritividade e os bancos espanhóis e italianos mantiveram inalterados os critérios para a concessão de crédito.

No que respeita às empresas, os bancos da Zona Euro reportaram um ligeiro endurecimento dos critérios para a concessão de empréstimos ou linhas de crédito no primeiro trimestre de 2024, embora com uma intensidade inferior à anteriormente esperada pelos bancos, enquanto os critérios de concessão de empréstimos ao consumo e outros empréstimos às famílias também voltaram a ser mais restritivos.

Para o segundo trimestre de 2024, os bancos esperam uma restritividade líquida moderada dos empréstimos às empresas e a manutenção dos critérios de concessão de crédito às famílias.

Do lado da procura, os bancos comunicaram uma nova descida substancial da procura da concessão de crédito por parte das empresas e uma pequena descida da procura de crédito hipotecário por parte dos particulares, enquanto a procura de crédito ao consumo e de outros empréstimos às famílias permaneceu globalmente estável no primeiro trimestre de 2024.

"Como tem sido o caso nos últimos trimestres, as taxas de juro mais elevadas, bem como o menor investimento fixo das empresas e a menor confiança dos consumidores das famílias, exerceram uma pressão atenuante sobre a procura de empréstimos", explica o BCE.

A este respeito, a instituição sublinha que a descida substancial da procura de empréstimos por parte das empresas contrastou com as anteriores expectativas de estabilização dos bancos.

Numa análise prospetiva, os bancos da Zona Euro esperam uma descida moderada da procura de empréstimos a empresas e um aumento da procura de empréstimos a particulares no segundo trimestre de 2024.

Por outro lado, os bancos inquiridos reportaram um novo impacto das decisões do BCE sobre as taxas de juro nas margens de juro líquidas nos últimos seis meses, embora se espere que o impacto cumulativo diminua nos próximos seis meses.

Ao mesmo tempo, uma percentagem substancial de bancos continuou a reportar um impacto negativo através dos volumes, embora tenha constatado que o aumento das margens compensou o efeito do volume, resultando numa percentagem elevada de bancos a reportar um impacto positivo na margem financeira e na rendibilidade global.

Por outro lado, os bancos comunicaram impactos globalmente inalterados nas receitas líquidas de taxas e comissões e nas perdas de capital, que se refletiram numa evolução semelhante das receitas não relacionadas com juros dos bancos.

"Os bancos da área do euro esperam que o impacto líquido acumulado das decisões do BCE relativas às taxas de juro sobre a rendibilidade dos bancos diminua ao longo dos próximos seis meses", diz o inquérito, enquanto os bancos esperam também um impacto negativo adicional, embora menor, sobre os volumes.
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