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Banca com lucros históricos "devia ter tido maior contenção"

Os lucros excecionais da banca portuguesa em 2023 são "devidos e legítimos", mas devia ter havido "maior autocontenção", defende Gonçalo Moura Martins. "A banca voou alto, assegurou com esta rendibilidade a regeneração necessária e agora vai aterrar adequadamente", afirma António Ramalho. Novo episódio do podcast Partida de Xadrez vai para o ar esta segunda-feira.

Negócios jng@negocios.pt 24 de Março de 2024 às 12:00

Os resultados históricos obtidos em 2023 pelos cinco maiores bancos portugueses, impulsionados pela escalada da margem financeira,  são "devidos e legítimos", afirma Gonçalo Moura Martins, que entende no entanto que "devia ser exigível à banca maior autocontrole em duas dimensões: o crescimento das taxas de juro passivas (remuneração dos depósitos) e o nível de comissões que cobra aos clientes".

O responsável critica a lentidão com que as instituições financeiras portuguesas subiram as taxas dos depósitos, contrastando com a rapidez com que aumentaram os juros nos empréstimos.

No quinto episódio do podcast Partida de Xadrez, que vai para o ar esta segunda-feira no site do Negócios e nas principais plataformas, António Ramalho recorda que os cinco maiores bancos – Caixa Geral de Depósitos, Millennium BCP, Santander Totta, BPI e Novo Banco - tiveram 4,308 mil milhões de euros de lucro no ano passado, quando em 2013 as mesmas instituições anunciavam prejuízos de 1,150 mil milhões.

"Os bancos conseguiram sair de uma situação de prejuízos acumulados para serem hoje um exemplo de rendibilidade em toda a Europa", diz o gestor, defendendo que depois de ter visto a sua imagem pública prejudicada por circunstâncias específicas "a banca vai ter de continuar a fazer o trabalho de reabilitação aos olhos da população, o que passa por alguma contenção".

 

"Tenho pena que a banca não tenha aproveitado este momento para antecipar custos futuros, assegurar investimentos necessários – nomeadamente tecnológicos - e sobretudo manter provisões muito cautelosas", diz ainda.

Para António Ramalho, "a banca voou alto, assegurou nesta rendibilidade a capacidade de regeneração que era necessária e agora vai aterrar adequadamente e deixar os passageiros satisfeitos pela jornada que foi necessária fazer, e que encerra um período que começou em 2010 e termina em 2023".


Elogiando "a capacidade de regeneração e de gestão dos bancos", o antigo CEO da Mota-Engil deixa ainda o alerta que "a banca já está a descer taxas [dos depósitos]". "Quando não existe ainda uma clareza grande relativamente às taxas de juro ativas, porque é que já estão a descer ativamente as taxas de juro passivas?", questiona.

Apesar de uma inevitável redução da margem financeira dos bancos em 2024, Moura Martins acredita que este "vai continuar a  ser um bom período para o setor bancário".

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