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Alojamento tem 63% do crédito sob moratória

O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, revelou esta quarta-feira que o setor do alojamento turístico tem cerca de 3.500 milhões de euros de crédito sob moratória. O ministro crê que "haverá muitas alternativas de reestruturação que não vão precisar da garantia pública".

Siza Vieira afirma que “já aprendeu” que não deve dar uma data, mas acredita que há condições para pagar o apoio “nas próximas semanas”.
José Sena Goulão/Lusa
04 de Agosto de 2021 às 13:18
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O setor do alojamento tem cerca de 63% do crédito sob moratória, o que se traduz em cerca de 3.500 milhões de euros, revelou esta quarta-feira o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira. No total, os setores mais afetados pela crise pandémica têm cerca de oito mil milhões de euros em crédito sob moratória. 

Num webinar promovido pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), que pretendia esclarecer os detalhes do Plano de Ação "Reativar o Turismo | Construir o Futuro", apresentado pelo Governo em junho, o ministro da Economia afirmou que, apesar do volume de crédito sob moratória, o setor terá "muitas alternativas de reestruturação que não vão precisar da garantia pública".

A garantia pública é a solução apresentada pelo Executivo para o fim das moratórias bancárias, a 30 de setembro. O Estado dará uma garantia de 25% à dívida sob moratória se os bancos e as empresas acordarem a prorrogação do prazo da dívida. A garantia estará condicionada ao alargamento da carência de capital de pelo menos seis meses, e à prorrogação do prazo remanescente da dívida pré-moratória em mais 50%, com o mínimo de um ano. 

"Vamos acrescentar mais tempo para as empresas poderem reembolsar as suas dívidas. O programa visa assegurar que empresas não estão em incumprimento mas que poderiam vir a estar com o fim das moratórias, beneficiem deste alargamento das maturidades", resumiu. 

O ministro adiantou que os bancos já começaram a fazer chegar as estimativas sobre as carteiras de crédito sob moratória que vão precisar do apoio. "Os números estão em linha com o que íamos estimando", ressalvou. O setor do alojamento turístico é o que tem maior stock de dívida que deverá beneficiar do apoio. 

Questionado sobre um possível custo desta medida para as empresas, Siza Vieira adiantou que terá de ser cobrada uma comissão de garantia, que deverá ser de 0,25%. "É uma condição dos auxílios de estado. É um nível bastante reduzido", considerou o ministro. 

Além das moratórias, o apoio às empresas inclui ainda o prolongamento do apoio à retoma progressiva "por um período definido, até ao Governo concluir que o impacto da pandemia sob a procura já foi ultrapassado". O regime deverá durar "menos até ao final do ano". 

Os programas de capitalização de empresas que o Governo anunciou em julho também se inserem nos apoios ao turismo em vigor. O ministro lembrou que o fundo de capitalização de empresas terá uma dotação inicial de 1300 milhões de euros, que vão dividir-se em duas vertentes: "ajudar a recapitalização no âmbito do quadro de auxilio de Estado e ser um volante para capitalização em processo de crescimento ou internacionalização". 


O Governo prevê discutir com Bruxelas a política de investimento do fundo de recapitalização em agosto "para poder disponibilizar os programas em setembro ou outubro". 


Receitas do turismo devem crescer 10%

As perspetivas do Governo para o setor do turismo apontam para um crescimento das receitas turísticas na ordem dos 10% face a 2020, para os nove mil milhões de euros. "São números ainda reduzidos que precisamos de recuperar. Não estimamos que a procura recupere antes de 2023". No que toca à economia, as previsões do Governo apontam para um crescimento possível de 5% em 2021. 


"Percebemos que vamos necessitar de fazer ajustes à oferta turística", sublinhou o ministro. Dando o exemplo da Madeira, revelou que apesar de a procura estar elevada, "há uma maior penetração da venda direta e menor dependência de terceiros", o que "implica uma reconfiguração do modelo de negócio das empresas". 

Nesse sentido, foi reservado no PT 2030 "um conjunto considerável de verbas para o apoio à digitalização ou à sustentabilidade" das empresas, revelou. 

Em paralelo, o Governo mantém a ideia de abrir o fundo de investimento imobiliário de apoio às empresas a investidores institucionais. "Queremos ver se conseguimos oferecer às empresas do setor turístico a oportunidade de fazer operações de sale and lease back no sentido de permitir a melhoria da condição do balanço e da monetização dos ativos". 

Para o ministro, este "é um momento em que começamos a ver o fundo do túnel", apesar de já ter havido "enganos" sobre estas previsões. "Mas neste momento, a contenção dos danos que a doença causa por via do progresso do plano de vacinação em Portugal e nos mercados emissores, permite-nos encarar recuperação com outra confiança". 

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