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7 Graus nem precisa de ser "sexy" para aquecer o Brasil

Empresa do Porto criou e gere três dos sites mais visitados do outro lado do Atlântico, vivendo quase exclusivamente da venda de publicidade on-line

08 de Outubro de 2013 às 12:43
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Rui Marques | O administrador da 7 Graus conta fechar o ano com uma facturação de dois milhões de euros.

 

 

Três dos sites no "top 100" dos mais vistos no Brasil são geridos em Portugal pela 7 Graus, que soma mais de 30 páginas de Internet activas com 40 milhões de visitantes únicos por mês. Fundada em 2005 por três amigos que, "na brincadeira", tinham criado o Olhares.com - entretanto comprado pela Impresa -, a empresa portuense cria as plataformas "on-line", produz conteúdos optimizados para a busca e rentabiliza o tráfego com a venda de publicidade através de redes internacionais, como a Google, que é o maior cliente com quota de 80%.


Entre 80% a 90% dos "seus" cibernautas são brasileiros e navegam sobretudo no "Pensador" - as citações são procuradas por um milhão de pessoas por dia -, no "Jogos 360" e no "dicio.com.br", que é um dos maiores dicionários "online" do outro lado do Atlântico. Ora, uma percentagem semelhante dos anunciantes são também de lá ou querem anunciar para clientes no Brasil, onde o universo é de 95 milhões de utilizadores de Internet.


"O investimento num site para o mercado português ou brasileiro é mais ou menos o mesmo e o retorno não tem nada a ver. Em termos de venda de publicidade na Internet, Portugal tem crescido, mas está relativamente barato por causa da crise nos últimos anos. No caso brasileiro ela tem aumentado imenso. A maior parte dos anunciantes são sites de comércio electrónico, que crescem 10% ao ano e são um conjunto de empresas que têm dinheiro para investir", justificou ao Negócios o administrador da 7 Graus, Rui Marques. O outro sócio, Adriano Frazão, é um brasileiro que já vive há vários anos em Portugal.


A internacionalização arrancou "a sério" ao terceiro ano de actividade, quando perceberam a origem dos visitantes. Hoje têm também um site de jogos e outro de significados para o mercado hispânico - o tráfego chega de Espanha, Argentina, Colômbia e México - e um de jogos para Angola, ainda sem grande expressão. Apesar de faltar o trimestre mais promissor, aquele em que as marcas gastam mais dinheiro a anunciar produtos para o Natal, a previsão é de subir a facturação de 1,6 para dois milhões de euros no fecho deste ano.


A exposição ao Brasil implica que, além de especialistas em áreas diversas, quase todos os 15 "freelancers" sejam nativos brasileiros, como alguns dos 13 que trabalham na sede da empresa, no Porto. Rui Marques apontou que "mais importante do que desenvolver os sites é a produção de conteúdos", esclarecendo o porquê da assinatura "Not sexy and they know it" [não são 'sexy' e sabem disso]. "Não fazemos sites porque são bonitos ou tecnologicamente super-avançados com funcionalidades extremamente complexas. Estamos atentos ao que os utilizadores procuram, à demanda da informação".

 

 

 

Perguntas a Rui Marques, Administrador da 7 Graus

 


"Os nossos sites são violentamente optimizados para os motores de busca"

 

Encaram os utilizadores de Internet como os vossos clientes, embora não vos entreguem directamente as receitas?
Encaramos os utilizadores como o nosso cliente. Tanto [assim é] que quando um anunciante de alguma rede vem ter connosco e quer colocar uma campanha em formato mais intrusivo, nós dizemos que não porque temos de olhar para isto a longo prazo. A curto prazo podemos ganhar muito dinheiro com isso, mas a longo prazo vamos perder esse utilizador. Se tivermos este foco no utilizador, a receita publicitária vem por acréscimo, ela virá de certeza absoluta.


Qual é o vosso factor crítico de sucesso?
Os nossos sites são violentamente optimizados para os motores de busca, de onde vem 90% do nosso tráfego, essencialmente do Google. Desde a configuração técnica do servidor, à optimização técnica do site e aos conteúdos.


Porque é que praticamente só fazem páginas de Internet em português?
A vantagem da língua é extraordinária. Já viu a vantagem de termos tantos falantes de português? Um inglês ou americano entrar [nestes mercados lusófonos] não é tão fácil quanto é para nós. Temos tantas ideias, tantos projectos em carteira, que até esgotarmos isso e virarmo-nos para outras línguas vai demorar tempo. E, como somos fanáticos da forma como trabalhamos, não é fácil avaliar e optimizar o trabalho de alguém que produz conteúdos numa língua que não dominamos. Além disso, queremos dar um passo de cada vez. Podíamos pensar no mercado alemão e contratar 20 pessoas nativas para replicar o que fizemos noutros países. Tínhamos capacidade para isso.


E não pensam replicar em língua inglesa aqueles portais de sucesso já testados?
Quando o fizermos, estaremos a competir com o mundo inteiro porque o mundo inteiro faz sites em inglês.

 

 

 

Ideias-chave

 

 

O projecto começou com uma "brincadeira" de amigos, que o grupo Impresa levou a sério e decidiu comprar

 

1 A paixão começou com uns "Olhares"
A 7 Graus foi fundada em 2005 porque o crescimento do site Olhares.com precisava de um "suporte mais profissional". Em 2008, 51% do capital foi adquirido pelo grupo Impresa (dono da SIC e do "Expresso"), que foi aumentando a participação até a 7 Graus deixar de ser accionista e administradora, em Janeiro de 2013.

 

2 Dois novos projectos por mês
A empresa tem mais de 30 sites activos, que recebem no total 40 milhões de visitantes únicos por mês e entre 80% a 90% do tráfego é brasileiro. No total, a empresa tem perto de 250 domínios registados, embora muitos não tenham qualquer site associado. Ultimamente tem lançado, "no mínimo", dois novos sites por mês.

3 Leilão no Natal aumenta preços
Após crescer mais de 50% em 2012, conta fechar este ano com uma facturação de dois milhões de euros. No Natal, aumenta a procura dos anunciantes e, embora não vendam mais tráfego, o sistema de leilão permite "vendê-lo mais caro".

 

4 Recrutamento aberto
Emprega 13 pessoas no escritório do Porto e conta mais 15 em regime "freelancer", quase todos brasileiros. Estão abertos processos de recrutamento para produtores de conteúdos, programadores e webdesigners.

 

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