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EUA perdem com o Mundial de futebol mesmo sem jogarem

Foi muito mau para os norte-americanos a selecção de futebol não se ter classificado o Mundial de Futebol na Rússia. Para piorar, a competição pode ter aumentado os custos de financiamento do Tesouro norte-americano nos leilões realizados esta semana.

07 de Julho de 2018 às 11:00
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As vendas de títulos do Tesouro dos EUA a três meses e quatro semanas, na segunda-feira, atraíram a procura mais baixa desde 2008, se medida pelas ofertas dos investidores em relação ao total emitido. Em resultado, a taxa de juro que o Tesouro teve de pagar foi maior do que a indicada antes dos leilões. Numa nota que resume o mau resultado da operação, Thomas Simons, do Jefferies, sugeriu que "o jogo simultâneo entre Brasil e México, no Mundial, pode ter tido um impacto negativo na participação do leilão".

 

À primeira vista, parece uma maneira muito conveniente de explicar um mau resultado. Afinal, como escreveu Robert Burgess, nada é tão impensável para os investidores quanto um leilão do Tesouro fracassado. E a carga nem era das grandes - os EUA leiloaram apenas 35 mil milhões de dólares em títulos a 4 semanas, contra 65 mil milhões de dólares em Março.

Mas os especialistas do Citigroup tentaram provar a teoria de que o Mundial está a influenciar os mercados de títulos em todo o mundo. E os resultados, que eliminam sazonalidades na tentativa de criar uma comparação justa, são muito convincentes.

Usando os mercados de futuros para títulos a 10 anos do Tesouro dos EUA e bunds alemães, David Bieber e Kim Jensen descobriram que os custos de execução aumentaram 5% a 20% durante os desafios do Mundial. Comparando com os valores de referência, o volume de negociação de títulos do Tesouro caiu 29% durante o Mundial. A profundidade do mercado de bunds retrocedeu 32% em relação à média, o que deixa implícita uma menor liquidez.

Os analistas do Citigroup descobriram que o Mundial gera mais "distracção" para os traders europeus - o que não é exactamente uma surpresa, considerando a popularidade maior do desporto e a saída precoce da Alemanha.

 

A relação entre a procura e a oferta (bid-to-cover ratio) para títulos dos EUA com maturidade de quatro semanas atingiu o pico mais recente a 12 de Junho, dois dias antes de a Rússia e a Arábia Saudita darem início à competição. Ninguém atribuiria a culpa pela queda das três semanas seguintes apenas ao Mundial, mas com esse factor combinado ao final do mês, ao fim do trimestre e a uma programação de leilões condensada devido ao feriado de 4 de Julho nos EUA, é fácil ver como a falta de interesse dos investidores pode não ser necessariamente um presságio.

Além disso, a profundidade do mercado e o volume caíram de forma similar durante o Mundial de 2014. Talvez os operadores estejam simplesmente a aceitar o conselho do Citigroup: "Desfrute do espectáculo do futebol ou pague custos de execução mais altos".

(Texto original: 
U.S. Loses at World Cup and It’s Not Even Playing)

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