Os “galácticos”, que foram a primeira equipa desportiva do mundo a ultrapassar a barreira dos 500 milhões de euros de receitas anuais, registaram um aumento das receitas de 1,3% na última temporada, o que se traduziu numa quantia recebida de 520,9 milhões de euros, segundo noticia o “Financial Times”.

O EBITDA, ou seja, o resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações do clube desceu 2,4% para 150,2 milhões de euros, enquanto o resultado operacional foi de 55,7 milhões e o lucro líquido de 36,9 milhões. A dívida foi cortada em 27,4% para 90,6 milhões, e o rácio de custos com empregados face às receitas subiu 47,2%.

A aquisição de Bale vai ter um grande impacto nas finanças do Real Madrid, mesmo com a venda de outras estrelas, algo raro na história recente do clube. A transferência do galês de Londres para Madrid levou o Real Madrid a encabeçar a lista dos clubes que mais gastaram nesta época, qualquer coisa como 180 milhões de euros.

Para contrabalançar, o clube procedeu à venda de jogadores como Özil, Higuaín, Albiol e Callejón, que renderam 115 milhões de euros. A dispensa de Kaká, sem qualquer contrapartida financeira, terá um grande impacto na folha salarial do Real Madrid.

A capacidade do Real Madrid em realizar transferências avultadas e em conseguir pagar salários altos sempre gerou suspeitas e controvérsia no mundo do futebol, especialmente agora, numa altura em que as finanças dos clubes estão sob o escrutínio da UEFA. Ainda assim, o fácil acesso ao crédito dos bancos por parte de Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, permitiu ao clube quebrar sucessivamente os seus próprios recordes de transferências.

A história e a reputação do clube são inquestionáveis, o que lhe permite definir preços muito elevados pelos direitos comerciais e de televisão. Em conjunto, o Real Madrid e o Barcelona recebem mais de 40% dos direitos televisivos da liga espanhola, o que tem gerado muitas críticas por parte dos adversários.

A publicidade da Emirates Airline, nas camisolas do Real Madrid, renderá ao clube 150 milhões de euros nas próximas cinco épocas, um contrato que apenas é suplantado pelo do Manchester United com a Chevrolet.

Contudo, este sucesso financeiro está sob investigação da Comissão Europeia, devido ao facto de o clube beneficiar de um estatuto fiscal diferenciado, concedido pela cidade de Madrid. Juntamente com o Barcelona, Osasuna e Athletic Bilbao, o Real Madrid é considerado uma cooperativa, o que lhe permite ter o estatuto de uma organização sem fins lucrativos, e, por isso, ter acesso a uma carga fiscal muito mais baixa. Além disso, a construção do estádio, do hotel e do centro comercial fizeram parte de um acordo com a cidade, na década de 90.