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Ouro de Pichardo no triplo salto dá recorde de medalhas olímpicas a Portugal
Pedro Pablo Pichardo conquistou a medalha de ouro no triplo salto em Tóquio. É a 28.ª vez que um atleta português sobe ao pódio olímpico e a quarta nesta edição dos Jogos, superando os resultados de Los Angeles1984 e Atenas2004.
Está encontrado o novo campeão olímpico português, depois de Carlos Lopes (1984), Rosa Mota (1988), Fernanda Ribeiro (1996) e Nelson Évora (2008). Pedro Pablo Pichardo conquistou esta madrugada a medalha de ouro na final do triplo salto nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
O atleta natural de Cuba, de 28 anos, efetuou o seu melhor salto (17,98 metros) à terceira tentativa e bateu o recorde nacional por três centímetros, impondo-se ao chinês Yaming Zhu, com 17,57, e ao burquinense Fabrice Zango, com 17,47, que ficaram com as medalhas de prata e de bronze, respetivamente.
Já está! Portugal soma a quarta medalha olímpica nestes Jogos. Pedro Pichardo venceu o ouro no triplo salto com a marca de 17.98. Dominou a competição desde o início e entregou o quinto ouro ao nosso país em Jogos Olímpicos. Obrigado, Pedro! pic.twitter.com/TCgiRhABOA
— Eurosport Portugal (@EurosportTV_Por) August 5, 2021
Com este triunfo do atleta do Benfica, Portugal chega a um total de 28 medalhas na história dos Jogos Olímpicos de Verão (cinco de ouro, nove de prata e 14 de bronze), sendo que 12 delas foram no atletismo, que proporcionou os cinco títulos olímpicos. Esta é também a quarta medalha nesta edição que acabou por ser adiada por um ano devido à pandemia de covid-19.
O ouro no triplo salto masculino em Tóquio – depois da prata de Patrícia Mamona na prova feminina da mesma modalidade e do bronze alcançado por Jorge Fonseca no judo e também por Fernando Pimenta na canoagem – faz com que Portugal supere igualmente os resultados alcançados em Los Angeles1984 e Atenas2004, edições em que subiu três vezes ao pódio.
"Agradecer" com medalhas
Esta madrugada ficou "apenas" por cumprir o objetivo de saltar acima dos 18 metros, como queria, e "bater algum recorde", como mais tarde admitiu. Seja o olímpico, do norte-americano Kenny Harrison (18,09), seja o mundial, do britânico Jonathan Edwards (18,29), ambos dos anos 1990. As celebrações foram comedidas: cumprimentou os adversários, não deu a costumeira volta olímpica, e admitiu mais tarde que iria "celebrar sozinho no quarto", por ter "muita vergonha".
No final, Pedro Pablo Pichardo disse que "este ouro tem um significado muito grande, pois é a única forma que [tem] de agradecer ao país que [o] apoiou desde o primeiro dia" e que o acolheu quando teve de sair de Cuba. "Agradecer com medalhas e bons resultados", desabafou durante a conferência de imprensa no estádio olímpico.
O saltador nasceu em Santiago de Cuba a 30 de junho de 1993 e, desde cedo, mostrou que estava reservado para grandes voos nesta disciplina em que sucedeu a Nelson Évora, campeão em Pequim2008. E sem surpresa, após ter chegado a Tóquio2020 com a melhor marca do ano ao ar livre (17,92 metros) e dominado a qualificação (17,71).
Este foi só mais um dos palcos mundiais a ser conquistado por Pichardo, que se sagrou campeão do mundo de juniores em 2012 e vice-campeão absoluto no ano seguinte. Em 2015 juntou-se ao exclusivo lote de triplistas a voar mais de 18 metros, juntando-se ao recordista mundial Jonathan Edwards, aos norte-americanos Christian Taylor, Will Claye e Kenny Harrison e ao francês Teddy Tamgho.
Os 18,29 de Edwards são mesmo o desafio que se coloca a Pichardo, que cumpriu em Tóquio a estreia olímpica, depois de ter ficado afastado do Rio2016, então por decisão dos médicos da seleção cubana, devido a uma microfratura num tornozelo.
Apreciador do Algarve, desertou na Alemanha
Pichardo não aceitou bem essa decisão, desentendeu-se com a federação, que não o deixava ter o pai como treinador, que ainda hoje o orienta, e foi suspenso. Em abril de 2017 desertou de um estágio da seleção em Estugarda na Alemanha, rumou a Portugal, onde foi acolhido como refugiado e assinou pelo Benfica, graças à intervenção da responsável pela modalidade, e também antiga saltadora, Ana Oliveira.
O então cubano era a resposta à transferência de Nelson Évora para o rival Sporting e, sete meses depois, em novembro de 2017, naturalizou-se português - um processo que só ficou concluído para a federação internacional em outubro do ano seguinte -, tendo, na estreia com as cores nacionais, sido quarto nos Mundiais de 2019, antes de conquistar o título de campeão europeu em pista coberta de 2021. A "oficialização" da nacionalidade chegou a 13 de novembro de 2017, um dia antes de a filha nascer.
“17,98m de orgulho gigante! Vamos ter o privilégio de ouvir A Portuguesa em #Tokyo2020 porque tu, Pedro Pichardo, foste um colosso no estádio. O país não esquecerá o teu feito. Muitos parabéns e que o teu exemplo de compromisso seja seguido por muitas gerações de atletas.” - ME https://t.co/Avg8085Ude
— Educação PT (@Educacao_PT) August 5, 2021
Um pouco avesso a conceder entrevistas, é apreciador do Algarve, que lhe faz lembrar a sua terra natal, e de comida portuguesa, à exceção do tradicional bacalhau.