O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, disse hoje que as negociações entre o clube e os bancos credores, BCP e BES, continuam. O recém-eleito dirigente marcou uma conferência de imprensa, primeiro para as 12h mas que se realizou apenas às 18h, para reagir às notícias que davam conta de um fim destas conversações.

“Continuamos em negociações com os nossos parceiros financeiros. As negociações vão continuar”, assegurou o presidente do Sporting na sua intervenção. O empresário afirmou estar “convencido” de que “nenhuma parte vai terminar satisfeita”.

Segundo foi avançado pelos meios de comunicação social, a banca está disposta a ceder 40 milhões de euros para os cofres verdes e brancos mas a direcção leonina acredita que só com um montante mais próximo dos 80 milhões é que será possível assegurar a estabilidade das suas contas até ao fim da próxima temporada. Os valores não foram confirmados pela direcção, que não pode falar por dever de sigilo.

Não há prazo para que estas negociações terminem mas Bruno de Carvalho acredita que, “com bom senso”, chegarão ao fim “rapidamente”. “Sem bom senso, vão continuando”. O líder leonino rejeitou a ideia de que as posições assumidas pelos bancos e o clube estejam “extremadas”. A prova, disse, era a de que as conversações se mantinham.

Questionado sobre o facto de o BCP ter decidido que não iria aumentar a exposição aos clubes de futebol, noticiado há semanas pelo Negócios, Bruno de Carvalho respondeu que esperava que esta fosse uma “não notícia”, acrescentando apenas que as negociações ainda estão a decorrer.

O presidente dos leões voltou a dizer que a situação financeira do clube é “complicada” embora tenha defendido que tal ideia “não é uma novidade”. Sobre os empréstimos à banca, Bruno de Carvalho defendeu que “tudo foi dado como garantia”.

O presidente leonino relembrou, na conferência, que se mantém comprometido com os pontos que norteiam a reestruturação financeira em curso. A fusão da SPM (Sporting – Património e Marketing) com a SAD (sociedade anónima desportiva) está “pensada”, “preparada”. “Falta terminar as negociações”, concluiu. O presidente disse que o seu plano contempla a expectativa de que, retirando a dívida, o grupo resultante desta fusão dará já lucros no próximo ano.

Auditoria é mesmo para avançar

“Não está em cima da mesa, como não podia estar, nenhum perdão de dívida”, garantiu Bruno de Carvalho. O presidente adiantou que em causa está, “claro que sim”, a renegociação dos empréstimos para uma extensão das maturidades (para que tenha de pagar os empréstimos num horizonte mais longíquo).

Bruno de Carvalho anunciou que a auditoria à gestão do clube vai mesmo avançar. E reforçou essa ideia várias vezes. “A auditoria será feita. Ponto”. Alguns jornais escreviam hoje que a banca não queria que esta análise às contas leoninas seguisse em frente – o que não foi confirmado por Alvalade.

Numa conferência de imprensa em que os sócios puderam participar – tendo feito várias ovações ao longo da intervenção do líder dos leões e lançado apupos aos jornalistas –, Bruno de Carvalho não confirmou nem desmentiu se tinha ameaçado com a sua demissão na negociação caso os credores financeiros não aceitassem a sua proposta. “Nem tudo o que é noticiado é notícia”, foi a resposta dada. O Negócios avançou esta ameaça de demissão nas negociações sobre a reestruturação financeira do clube, tendo confirmado tal informação junto de bancos.

Investidores só depois da reestruturação

Só depois desta reestruturação estar concluída é que se falará em Alvalade da entrada de capital privado. “Os investidores nunca foram um problema na reestruturação”, referiu o presidente da equipa treinada por Jesualdo Ferreira.

“Nenhum investidor colocará um cêntimo no Sporting Clube de Portugal sem a reestruturação estar feita”, afirmou.

(Notícia actualizada às 20h24)