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Participada espanhola da Mota-Engil pede proteção contra credores
A Duro Felguera, na qual a Mota-Engil detém uma participação, avançou quarta-feira com um pedido de proteção contra credores. As ações da empresa espanhola encontram-se suspensas há duas semanas.
A Duro Felguera, empresa espanhola na qual a Mota-Engil detém uma participação de cerca de 12%, avançou na quarta-feira com um pedido de proteção contra credores, comunicou a companhia espanhola à CNMV, regulador dos mercados no país vizinho.
A Duro Felguera indica que recorreu a este expediente para negociar com os seus credores um plano de reestruturação do grupo que "permite a sua viabilidade futura e a conservação do máximo de postos de trabalho possível".
A empresa refere que a negociação com os credores permitir-lhe-á desenvolver "as atuações oportunas para tentar encontrar uma solução para os litígios que enfrente, particularmente os que envolvem o projeto de Djelfa, na Argélia".
A Duro Felguera assegura que irá continuar com a sua atividade normal e a desenvolver os projetos em curso.
As ações da empresa encontram-se suspensas de negociação há duas semanas e já consumiu os 120 milhões de euros que a estatal Sepi, gestora das participações do Estado espanhol, injetou, bem como os 90 milhões colocados pelo mexicano grupo Prodi, em conjunto com a Mota-Engil México. Assim, a Duro Felguera apenas dispões de fundos para os gastos correntes e com apenas seis milhões de euros em caixa antes de pagar os salários de dezembro, no montante de 14 milhões, refere o El Economista.
A empresa enfrenta vários litígios, o mais relevante dos quais com a argelina Sonelgaz, que reclama 413 milhões de euros por incumprimento na construção de uma central térmica.
Numa nota interna enviada aos seus trabalhadores a que o El Economista teve acesso, o CEO da empresa, Eduardo Espinosa, indica que vai ser desenhada "uma estrutura empresarial viável, que proteja os interesses da Duro Felguera e dos seus trabalhadores".
Entre os principais credores conta-se a Sepi, a quem a Duro Felguera deve 120 milhões de euros, que, segundo a nova lei espanhola cujo pagamento apenas pode ser adiado e não serem perdoados parcialmente.
A Sepi e os bancos com créditos junto da empresa já tinham aceitado adiar pagamentos no valor de 12 milhões de euros até janeiro.
Por outro lado, a moratória que permite a empresas com um património líquido negativo não ter de avançar para processos de reestruturação finda a 31 de dezembro. Esta moratória, criada devido à pandemia da covid-19, evitou que a Duro Felguera fosse obrigada a pedir a dissolução apesar do saldo negativo de 94,5 milhões de euros.
Na primeira metade do ano a empresa registou prejuízos de 26 milhões de euros.
As contas, contudo, serão bastante penalizadas após a CNMV ter obrigado a Duro Felguera a inscrever provisões de 100 milhões de euros na sequência do processo instaurado pela Sonelgaz.