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Odebrecht pede proteção contra credores
A Odebrecht, construtora brasileira envolvida no escândalo Lava Jato, pediu em tribunal proteção contra credores, visando reestruturar 11,6 mil milhões de euros de dívida.
Já se tinha voltado hoje a falar nessa possibilidade, e foi agora confirmada pelas agências noticiosas Reuters e Bloomberg: a Odebrecht pediu proteção contra credores ao abrigo da lei de falências. O pedido foi feito em tribunal e a construtora brasileira visa reestruturar 51 mil milhões de reais (11,6 mil milhões de euros) de dívida.
A empresa, envolvida no escândalo de corrupção Lava Jato, há muito que se debate com problemas de financiamento, tendo mesmo já vendido ativos para escapar a um processo de incumprimento. Mas não foi suficiente e agora recorreu à justiça na tentativa de conseguir reestruturar a sua dívida.
Esta será uma das maiores reestruturações de dívida por via da justiça na América Latina, sublinha a Reuters.
As obrigações emitidas pela Odebrecht têm negociado há bastante tempo em níveis muito baixos, com a dívida perpétua a transacionar atualmente em torno dos 6 cêntimos de dólar.
Na passada sexta-feira, 14 de junho, a Caixa Econômica Federal, um dos grandes credores da Odebrecht, deu andamento à execução de garantias de dívidas da construtora, apurou o Estadão/Broadcast.
As garantias que estão a ser executadas, declararam três fontes ao Estadão/Broadcast, estão relacionadas com dívidas do Itaquerão, estádio do Corinthians. A Bloomberg, por seu lado, indica que a Caixa Econômica Federal executou já as garantias sobre o estádio de futebol Arena Corinthians, desencadeando assim um "default cruzado".
No dia 4 de junho terminaram, sem acordo, as conversações para a venda da posição maioritária da Odebrecht na Braskem, que é vista como a jóia da coroa para o conglomerado da construção, do petróleo e do gás. Este negócio poderia ter trazido a tão necessária injecção de dinheiro no grupo, frisa a Bloomberg.
"A execução [de garantias de dívidas da construtora] corre em segredo de Justiça, como desdobramento da pressão que o banco público tem vindo a fazer contra o grupo desde o pedido de recuperação judicial da Atvos, seu braço de açúcar e álcool", segundo o Estadão/Broadcast.
A mesma fonte brasileira salientou que a empresa tem dívidas de 70 mil milhões de reais (16 mil milhões de euros) e que começou a ficar "sem opções para escapar a uma recuperação judicial – processo que os executivos e acionistas do grupo têm evitado ao máximo".
Uma outra recuperação judicial de envergadura é a da operadora brasileira Oi, detida em cerca de 5% pela Pharol.