Notícia
Lucros da Mota-Engil sobem 69% para 41 milhões em 2022
O volume de negócios do grupo superou os 3,8 mil milhões de euros que o seu plano estratégico previa para 2026 . Já a carteira de encomendas somava no final de 2022 12,6 mil milhões, a maior de sempre. Para este ano, a Mota-Engil prevê crescer 20%.
A Mota-Engil registou no ano passado um resultado líquido de 41 milhões de euros, o que significa um aumento de 69% face aos 24 milhões obtidos em 2021.
De acordo com os resultados anuais da empresa agora liderada por Carlos Mota dos Santos, divulgados na madrugada desta quarta-feira em comunicado à CMVM, o volume de negócios atingiu 3.804 milhões de euros, mais 47% face aos 2.592 milhões registados em 2021, o que representa um máximo histórico para o grupo, que antecipa para 2022 o valor que o seu plano estratégico previa que fosse alcançado apenas em 2026
O EBITDA somou 541 milhões de euros, superando pela primeira vez o marco de 500 milhões, o que representa um crescimento de 31% face aos 412 milhões apurados em 2021.
No comunicado, a Mota-Engil refere ainda que no ano passado, em que Gonçalo Moura Martins era ainda o CEO, a redução da dívida líquida foi de 17% para 939 milhões de euros, ou seja, o menor valor dos últimos cinco anos.
Já o rácio da dívida líquida/EBITDA era no final de 2022 de 1,7x, "com o crescimento operacional, foco na rentabilidade e melhoria do desempenho financeiro", explica o grupo, acrescentando que este era também um objetivo previsto ser alcançado em 2026.
O grupo terminou também o ano passado com uma carteira de encomendas de 12,6 mil milhões de euros, o que é também o maior valor de sempre, e cerca de 67% acima da que detinha no final de 2021, quando somava 7.553 milhões.
Destes 12,6 mil milhões de euros, 12,1 mil milhões dizem respeito à área de engenharia e construção. E destes, 44% dizem respeito a projetos na ferrovia, 33% estradas e outros, 15% engenharia industrial e 8% construção civil.
Europa recua, mas Portugal cresce
Por áreas de negócios, a Mota-Engil salienta o crescimento de 57% no negócio de engenharia e construção, impactado pelo crescimento em África e América Latina, onde registou aumentos de 44% e 145%, respetivamente.
Já na Europa a atividade reduziu-se em 16%, para 510 milhões de euros, impactada pela alienação do negócio na Irlanda e Reino Unido no primeiro semestre e pela estratégica redução de exposição à Polónia (menos 30%) em função do conflito na Ucrânia, explica.
No mercado português, revela, o crescimento foi de 5%, o que representou 72% da faturação no continente europeu.
Em termos de EBITDA, o grupo obteve nesta área de negócio na Europa 40 milhões de euros, menos 5% do que há um ano.
Em África, o volume de negócios aumentou para 1.183 milhões de euros, "com a grande maioria dos mercados a crescerem a dois dígitos, e com os negócios de engenharia e construção e de serviços industriais a crescerem 40% e 54%, respetivamente, mantendo-se Angola e Moçambique como os mercados de referência, a par de outros como a Nigéria, Costa do Marfim, Ruanda e Guiné-Conacri, como os mais relevantes em África em 2022", refere. Nesta região, o EBITDA cresceu 30% para 225 milhões de euros.
Na América Latina, o grupo Mota-Engil aumentou o seu volume de negócios para 1.519 milhões de euros e o EBITDA somou 146 milhões de euros, tornando-se a região com o mais elevado contributo para o volume de negócios do grupo.
O México voltou a ser o maior mercado do grupo em faturação (seguido de Portugal e Angola), com um crescimento de 197%. Já no Peru o acréscimo foi de 85%.
Ambiente: grupo adquire posição da Urbaser
No negócio do ambiente, a Mota-Engil salienta o crescimento de 26% no volume de negócios, atingindo 556 milhões de euros, suportado essencialmente no crescimento da atividade internacional (mais 43%) e do segmento de tratamento (mais 26%). Já o EBITDA somou 131 milhões de euros, mais 8% do que há um ano.
Nesta área de negócio, o grupo informou também esta quarta-feira sobre a celebração de um acordo com a Urbaser, seu parceiro desde 1995 na SUMA (recolha de resíduos e serviços urbanos), que permitirá ao grupo adquirir a posição de capital de 38,5% detida até agora pelo seu parceiro, passando a deter a totalidade do capital no negócio de recolha e de tratamento, "o que permitirá de futuro promover autonomamente a sua estratégia de internacionalização", explica.
O acordo que dita o fim desta parceria prevê que a Mota-Engil venda a participação de 61,5% no segmento de resíduos industriais.
A conclusão desta operação está prevista em 2023, ainda que condicionada à decisão de não oposição da Autoridade da Concorrência (AdC) entre outras condições precedentes, diz ainda a empresa, frisando que a nova estrutura "vai acelerar a execução do plano estratégico".
Por último, a Mota-Engil Capital, que inclui os ativos fora do "core" de engenharia e do ambiente, tais como os multisserviços e o imobiliário, apresentou uma diminuição de 26% no volume de negócios, para um total de 105 milhões, "influenciado pela venda de alguns ativos no primeiro semestre tal como previsto no plano estratégico", aponta.
O investimento do grupo totalizou 351 milhões de euros, dos quais 61% em investimento de crescimento e em contratos de médio e longo prazo.
Na apresentação das contas, a Mota-Engil sublinha que "o crescimento do volume de negócios e EBITDA conjugado com redução da dívida e recorde da carteira de encomendas potencia a sustentabilidade do grupo, esperando-se crescimento de 20% em 2023".