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Setor dos serviços já perdeu mais de 66 mil milhões de euros devido à covid-19

Os profissionais do setor terciário continuarão a registar quebras médias na ordem dos 44%, pelo menos até abril, o que se poderá traduzir em menos quatro mil milhões de euros mensais, aponta um estudo da plataforma de contratação de serviços locais Fixando.

05 de Fevereiro de 2021 às 12:49
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Ainda que se tenha registado um pequeno crescimento nos meses posteriores ao primeiro confinamento, e que seja expectável que esse crescimento se verifique em 2021 aquando do alívio das medidas deste segundo confinamento, o setor dos serviços continuará em crise por não ter tido espaço para recuperar rapidamente o impacto negativo da pandemia que se fez sentir num primeiro momento.

 

"Estimamos que o primeiro confinamento tenha provocado quebras mensais na ordem dos 880 milhões de euros aos profissionais deste setor, o que, tendo em conta a conjuntura de todo o ano de 2020, se possa ter traduzido numa perda anual superior a 66 mil milhões de euros para o setor dos serviços", concluiu um estudo da plataforma de contratação de serviços locais Fixando, a que o Negócios teve acesso.

 

Segundo este estudo, o setor dos serviços registou quebras mensais em março e abril de 2020 superiores a 89% comparativamente aos dois meses anteriores, tendo a partir de maio, com o desconfinamento, verificado "uma recuperação positiva, tendo mesmo, em julho, atingido uma taxa de crescimento próxima dos valores de janeiro do mesmo ano", realça a Fixando.

 

Contudo, a partir de agosto e setembro, com o regresso ao trabalho, à escola e com o aumento de casos, "a tendência de crescimento reverteu-se e assistimos a uma quebra no crescimento que chega a atingir, em dezembro, valores inferiores a março de 2020", quando se deu o primeiro confinamento, nota.

 

E agora? "Para janeiro de 2021 as expectativas eram altas - o novo ano traz, tradicionalmente, novos projetos e, consequentemente, novas oportunidades de negócio", mas eis que "o segundo confinamento não deu espaço ao setor para recuperar dos meses anteriores e, seguindo-se a tendência do primeiro confinamento", a Fixando projeta que "o setor continuará a registar quebras médias na ordem dos 44%, pelo menos até abril, o que se poderá traduzir em menos quatro mil milhões de euros mensais para os profissionais desta área".

 

"As perdas projetadas, pelo menos até abril, irão impactar a urgente recuperação económica do setor e irão afastar a possibilidade de atingir, ainda este ano, os valores auferidos num contexto pré-pandemia", alerta Miguel Mascarenhas, CEO da Fixando, em declarações ao Negócios.

 

"É, por isso, necessário apostar na recuperação a partir do segundo semestre de 2021, de forma a que no início de 2022 o setor consiga alcançar um saldo positivo e dar continuidade ao crescimento a que foi habituado nos últimos anos", preconiza.

 

Relativamente às expectativas para o setor, "adivinham-se meses difíceis, caso a conjuntura atual se prolongue, com todas as restrições em vigor, algumas empresas poderão não aguentar e fechar por completo, o que, aquando a retoma da normalidade, poderá traduzir-se num desequilíbrio dos mercados", avisa o mesmo empresário.

 

Assim, defende Mascarenhas, "é necessário neste momento, por parte dos profissionais da área, não só um esforço extra para garantir a sustentabilidade dos seus negócios e os postos de trabalho dos seus colaboradores, mas também o reforço sistemático da sua presença online e a continuação do investimento na modernização e adaptação das suas operações à nova realidade que todos vivemos - só desta forma conseguirão sobreviver", conclui.

 

Voltando ao estudo, a Fixando avança que, "caso as medidas sejam aliviadas, a partir de maio, será possível assistirmos a um crescimento na ordem dos 69% que permitirá, ainda que lentamente e com algumas quebras típicas da sazonalidade, recuperar dos meses anteriores", considera.

 

Eventos em situação "dramática", casa e animais em recuperação

 

Projeta também que, à semelhança de outros anos, e com a continuação das restrições nos eventos, "se registará uma quebra na ordem dos 25% entre novembro e dezembro de 2021".

 

Ainda assim, ressalva, "o ano de 2021 não permitirá regressar aos valores pré-pandemia, projetando-se que, num cenário otimista, o saldo anual fique cerca de dois mil milhões de euros abaixo dos valores registados em anos anteriores".

 

Por subsetores analisados, para o de eventos, onde a queda do negócio "é dramática", a Fixando estima que em dezembro de 2021 esta área de atividade registe perdas na ordem dos 890 milhões de euros.

 

Já para o de serviços para a casa, o mesmo estudo projeta que "as quebras durante um segundo confinamento seja recuperáveis a partir de março, ultrapassando, logo em julho de 2021, os valores positivos de crescimento pré-pandemia".

 

Quanto ao subsetor das aulas, prevê que "estabilize a partir de março e consiga recuperar, ainda que muito ligeiramente, em maio, altura dos exames nacionais", enquanto no de bem-estar, no qual o serviço de psicologia, por exemplo, "registou em 2020 um crescimento de 695% face ao ano anterior", projeta-se "um crescimento rápido após abrir de 2021".

 

Já no subsetor dos serviços para animais, o estudo sinaliza que, "até abril sentir-se-á uma ligeira quebra que será revertida, caso as medidas sejam aliviadas e os portugueses possam ir de férias, até pelo menos julho, onde se poderá atingir uma variação positiva na ordem dos 218% comparativamente aos valores pre-pandemia".

 

Serviços domésticos a saírem do sufoco, deflação atinge assistência técnica

 

Relativamente ao subsetor dos serviços domésticos, cujas receitas registaram "uma quebra na ordem dos 81% entre janeiro e março de 2020, registando-se uma recuperação fortemente acentuada entre maio e junho, na ordem dos 381%", o estudo projeta agora, para um segundo confinamento, que esta área de atividade "continue em queda - ainda que menos acentuada, conseguindo uma recuperação, na ordem dos 164% em maio, face a janeiro de 2021".

 

Finalmente, no caso particular do subsetor da assistência técnica, que é considerado essencial, independentemente das restrições em vigor, "projeta-se que não sofrerá um grande impacto no segundo confinamento, ainda assim, a conjuntura económica poderá provocar uma deflação do preço médio por serviço, sentindo-se, por isso, uma ligeira quebra no volume total estimado de transações".

 

As projeções apresentadas pela Fixando, garante a empresa, teve como base os valores disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) relativamente ao setor dos serviços em 2018, considerando que o valor de uma série de subsetores selecionados, como os de casa, eventos, bem-estar, ou assistência técnica, ascenda aos 98 mil milhões de euros de transações anuais.

 

A Fixando refere, ainda, que os dados recolhidos para este estudo tiveram em consideração o valor estimado de vendas no setor e nos seus subsetores através da análise da atividade de "mais de 90 mil profissionais e clientes" que garante ter na sua plataforma.

 

Apesar do ambiente geral de crise que se sente em todas as áreas devido à pandemia e às restrições ao trabalho por esta impostas, o CEO da Fixando considera que "existe um espaço no mercado online para o setor dos serviços que pode - e deve - ser explorado e conquistado pelos profissionais".

 

Ao fazerem-no, defende Miguel Mascarenhas, "conseguirão estabelecer um novo canal de aquisição de clientes para apresentarem e prestarem os seus serviços sem estarem dependentes das distâncias físicas, viabilizando os negócios a longo prazo, fora dos modelos tradicionais, e indo de encontro às alterações que temos presenciado nos hábitos dos consumidores e que se manterão no futuro", remata, em entrevista ao Negócios.

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